Okami HD


Artigo por Bruno Santos

O regresso de uma obra prima da era PlayStation 2, das mãos do que veio a ser o criador de títulos como Astral Chain e Bayonetta, encontra na Nintendo Switch a sua melhor versão. Podíamos dizer que é “apenas” um jogo de aventura, mas as razões que lhe deram o prémio de jogo do ano em 2006 pelo IGN continuam vivas.

Na sua mais pura essência é um jogo de aventura semelhante aos The Legend of Zelda em que encontramos alguma progressão com o personagem, puzzles para resolver (incluindo nas lutas contra monstros mitológicos) e um combate divertido e desafiante. Aquilo que o separa do resto e que fez do Okami um jogo obrigatório para quem gosta do género, é a interatividade com o ambiente e com o combate que era inédita na altura e que continua tão cativante como quando foi lançado.


Outra das razões pelas quais envelheceu bem (mesmo descontando o tratamento HD que torna tudo ainda mais límpido e delineado) é o facto de o estilo gráfico cel shaded ser indiferente ao tempo, mais ainda tendo em conta que usa em muitas das cutscenes e no ambiente em geral um estilo inspirado nas tradições nipónicas. O menu move-se como um leque japonês, o bestiário é um rolo antigo como aqueles que se vê em qualquer anime de ninjas e muitas das sidequests são jogos e costumes típicos da nação. Essa mesma inspiração dá-nos também o ambiente perfeito para um jogo situado na mitologia japonesa, com muito humor à mistura, e claro uma grandiosa aventura para salvar o mundo de um monstro gigante que sacrifica donzelas.

A história é linear (tendo claro as suas surpresas e reviravoltas) não havendo opções no decurso da mesma. O combate é simples, no entanto juntamente com os poderes e técnicas (muitas das quais bastante especiais, sendo uma deusa loba como não poderiam?) que vão ficando disponíveis acaba por ter muita variedade na ação. Cada monstro necessitar do uso de diferentes técnicas para conseguirmos melhor derrotá-los torna-o dinâmico e tem as suas próprias recompensas.


Cheio de segredos, desde paredes que não o são, a escavar buracos como o ser divino canino que somos, a aventura corre o Japão inteiro, da costa, às florestas, às zonas montanhosas e frias e oferece uma variedade de ambientes para explorar e que se vai abrindo mais à medida que a história decorre. Já na Wii, onde foi lançado posteriormente, o jogo incluía motion controls para podermos desenhar usando o movimento, no entanto na Nintendo Switch ainda vem com o uso acrescido do touch em modo portátil dando mais opções do que nunca sobre como jogar. Uma aventura leve como esta agradece e é favorecida pela portabilidade também.

O único senão do jogo, se é que o é, vem do facto de não haver vozes mas sim uma imitação de como seriam as vozes para um lobo (o que se pode tornar incomodativo porque são algo estridentes), as legendas tornam tudo claro, para quem falar fluentemente inglês, francês, alemão e o original japonês, o que pode ser difícil para os mais pequenos. A banda sonora é divina e parece retirada de uma qualquer corte japonesa feudal, sendo bastante variada conforme os ambientes e os combates ou personagens que encontramos.


É um jogo sem dúvida obrigatório para amantes do género, com muitas horas para quem se delicia a descobrir todos os segredos, com um ambiente fantástico e uma inovação que ainda hoje se sente. Na Switch com a sua portabilidade e acrescida interatividade do touch, torna-a o melhor sítio para voltar a salvar o Japão, um uivar de cada vez.

Nota: Artigo efetuado com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, adquirido pelo autor.

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