Slender: The Arrival


Slender: The Arrival faria melhor se nem tivesse chegado. A culpa é minha, eu quis o analisar o jogo por ter curiosidade e como esta matou o gato, também eu morri por dentro.

O Slender Man não é um mito urbano ou uma história de terror que se conta à noite, é um meme ou o creepy pasta da Internet, dos fóruns da Something Awful. É uma figura esguia, sem feições faciais e de fato que persegue e rapta pessoas. Se virem o episódio Hush, da Buffy, irão reconhecer a figura.

É um cliché com muito trabalho de casa feito e, vai daí, partir para jogos e filmes foi um salto. O primeiro jogo, o Slender: Eight Pages, era bastante simples: só tínhamos de encontrar as oito páginas espalhadas, enquanto o Slender andava atrás de nós. Munidos de uma lanterna e com pés para correr, era um jogo do gato e do rato com bastante sucesso, com streamers e youtubers a filmarem as suas reacções exageradas. Mais, era gratuito! E devia ter-se mantido assim.


Mas a Blue Isle Studios achou por bem pegar no jogo, expandir o conteúdo para ter um enredo digno desse nome e vender por quase dez euros. Por mais uns trocos, têm direito à banda sonora e, admito, é talvez o que mais gosto neste jogo. Interessante, não?

Um jogo de terror vive ou morre pelo seu ambiente: visuais e som. Em termos de visuais, se forem saudosistas pelos tempos da PS2, irão adorar. Minto, há jogos de PS2 com melhor aspecto, este Slender foi pela lei do menor esforço e se isso funcionaria num jogo gratuito porque a pessoa não tem recursos ou acesso a melhor tecnologia, o mesmo não se pode dizer de um estúdio a cobrar… Já a banda sonora é a roupa que veste este jogo e ainda lhe dá alguma dignidade com temas sombrios, subtis, que reflectem o isolamento da personagem principal. Mesmo a ausência de música é assustadora porque sabemos que algo vem aí, mas às vezes não vem, mas quando aparece somos assombrados com sons rápidos, estridentes e… estática até tudo desaparecer nas mãos do Slender.


Coisa engraçada do Slender, as suas acções variam consoante os capítulos, tornando-se mais agressivo à medida que o jogo avança. Então decidi brincar com ele porque já o conhecendo e sabendo como operava, o senhor era mais chato do que assustador. O que fiz? Andei eu atrás dele. De início via-o pelas janelas, corria para a rua e nada; depois surgia fora do cenário, em cima de montes, corria para lá, mas as paredes invisíveis do jogo barravam. Quando aparecia atrás de mim, corria para ele como casal apaixonado e… glitch, desaparecia. Até que uma vez não desapareceu e perdi.

O que acontece quando perdemos o jogo? Começamos tudo do zero. Se quisermos voltar ao capítulo onde estávamos, temos de o seleccionar no menu principal, caso contrário o jogo reinicia como se tratasse de um jogo de sobrevivência. Na verdade, Slender é um jogo de sobrevivência, uma espécie de roguelite, que nos apressa durante os poucos capítulos. E, mesmo que consigamos, somos convidados a recomeçar. Não, obrigado.


Para terminar, se tiverem falta de jogos de terror na Switch, força. Até poderão gostar e é sempre bom passar o comando a algum novato e ver as reacções, mas só funciona uma vez. Depois disso, não vejo mais nenhuma razão para pegarem no jogo. Fiquem pela versão gratuita se ainda estiver por aí, ou vejam as vossas celebridades favoritas a jogar – sempre dá para rir.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Reverb Communcations

Latest in Sports