The World Ends With You -Final Remix-


Por vezes há jogos para os quais avançamos conhecendo muito pouco, uma decisão cuja recompensa se torna incrível pois eles acabam por ser das experiências mais memoráveis que nos passam pelas mãos. Foi há 10 anos que nos chegou The World Ends With You, um jogo que para sempre me vai ficar gravado na memória não só pela sua incrível história e personagens marcantes, mas também pela sua jogabilidade única e uma banda sonora que nos faz mergulhar em Shibuya com um objectivo: sobreviver os 7 dias.


Agora com Final Remix regressamos à história de Neku e outras personagens que vamos conhecendo aos poucos, todos eles que parecem ter sacrificado algo precioso. Há muito para dizer sobre o jogo, principalmente a sua história com surpresas logos nas primeiras horas de jogo, mas sem querer revelar muito somos despejados em Tóquio sem saber como ou porquê, mas o que nos move é uma contagem decrescente e uma missão por cumprir. Tudo isto é observado pelos Reapers, mestres de um jogo e juízes dos eventos que se desenrolam durante o jogo.

O elenco é bastante memorável com todas as personagens principais a serem bem exploradas e os vários vilões são credíveis, que juntamente com outros ajudam imenso no mistério que envolve o jogo. São personagens que me ficaram marcadas na memória ao longo destes anos todos e, de um certo modo, voltar a pegar em TWEWY foi como matar saudades de um grupo de amigos. Neku é quem mais evolui, mas os seus parceiros como Shiki, Beat e Joshua revelam-se muitas vezes tão surpreendentes como o protagonista, numa evolução que vemos surgir em poucas horas.


No meio disto tudo surgem os Noise, diversos monstros que temos de eliminar antes que eles nos destruam a nós. Para tal Neku tem de usar todo um conjunto de pins que são ativados através de pequenos gestos no ecrã, mas é vital a ajuda de um parceiro pois só é possível derrotar Noise em equipa. Esta nova versão para a Switch tem como base o jogo lançado para os dispositivos móveis, deixando para trás a mecânica dos 2 ecrãs da Nintendo DS. Existem imensos ataques diferentes ativados através de pequenos movimentos: toques ou pequenos slashes no ecrã, agarrar objetos no cenário, desenhar círculos, etc. A novidade na versão Switch é poder usar o Joy-Con como um ponteiro, simulando na TV os controlos táteis.

Acabo por preferir os controlos táteis jogando em modo portátil. A adaptação para o Joy-Con requer bastante habituação e muitos movimentos não são tão fáceis de executar deste modo, mas após algumas horas controlava bem o jogo com o Joy-Con. Teria preferido usar um segundo comando para controlar Neku, enquanto apontava com o outro e executava os ataques, mas no fundo acabei por jogar imensas horas seguidas na TV. Uma novidade é o modo co-op que embora não tenha conseguido experimentar, tentei controlar ambos as personagens usando dois comandos e foi fazível, embora estranho. Encontrei alguns problemas com o ponteiro que ganhava vontade própria ou sempre que regressava ao jogo tinha de ligar novamente o Joy-Con, o que me causaram alguma frustração.


Estar trendy um factor importantíssimo em Tóquio e isto reflete-se em algumas mecânicas do jogo e nos personagens, desde a roupa que usam, a comida que preferem ou até mesmo os pins que Neku usa em combate, praticamente tudo influencia o jogo e o ambiente nas diferentes zonas de Tóquio. Estar na moda resulta em melhor prestação em combate, adquirir equipamentos melhores ou ainda desbloquear novos ataques, e temos vários dias seguidos para meter isso em prática, sem precisar de apressar nada. Afinal só mais tarde é que ganhamos controlo total do jogo, que podemos usar mais combinações de pins ou equipamento que nos permitem derrotar vagas de inimigos seguidos, sempre ao som músicas bastante frenéticas.

Com este port uma das coisas mais curiosas de ver é como muita coisa mudou, agora as tendências de moda são outras e a tecnologia avançou a um ritmo impressionante. É engraçado ver agora como na altura se usavam flip phones, tornando-se até mesmo nostálgico. Já a banda sonora continua bastante atual e ainda é um dos pontos mais fortes do jogo, podendo agora escolher entre as músicas originais ou do Remix lançado para mobile. Para quem jogou apenas a versão DS vai encontrar novas músicas pelo meio e remixes de outras já conhecidas, ficado apenas de fora o dual audio o que pode deixar alguns fãs insatisfeitos. Dito isso o voice-acting é quase inexistente limitando-se a pequenas palavras ou sons, mas quando aparece ele está bem conseguido.

PS: esta cena quase que parece uma mensagem, nos dias que correm.

Outro aspecto marcante são os visuais que embelezam o jogo, desde os personagens aos inimigos, os cenários e todos os menus, tudo grita estilo. A transição para a alta resolução é impressionante, fora alguns elementos que deixam um pouco a desejar, mas no geral todo o ambiente conseguido no jogo original transitou bastante bem para o ecrã da TV. Continuamos a ter cenários quase que claustrofóbicos ou vertiginosos que parecem ter vida própria, inimigos e personagens bem detalhadas que, durante as sequências de diálogos parece que estamos perante uma banda desenhada, com os traços de Tetsuya Nomura bastante vincados no jogo.


Que resta dizer? Se não tiveram oportunidade de jogar TWEWY na DS, ou até mesmo em dispositivos móveis, esta é uma nova chance de experimentar um jogo verdadeiramente único, e temos ainda um capítulo novo para explorar, uma novidade mesmo para quem já completou o original! A Nintendo Switch tem vindo a aumentar o seu catálogo de RPGs e este é um título obrigatório na coleção de qualquer fã do género. Alguns problemas fazem com que o jogo não seja a perfeição que o original na DS parece ter conseguido, mas mesmo se não gostarem dos controlos no Joy-Con peguem na consola, levem uns bons headphones e deixem-se envolver pelo jogo!

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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