Assassin's Creed Valhalla


Depois das mais recentes aventuras em épocas ancestrais do Egipto e da Grécia, Assassin's Creed está de volta à Grã-Bretanha, agora acompanhando a chegada dos Vikings ao território no qual acabariam por se estabelecer. Um jogo que marca também a mudança de geração nas consolas, prestes a chegar tanto à Xbox One e PlayStation 4, como para a Xbox Series X|S e PlayStation 5, isto sem esquecer o PC, claro.

Sendo esta uma fase de transição entre consolas, a Ubisoft permite que tanto os compradores da versão PS4 a possam depois continuar na PS5, sem custos adicionais, tal como os jogadores na Xbox One poderão passar o jogo na Xbox Series X|S. Além disso, graças ao recente sistema Ubisoft Connect, mesmo que o jogador mude de plataformas, por exemplo comprar agora para PS4 e mais tarde para uma Xbox, poderá facilmente transportar consigo os dados de gravação entre qualquer uma delas.

Justificará, porém, a mudança de geração? Tendo esta cópia sido testada tanto na nova Xbox Series S, com umas experiências na anterior Xbox One para testar estas funcionalidades, a resposta é um grande SIM. Aquilo que mais rapidamente se nota é a enorme diferença nos tempos de carregamento, mas logo a seguir vem toda a performance. Se na Xbox One o jogo apresenta texturas e modelos cuja qualidade muda visivelmente conforme se aproxima ou afasta a câmara, além de pouca fluidez em toda a apresentação, já na Xbox Series S o jogo é visualmente impressionante e fluido. Mesmo a explorar os cenários a grande velocidade, a distância a que os objectos vão aparecendo no ecrã é muito superior na versão para a nova geração, fazendo desta uma experiência muito mais imersiva.


Uma preocupação que se tem notado ao longo dos títulos mais recentes desta saga está ao nível da sua acessibilidade. Antes de começar a aventura, o jogo apresenta diversas opções, desde a dificuldade dos combates e o nível de furtividade, até à quantidade de ícones a apresentar no ecrã durante a exploração, desde o mais detalhado possível até ao mínimo desejado. Mas as opções vão muito além disso, incluindo controlos personalizáveis, várias opções de legendas e até mesmo a nível de cenas "gore" ou de nudez durante o jogo. Todas as configurações podem ser alteradas a qualquer momento, incluindo até mesmo a personagem principal. Com uma desculpa relativamente credível no jogo em si, o protagonista Eivor tanto pode ser homem ou mulher, podendo também mudar sempre de que o jogador quiser.

Esta é a história de Eivor, mas muito além do género e visual da personagem, é uma história da qual irão fazer parte muitas das decisões do jogador. Na realidade, o jogo começa bastante antes da partida para Inglaterra, dando o contexto da origem do protagonista e o seu passado, até ao "presente", onde a situação política o leva juntamente com o seu clã em busca de um novo território. Tudo isto, além de uma boa premissa para a história principal, vai servindo também como um discreto tutorial de como funcionam as diversas mecânicas do jogo, que tanto tem de exploração, como de combate e interação com as várias personagens.

Ao longo da aventura, muitas das conversas vão trazer consigo várias opções, com as quais se estará a moldar as respostas e empatia dos NPCs. Mas se de uma forma geral esta é só uma forma suave de personalizar a experiência, algumas decisões terão impactos a nível de toda a história, tanto no que diz respeito a aliados e membros da equipa, como a alguns acontecimentos... mas o melhor é não entrar em detalhes para não se estragar a surpresa.


Após aquilo que se pode considerar uma longa introdução, Eivor e o seu clã partem finalmente em direção ao novo território, mas não é que este se encontre deserto. Dividido entre vários reinos, muitos deles instáveis e em conflitos, tanto será preciso invadir territórios e propriedades como estabelecer parcerias, encontrar aliados. Aqui começa a experiência de Assassin's Creed mais "tradicional".

Estabelecido o acampamento, é necessário obter recursos para o desenvolver e, assim, equipar os diversos habitantes das ferramentas necessárias para que possam prosperar. Para isso, Eivor poderá contar com outros guerreiros do clã, que o acompanharão no navio e ajudarão a invadir as povoações em redor, num gratificante sistema de incursões com todos os companheiros a combater contra os guerreiros adversários. O tradicional sistema de furtividade mantém-se neste jogo, havendo muitas ocasiões ao longo de toda a aventura em que será necessário passar-se despercebido, como habitual.

No entanto, estes raids com dezenas de soldados a combater entre si, onde uns ajudam e outros precisam de ajuda, conseguem mesmo fazer destes assaltos uma experiência diferente. Outra novidade peculiar está na gestão do exército. Após alguns upgrades no acampamento, passará a ser possível criar um guerreiro personalizado, partilhável online com outros jogadores. De cada vez que alguém o contratar, irá receber-se em troca uma recompensa monetária. Uma forma interessante de criar uma ligação com outros jogadores naquilo que, de resto, é uma aventura single-player normal.


Fora isso, toda a experiência habitual da série está presente, incluindo toda uma teia de traições e conspirações de membros da "Order of Ancient". Uma imensidão de território a explorar, com pontos de vista panorâmicos a visitar, aldeias para roubar e inimigos para lutar. Há também muitas áreas secretas para as quais vão sendo obtidas pistas, que levarão a segredos ancestrais, incluindo tanto a mitologia viking, como tesouros lendários da Grã-Bretanha... irão os jogadores finalmente desvendar os mistérios de Stonehenge?

Como habitual em Assassin's Creed, todo este mundo, toda a história de Eivor, não passa de uma simulação que alguém está a experienciar a partir do "mundo real" através de uma máquina conhecida como Animus. Esta é uma tecnologia que permite, a partir do ADN de um cadáver, reviver todas as memórias dessa pessoa. É aqui que se encontra a ligação entre os vários jogos, sendo esta uma sequela direta de Assassin's Creed Odyssey, o que poderá deixar alguns jogadores bastante confusos sobre o que afinal se está a passar. Felizmente, esta é só uma pequena parte do conteúdo, em comparação com as dezenas e dezenas de horas que o jogador terá pela frente ao explorar a Grã-Bretanha e uma boa parte da Noruega também.

Um jogo que, além de imenso conteúdo já presente, contará ainda com conteúdos adicionais disponíveis através de um Season Pass que, logo no lançamento, irá incluir uma história adicional dedicada à lenda de Beowulf.


Para quem planeia adquirir uma consola de nova geração, ou então contar já com um PC bastante bem equipado, Assassin's Creed Valhalla oferece um grafismo impressionante, pronto para envolver os jogadores numa imensa aventura, recheada de guerras, mistérios e exploração. Brindemos, então, como um viking: Skål!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Xbox Series S, gentilmente cedido pela Ubisoft.

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