Yakuza: Like a Dragon


Sabiam que a série Yakuza é, no Japão, conhecida como "Like a Dragon"? Melhor ainda, este Yakuza: Like a Dragon, no Japão, chama-se "Like a Dragon 7: Whereabouts of Light and Darkness"! Títulos à parte, numa série que já leva 15 anos, este é um jogo completamente novo, tanto em termos de história como jogabilidade, que acaba de chegar tanto ao PC como às consolas PS4 e Xbox One.

Com uma história nova e idependente do conhecimento da série, Like a Dragon é um bom ponto de partida para jogadores que estejam curiosos sobre este universo Yakuza. Aqui, o protagonista é Ichiban Kasuga, um homem cujo passado está ligado à "yakuza" (a "máfia japonesa"), em busca de um novo começo para a sua própria vida. Alguém que sempre tentou dar o seu melhor, mas nunca teve reconhecimento. Um assumido fã de Dragon Quest, apesar deste ser um jogo da SEGA, que só gostaria de ser um herói.


Para quem gosta de separar as coisas em categorias, a receita deste jogo não irá facilitar. Ao mesmo tempo, é uma história linear com horas e horas de diálogos, um RPG de combates por turnos, um conjunto de minijogos. Tudo isto atirado para dentro de uma wok antiaderente, bem misturado e temperado com piadas, trocadilhos e a dura realidade... servido ainda a ferver!

Sem querer estragar potenciais surpresas aos jogadores, tudo começa com uma típica "origin story", que na realidade se expande ao longo de umas 3 horas até chegar aos dias de hoje. Há uma clara prioridade em toda a narrativa, com longas sequências de diálogos, entre os aparentemente banais, aos realmente emocionais, passado por outros completamente hilariantes. À medida que tudo se vai desenrolando, é impossível não se ficar ligado ao Ichiban.

Se em jogos anteriores da série, o sistema de combate era em tempo real, aqui os combates acontecem por turnos, com todas as caraterísticas habituais de um RPG. Além do protagonista, a equipa irá ter até quatro personagens, cada uma delas com diferentes habilidades e ataques especiais. Sim, que Like a Dragon pode até parecer "realista", mas é tudo menos isso. Só para dar um exemplo, há um ataque especial que consiste em atirar milho a um adversário, que é depois atacado pelos pombos. Subindo a parada, ataques especiais combinados entre personagens são tão rodeados de aura e efeitos especiais que é mesmo caso para dizer... like a boss Dragon!


A famosa expressão "ao início estranha-se, mas depois entranha-se" aplica-se a este jogo em praticamente todas as suas componentes. Até meros inimigos aleatórios que se vão encontrando ao percorrer a cidade conseguem ser hilariantes, mesmo que muitas vezes repetidos, desde os típicos rufias até aos grandes executivos, onde para cada capitalista de sucesso há sempre um subordinado em "burnout".

Mas quem disse que este jogo era só história e porrada? Como um bom cidadão, Ichiban irá recolher lixo que os outros deixam na rua. Nos tempos livres, que tal entrar numa sala de arcadas da SEGA e jogar um bocadinho? Conforme as salas de jogos, há jogos diferentes, como Virtua Fighter 2 ou o Out Run, inteiramente jogáveis dentro do jogo! E por falar em jogos, que tal todo um "Dragon Kart" dentro do jogo? Há disto, e muito mais.

Visualmente, pode não ser um jogo muito impressionante, mas é totalmente consistente e corre sem qualquer problema. Já a banda sonora, para além te completamente integrada no contexto do jogo, está recheada de pormenores deliciosos, como por exemplo quando a personagem sobe de nível e de repente se ouve um tema de 8-bits.


Este título não é, definitivamente, para todos. A história leva o seu ritmo e requer alguma paciência, demorando até a ser algo realmente envolvente, mas recheada de personagens com as quais nos conseguimos identificar. A cidade em si é algo desinteressante de explorar, até se perceber que está recheada de pequenos e deliciosos pormenores. Este é mesmo um daqueles casos em que o esforço acaba por compensar, um jogo que realmente se pode considerar "fora da caixa". Like a Dragon!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Xbox Series X|S, gentilmente cedido pela Microsoft.

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