Bugsnax


Bugsnax não é de todo o que eu esperava que fosse. O que quer dizer muito porque sinceramente foi um título que não me despertou grande curiosidade só pelo trailer. Mas, desde o momento que entrei neste mundo fiquei… deslumbrado!

Aquilo que me parecia ser um jogo com veias de “farming”, apresentou-se com um título com uma narrativa fascinante e puzzles engraçados, que passa bastante por capturar várias criaturas feitas de frutos, Doritos, Pizza, entre outros 100 Bugsnax diferentes, espalhados pelas várias localizações da Ilha Snaktooth.

Nesta estranha aventura, o jogador interpretará o papel de um jornalista que foi enviado para uma ilha misteriosa, em busca da lendária criptozoologista Elizabert Megafig. Acontece que esta exploradora famosa está desaparecida e toda a vila construída pela mesma encontra-se em ruínas sem qualquer habitante nas suas imediações. O objetivo passa assim a ser o de encontrar o total de 12 habitantes desaparecidos pelas diversas regiões e descobrir o que realmente aconteceu por estas bandas. Para ajudar a esta situação, cada antigo habitante desta peculiar vila está super relutante em voltar a morar com os seus, outrora amigos, e é assim necessária executar uma série de tarefas relacionadas, na sua maioria, na captura destes seres coloridos com o nome deste título.


Parece realmente uma viagem meio sem sentido, mas a curiosidade levou a melhor e enrolou-me por completo nestas personagens cheias vida, problemas que se traduzem no dia a dia e uma história com algumas reviravoltas genuinamente boas. O primeiro habitante com quem damos de cara é o Filbo, uma espécie de presidente da vila de Snaxburg, e rapidamente pede ajuda na sua missão de reunir novamente os seus habitantes. Infelizmente ele não é muito bem visto pelos restantes Grumpus o que torna as coisas um pouco mais complicadas.

Como referido anteriormente, a maior parte do tempo em Bugsnax é passado a ajudar os vários residentes da ilha a conseguirem o que querem, para que se sintam confortáveis a regressar a Snaxburg. É assim necessário viajar pela ilha para encontrar o que exatamente pretendem, que passa maioritariamente por alimentá-los com Bugsnax específicos, que fazem com que partes do corpo se transformem no alimento que comeram.

Com um total de 100 Bugsnax diferentes, espalhados entre locais à beira mar, passando pela floresta e até à montanha gelada, capturá-los não é assim tão simples como parece. Existem Bugsnax que têm o seu corpo bastante frio que ao toque e congelam a personagem e todos os animais ao seu redor, ou por exemplo, os que voam ou saltam sendo assim necessário desenhar um plano prévio antes de passar à ação. Sendo este um título que se distancia de qualquer tipo de violência, como é que é possível capturar estas adoráveis delícias? 


Existe um conjunto de ferramentas ao dispor do jogador que começam por ser bastante simples, como um simples armadilha que é colocada no chão e quando chega o momento certo é necessário carregar novamente no botão de ação para esta fechar, mas ficam mais complexas à medida que se avança na história, oferecendo uma variedade de estratégias muito bem vinda. Neste sentido consegue-se sentir um leva brisa do género Metroidvania já que existirão locais e Bugsnax que são impossíveis de capturar no primeiro encontro.   

Embora toda a jogabilidade seja bastante intuitiva e divertida, o que mais me surpreendeu foi mesmo a sua narrativa que vai a lugares muito mais sombrios do que o visual alegre deixa transparecer. Mistura temas como amor, perda, traição, tudo no mesmo saco e abana-o para produzir um sumo que apenas é saboreado no seu total no final da história. E é incrível como puxa desta maneira pelo jogador, mantendo as coisas “family friendly”.

Todas as personagens são maravilhosamente delineadas, desde o seu aspeto físico que pode ser completamente alterado ao longo do tempo, como todo o “voice acting”, que dá ao jogo um estilo diferente de humor para explorar os seus temas. Já que falo neste tema das personagens, Bugsnax não deixou de parte a comunidade LGBTQIA+, já que existe dois casais do mesmo sexo e uma personagem com o pronome they/them.


O estúdio Young Horses está de parabéns por ter pegado num conceito único e o apresentar desta maneira que apesar de todo um humor e diversão que advém da sua jogabilidade, carrega também um peso emocional e humano às costas.  

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PS4, gentilmente cedido pela Popagenda.

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