Perder não é opção!


Artigo escrito por Bruno Maciel

Caro leitor, tenho uma confissão para fazer.... Tenho mau perder! Não gosto de perder. Ponto! E ficar em 2º lugar? Depende, somos só 2 jogadores? Então, não aceito! Mas, ficar em 2º lugar num jogo com 3 ou 4 jogadores não é perder? Hmmm, até é e não gosto, mas há o “perder” e o PERDER.

Confesso que me irrita perder, mas sabem o que me irrita mais? Aquela pessoa que acabou de perder e, com um sorriso de orelha a orelha, diz: “Eh… é-me igual, perder ou ganhar é desporto!” – Como?!? É desporto? Sabes o que acabaste de me fazer? Desvalorizaste a minha vitória!!!

Vá, nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Não gosto de perder, mas não se assustem, perco mais do que ganho. E, até ao momento, não há registos de maus tratos ou amizades terminadas!

Falando mais a sério, há que saber estar. Em determinados contextos, perder ou ganhar é pouco significativo (seja por inexperiência das pessoas que estão a jogar o jogo pela 1ª vez ou mesmo pela natureza do jogo que não premeia uma boa estratégia e cujo vencedor é, muitas vezes, encontrado após uma soma de vários eventos aleatórios).

Quero debruçar-me sobre jogos competitivos, que são quase todos. Num hobby que é, na sua larga maioria, representado por pessoas bastante amigáveis e que valorizam a componente socializadora desta atividade, perder ou ganhar deveria e deve importar! Há uma certa etiqueta aqui e perder não é o fim do mundo, mas os jogos hoje são feitos de forma a desafiar o jogador. Desafios esses que podem ser criativos, estratégicos, táticos, etc. O jogo desafia-te a seres o melhor jogador possível e coloca-te numa posição em que não competes apenas contra ti mesmo, mas sobretudo, contra adversários.

Se o jogo tem alguma profundidade e uma duração média/longa, na minha opinião, a componente competitiva ganha força e não é só pelo respeito pelo jogo, mas sim pelo respeito pelos adversários. Faz sentido gastar 1h/2h da minha vida, pensando em estratégias, a reagir a ações dos adversários, a investir numa vitória… se o meu adversário não faz o mesmo?

Não gosto de perder! É um facto! E dependendo do contexto, há momentos em que gosto menos de perder do que noutros! Mas sabem que mais? Se alguém me ganhar, é porque foi melhor que eu e amigos… é saber lidar! Mas, isso é ter mau perder? Não necessariamente! No meu caso, normalmente quero uma desforra, naquele momento ou na semana seguinte. E isso, acreditem, valoriza a competição! O não aceitar que se foi pior que alguém. O acreditar que, tendo uma nova oportunidade para mostrar o meu valor, conseguirei vencer. E sabem que mais? Normalmente, perco novamente!

O que acontece após a derrota? No meu grupo de amigos, o normal é passar-se uma semana em que o vencedor, com uma bazófia a “bater ferrinhos” massacra a cabeça de quem perdeu. Sim, é entre amigos e entre muitos insultos “amigáveis” (não vou dar exemplos para não ferir suscetibilidades), a vontade de nos voltarmos a encontrar e sentarmo-nos à mesa para mais uma Game Night aumenta.

No fundo, a nossa natureza competitiva é o que nos faz gostar tanto deste hobby e rir às gargalhadas! A sensação da derrota não é fácil de gerir. A jogada absurda que se fez e que toda a gente se vai lembrar durante anos, a alcunha que alguém ganhou por perder o jogo “x” ou por perder muitos jogos. As apostas que se fazem antes dos jogos, só para aumentar a tensão e o medo de perder…

Pergunto: como haveria eu de não ter mau perder? A semana seguinte é um “inferno”. Não há quem os ature! Mas, quando ganho… não há quem me segure! É pena a frequência com que isso acontece… E vocês? Como lidam com a derrota? Valorizam a competição? O que é para vocês a competição e a partir de quando esta passa a ser excessiva? Têm alguma história para partilhar?

Pela vossa vida, tentem ganhar… ou não perder! 

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