Syberia Remastered


Uma jornada, bastante longa, desde o lançamento do jogo original até termos uma remasterização. Se era necessário? Na minha opinião diria que não, mas uma nova versão vai sempre parecer mais bonita, a correr melhor e jogabilidade aprimorada. À partida, é uma mais valia para quem nunca jogou Syberia em 2001.

Alguns podem até não se recordar do Syberia original, eu próprio o tenha jogado as primeiras horas embora nunca cheguei a dar continuidade e eis que surgiu finalmente a oportunidade de o jogar remasterizado. Confesso que tenho de recorrer ao sentimento nostálgico da primeira sequência de vídeo acerca do funeral, naquela altura eu achava aquele FMV completamente realista, que não estou a exagerar, desde as personagens, à chuva que caía na calçada molhada e encharcada. Bem, que gráficos!


Assim percebi ser um point and click e embora não fosse o maior fã do género, o jogo tem um charme bem próprio, e isso fez-me jogar mais tempo que o esperado. Agora com a remasterização, foi fácil pegar e jogar estando ciente do género, igualmente sendo uma versão revitalizada daquele velho clássico com quase 25 anos de vida.

Para a minha surpresa, o grafismo até que parecia idêntico, por outro lado, a personagem principal foi trabalhada e está ligeiramente diferente. Nem sei se mais realista ou simplesmente diferente. Curioso é que, nas cutscenes, o modelo usado é da personagem do jogo original, o que é notável para quem jogou ambas as versões. Todos os momentos são do jogo original, a única diferença é a qualidade dos FMV, mais fluída e mais “limpa”, remasterizada é de facto o termo correto.


Podemos de referir que não é um jogo para todos, é um jogo com uma narrativa lenta a ser explorada pelo jogador e que, apesar desta lentidão, sempre que houver um diálogo é de extrema importância estar atento e focado. Isto porque apenas num momento em que me distraí, já não sabia para onde ir, encontrei-me perdido por hora e meia pelo objetivo. A personagem corre, mas de forma realista, o que significa que não corre à velocidade da luz, um andar apressado e alguns objetivos ficam distantes uns dos outros, não é algo que eu considere negativo, mas se estiverem perdidos pode-se tornar frustrante.

A ideia é seguir a narrativa, resolver puzzles, avançar para um novo objetivo e assim sucessivamente. Não há propriamente ação, é focado na narrativa e naquilo que esta tem para oferecer. Os cenários são bonitos e o maior problema não são os bugs que o jogo apresenta, alguns destes bugs são até cómicos, como atravessar no meio de personagens ou rochas na floresta. O pior do jogo é a banda sonora, vão passar horas, literalmente, a ouvir a mesma música, não consigo entender como é que um jogo com tanto para oferecer obriga-nos a ouvir a mesma música em cada momento. Seja em diálogos, seja em novos cenários, a música jamais muda de tom e se a vossa cabeça for de alguém que gosta de marrar em certas coisas, esta música vai assombrar-vos.


Syberia é um jogo para um público alvo específico, não querendo com isto dizer que outras pessoas não o possam ou consigam experienciar. Sou alguém que gosta de jogar um pouco de tudo, com as minhas preferências, por outro lado, Syberia já me tinha conquistado com o jogo original devido aos cenários e a todo o mistério que a narrativa está envolvida, é deveras interessante e nem sempre jogamos algo deste género e para mim isso é perfeito.

A remasterização podia ter detalhes mais aprimorados, a banda sonora sendo um dos aspetos que podia ter tido mais atenção e os bugs que o jogo apresenta. Os pequenos charcos na calçada que quando pisamos encontram-se estáticos, seria engraçado ver movimento, diria que se tornaria mais realista e mais digno de uma remasterização ao contrário de apenas correr mais fluído, com melhor resolução e um grafismo limado.


Há remasterizações muito superiores se formos a comparar, digo mesmo que é uma excelente oportunidade de jogar um clássico adaptado aos tempos modernos, no que diz respeito ao grafismo, jogabilidade e performance. Não deixa de ser um jogo importante na indústria e que tem uma legião de fãs, pois se assim não fosse, Syberia não teria várias sequelas.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PlayStation 5, gentilmente cedido pela Microids.

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