Tour de France: Season 2019


Análise por André Santos // Parceria Future Behind

Os jogos que representam a prova máxima do ciclismo internacional já vêm, pelo menos, desde o tempo da PlayStation 2 e na altura a Konami era a responsável por trazer o ciclismo até à consola da Sony. Em 2003 foi lançada a edição de centenário do jogo que permitia encarnar o espírito competitivo da Tour na nossa sala, esta edição representava uma grande evolução no título quando comparado com a edição do ano anterior.


Este era o aspeto jogo trazido pela Konami em 2003 para a PlayStation 2. Dez anos depois, em 2013, o jogo já está noutra fase e a editora responsável por fazer com que o jogo chegasse aos entusiastas da Tour através de consolas como a PlayStation 3 era a Focus Home Interactive. Nesta edição, para uma consola mais avançada, é notória a diferença de movimentos da bicicleta bem como o aspeto gráfico dos ciclistas e das paisagens da Tour de France.


Mas hoje estou aqui para falar não dos títulos das gerações passadas, mas do novo jogo que acabou de chegar às consolas da Sony e da Microsoft. Tour de France: Season 2019 faz agora parte do catálogo da editora BigBen Interactive e trata-se do único jogo que traz a emoção da prova para as consolas de última geração. Com uma geração de consolas bem mais poderosa que a anterior e 6 anos depois do exemplo que podem ver ali em cima, será que podemos dizer que o jogo evoluiu e que é agora uma experiência tão realista quanto outros títulos desportivos? Já lá vamos.

Sendo este o primeiro ano que consegui ter a preparação física para pegar no comando da PlayStation 4 e percorrer os percursos da Tour estava um pouco assustado ao início, pois sendo este um jogo de nicho poderia estar pensado apenas para esse mesmo nicho o que dificultaria o meu processo de aprendizagem, mas não... O título acaba por dar as boas vindas aos iniciantes com um seção de treinos onde consegui aprender a controlar a bicicleta, os botões básicos para o trabalho de equipa ou até mesmo a gerir o meu esforço para assim conseguir a acompanhar o pelotão pelo máximo de tempo possível.

Caso tentem ir diretamente para uma das provas o jogo é simpático o suficiente para vos lembrar que ainda não fizeram nenhum treino e que talvez seja uma boa ideia começar por aí. Entrando na prova e começando a pedalar percebi que não ia ser tarefa fácil, pois embora o tempo passe um pouco mais rápido que na realidade uma etapa continua a ter 200KM e andamos a uma media de 50KM/H. Só têm que fazer as contas para perceber que a gestão de esforço é um dos aspetos mais importantes se quiserem triunfar nas etapas da Le Tour.


Para gerir o esforço só têm que ter cuidado com a velocidade a que pedalam, para pedalar mais lentamente basta que apliquem menos pressão no R2. Ao fazer sprints existe uma segunda barra de esforço que vai diminuir rapidamente caso tentem fugir dos restantes ciclistas e que só volta a aumentar caso passem a pedalar a um ritmo lento ou se consumirem um dos suplementos de energia disponíveis durante cada etapa.

Outra das coisas que reparei é que na verdade o jogo não sofreu grandes alterações desde 20013, o trabalho gráfico continua a ter algumas semelhanças ao jogo da PlayStation 3 e existem pequenos pormenores que não podem ser aceites mesmo que se trate de um jogo com um orçamento mais reduzido que os grandes títulos da industria.

Se deixei de lado o trabalho gráfico menos bom e continuei a minha experiência pelas estradas francesas não posso ignorar o facto dos diferentes ciclistas apenas serem distinguíveis pelas diferentes roupas, o tom de pele e a cara é igual para todos os concorrentes da prova o que faz sentir como se estivesse a jogar com vários clones em equipas diferentes... é estranho.

A falta de atenção dada ao jogo é berrante, tendo ainda que referir o facto de ser possível passar pelo corpo de outros ciclistas como se não estivessem lá, as barreiras protetoras na beira da estrada estão lá mas nem sempre funcionam dado que passamos por elas como se fossemos um pequeno fantasma ou ainda a possibilidade de passar a por um carro sem nos desviarmos ou ainda pedalar embutidos em muros. Tudo isto são pequenos aspetos que não deveriam estar presentes num jogo que chegou ao mercado em 2019.


Nem tudo é mau em Tour de France: Season 2019, tenho que destacar pela positiva o facto de podermos desbloquear mais competições para além da prova principal e ir para percursos, por exemplo, no Reino Unido. O jogo apresenta ainda modos de jogo como Pro Team ou Pro Leader onde o objetivo é fazer o papel de manager de equipa e subir nos rankings mundiais ou na segunda opção onde têm que criar o vosso ciclista e completar missões para que possam evoluir de época para época.

De todo os modos de jogo que têm para descobrir em Tour de France: Season 2019 o mais divertido é de longe o modo “Challange” onde têm que competir sozinhos ou contra um amigo em diferentes desafios rápidos. Os desafios podem passar por sprints, descidas ou subidas de montanha, tentar alcançar o topo do pódio quando partem com um atraso de 200 metros ou mesmo melhor tempo em troços específicos. Foi provavelmente o modo de jogo que mais horas tenho, sozinho ou com um amigo este modo de jogo acaba por trazer um pouco de competição ao jogo coisa que não acontece durante o evento principal.

Para além da diversão trazida este modo de jogo acaba por ser também um pouco viciante, vão querer melhorar o vosso tempo ou classificação o que faz com que deem por vocês a repetir determinados desafios até à exaustão.


Tour de France acaba por ser um título para um tipo de jogador muito especifico mas para além disso, como já referi, é o único jogo que traz o ciclismo para as consolas de videojogos (para Windows PC existe Pro Cycling Manager, também da BigBen Interactive) o que faz que mesmo com todos os aspetos menos bons acabe por ser a vossa única opção caso queiram pedalar sem sair da sala.

Tour de France: Season 2019 é o jogo perfeito para os amantes de ciclismo, por isso se gostem de consumir tudo o que existe dentro da modalidade este jogo é para vocês. O nível estratégico e o realismo da gestão de esforço que tem que ser feito durante as provas está fantástico... Mas não passa disto. Caso estejam a olhar para o jogo com curiosidade aconselho a que satisfaçam essa mesma curiosidade com Tour de France: Season 2018 ou então que esperem um pouco mais para se aventurarem na nova temporada da mítica Tour de France.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Upload Distribution.

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