Disgaea 1 Complete


A minha primeira entrada na série Disgaea foi através do 5 na Nintendo Switch. Era uma altura sem bons RPG e este, que ainda era táctico!, veio mesmo a calhar.

Foi tiro e queda. Amor à primeira vista, mas demorei meses a terminar. Não porque era muito complicado, mas outras aventuras meteram-se no caminho. Comprometi-me a fazer um capítulo por semana e quando dei por mim, tinha-o acabado em menos tempo. O jogo era viciante e aí jazia o problema: era demasiado adictivo. Disgaea pode ser abordado de várias maneiras, podemos começar com intuito de jogar o modo história e avançar para outros jogos ou despachar a história para começar Disgaea a sério. 

E é bem provável que não vos esteja a dar uma grande novidade se forem fãs da série da Nippon Ichi, mas os jogos só começam no fim – no post game. Há imenso para fazer que quando derem por vocês, estoiraram mil horas num jogo de 40 euros. Aumentar o nível das personagens até 9999, percorrer o Item World centenas de vezes e recomeçar várias reencarnações não é para mim. O tempo é dinheiro e há mais jogos para jogar, mas quem gosta tem aqui entretenimento para o fim do mundo!


Então, e o que achei deste Disgaea 1 depois do 5? Epá, foi estranho. O 5 foi uma excelente entrada para um novato como eu. A campanha principal era linear q.b. e não estava presa às prequelas. Não tive grandes problemas por aí além. Como fiz as sidequests da minha edição, tive experiência, equipamento e dinheiro de sobra. Se fiz grind foi porque quis, foi porque tive um cheirinho da droga que é Disgaea e porque me perdi no Item World. Este mundo alternativo serve para aumentar os níveis do equipamento e dos itens. Leram bem, podem aumentar o nível de uma simples poção. Porquê? Porque sim, ora então! E se isto não bastar, a Dark Assembly é outro jogo em si, onde vários “deputados” aprovam ou vetam mais fundos, itens nas lojas, etc. Também podemos fazer uma espécie de microgestão das personagens: criamos, apagamos, promovemos, reencarnamos, etc.

Mas foi estranho e não gostei do início do jogo. Comecei coxo e a sentir falta de algumas mecânicas do 5. Julgava eu, inocente, que este remake iria incluir tudo dos jogos recentes. Mal conseguia avançar nos episódios, não tinha dinheiro, não tinha experiência e os primeiros níveis estavam-me a frustrar bastante. Disgaea 1 estava a viver a sua reputação de lixado.


Li uns guias, vi uns vídeos do original e recomecei o jogo com mais sabedoria. Um dos meus erros principais era achar que quantidade era melhor do que qualidade, então tinha criado algumas personagens inúteis com a personagem principal e para as treinar era uma repetição chata e sem frutos. Uma das mecânicas de Disgaea é o sistema de mentor/aprendiz, isto é, cada personagem pode criar outras e a evolução do mentor está ligada à do aprendiz. Por exemplo: se tiverem um mago com Heal e criarem outro com Fire, o mentor pode aprender esse feitiço se mantiver o aprendiz por perto. Quem diz mago, diz arqueiro, ladrão, lutador, etc. Nas classes mais físicas, se os aprendizes estiverem nos espaços adjacentes têm bónus nos ataques de grupo e ganham mais experiência. No fundo, o conselho que posso dar, é: foquem-se nas personagens principais e deixem as restantes para o post game. Começam-se a dispersar e em vez de terem quatro personagens fortes, têm dez personagens medianas e muita dificuldade contra os bosses.

A história do jogo não é a coisa mais original do mercado, mas não é que importe muito pois só serve de pano de fundo para o sumo da jogabilidade. A nossa personagem principal, Laharl, o filho de um poderoso demónio acorda de um sono prolongado para encontrar o seu Netherworld num caos. Ao longo dos episódios, Laharl e Edna, outra demónio com planos paralelos aos do nosso herói, competem pelo título de Overlord e servente. Ao mesmo tempo, em Celestia, os anjos têm outras coisas na agenda. Juntem pseudo vampiros, porcos gigantes, dragões, anjos, criaturas tais e têm uma caldeirada gostosa para vos entreter até ao fim.


Não faltam gargalhadas, momentos embaraçosos e pseudo épicos. Disgaea morde e não larga ao mesmo tempo que marca vistos numa lista de tropes de anime. Quem gosta, gosta. Eu, por mim, fico satisfeito.

O estilo visual da Nippon Ichi é o seu ex-libris. É facilmente reconhecido pela Internet fora, senão em Disgaea, noutros jogos. Admito que pode ficar atravessado em algumas gargantas devido às personagens femininas estarem mais despidas que uma bailarina de samba em pleno carnaval do Rio. Apesar de os meus trinta anos não apreciarem esse aspecto, gosto do desenho em si e este remake levou um upgrade brutal. As cores vivas e o detalhe no traço conseguem ser melhores que os gráficos do 5. Já o som, que vai alternando entre temas festivos e chill do Jazz não me agarrou tanto como a banda sonora do 5 que ainda meto a tocar. Não há problema, não podemos vencer em todas as frentes quando já estamos a ganhar.


Este Disgaea 1 Complete é um jogo que faz jus ao nome. Está tudo aqui. É óptimo para os fãs de longa data matarem saudades e é uma entrada na série ainda melhor que o 5. É um desejo da minha parte para que tragam os outros e a Nintendo Switch, perdoem-me a repetição ad nauseam, acaba por ser a consola ideal para o grind da série. Metam uma série a dar, entrem no Item World e divirtam-se!

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela NIS America.

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