The Sinking City


Videojogos baseados nas obras de Lovecraft tendem ser algo coberto de mistério e num futuro sombrio. The Sinking City é uma excelente representação disso mesmo, com um ambiente único que o torna especial. Mas será este título algo completamente memorável?

Começo por referir que, mal comecei, senti-me o "PC gamer" dos meados de 2000, onde certos jogos PC na minha vida estavam mais presentes que nunca. The Sinking City fez-me recordar bons velhos títulos como o primeiro Deus Ex e outros relativamente parecidos, embora este seja um 3rd person shooter, pois os elementos RPG estão presentes assim como um mapa duma cidade relativamente grande a ser explorada pelo nosso protagonista.


Charles Reeds, o detetive que controlamos, chega de Boston para explorar Oakmont em busca de uma resposta acerca dos pesadelos que o assombram. Oakmont já não é o que era, a cidade está alagada e parte dela ficou submersa. É aqui que Charles terá a resposta para os pesadelos que o assombram, pois estão interligados com o que a cidade está neste momento a sofrer. Os civis também sofrem do mesmo problema, ou talvez doença. Para dar uma pequena ideia sem querer "spoilar", trata-se mais uma vez, como acontece Dead Space, de um artefacto que deixa as pessoas doentes e loucas. Há em redor disso todo um mistério que terá de ser desvendado.

Para conseguir obter a resposta, Charles irá enfrentar uma data de situações, investigando ao mais ínfimo pormenor a razão de tudo aquilo que está em redor deste artefacto. O jogo é semelhante a um Fallout, o jogador terá de conversar com os civis e, para além de os seres humanos, existem outras raças que partilham a cidade inundada. Estas conversas levam a missões primárias e secundárias. A primeira missão ajudará ao jogador compreender as mecânicas, embora não seja um tutorial perfeito, digerindo lentamente, é possível entender como tudo funciona.

O jogador tem os diálogos com os civis, entretanto tem de ser dirigir ao objetivo, analisar a cena do crime e tirar partido da informação. Esta informação tem de ser revista em vários pontos da cidade. Por vezes numa biblioteca, por vezes em registos criminais da polícia ou em entradas e saídas dos hospitais, analisando uma enorme variedade de informações recolhidas juntando as peças do “puzzle” e obter a informação exata. Nem sempre é fácil juntar estas peças, o que leva a que se tenha de ler e reler tudo aquilo que se acumulou para chegar a uma conclusão final e seguir caminho.


Quanto a seguir caminho, por vezes é fácil o jogador perder-se e o maior problema é o tempo consumido em chegar a cada destino. Sim, existe "fast travel", mas que adianta se só pode ser efetuado em zonas específicas, obrigando a percorrer uma distância enorme até se encontrar uma cabine telefónica para esse efeito? Este deverá ser o ponto mais negativo do jogo, pois a cidade não permite que o jogador caminhe sempre, com zonas que estão interditas devido aos monstros que invadiram a zona, ou zonas em que se tem de utilizar um pequeno barco a motor para atravessar uma rua inundada. O mapa existe, mas nem sempre é fácil de encontrar o cruzamento onde se encontra o seguinte objetivo, o que fará o jogador perder tempo andando às voltas.

Como já referi, o ambiente espetacular, mas é necessário referir os NPC’s do jogo pois, bem, existem alguns que deveriam de utilizar um mapa... O que quero dizer com isto é que por vezes vemos personagens a caminhar diretamente contra uma parede e, mais, uma grande parte delas são um "copy paste" descarado, fazendo com que os diálogos com eles se tornem realmente esquisitos como “eu já falei para esta pessoa, outra vez o mesmo tipo?”.


Nem sempre caminhamos em solo firme e isso está interessante. A dada altura, o jogador terá de vestir um Diving Suit daqueles bem antigos e explorar as profundezas. A jogabilidade muda como é evidente, temos uma arma que lança arpas e uns flares para serem utilizados. Nestes momentos, o jogador terá de tentar evitar os monstros marinhos existentes e chegar ao objetivo o quanto antes para não perder a sanidade nem sofrer danos destes monstros avistados ao longo do percurso, até que consiga explorar cavernas e obter a informação pretendida.

No que diz respeito à parte RPG do jogo, é possível fazer craft de itens e melhorar atributos, conteúdo não falta em The Sinking City e o jogador irá ganhar experiência à medida que termina missões ou elimina monstros. Estes monstros estão normalmente refugiados em casas/edifícios ou nas zonas que estão interditas a civis. É realmente complicado nas primeiras horas fazer frente a estes monstros pois as balas são realmente escassas e o ataque melee só serve para monstros mais fracos.

Para obter balas e material, o jogador terá de pesquisar caixotes do lixo e caixas pela cidade como cofres ou malas de carros que estão repletos de itens para ajudar o jogador. A melhor ajuda é a visão especial que Charles tem, onde é possível verificar os pontos relevantes, seja para obter itens como para resolver puzzles. De referir que existem também colecionáveis e mesmo fatos alternativos para desbloquear, um deles que está desbloqueado assim que Charles chea ao Hotel faz lembrar um Humphrey Bogart mas como sendo detetive, tem aquela pinta de Deckard (Blade Runner), a diferença é que se passa nos anos 20 e o personagem sofre de alucinações com regularidade.


A insanidade mental, o ambiente meio Silent Hill e Bioshock, tornam a experiência boa, mas existem alguns erros que podiam muito bem ter sido evitados com maior desenvolvimento do jogo. Ainda assim, The Sinking City não deixa de ser um titulo interessante e que vale a pena jogar.

Nota: Análise efetuada com base em código PC via Epic Game Store, gentilmente cedido pela Wire Tap Media.

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