Dakar 18


O estúdio português BigMoon Entertainment criou um projeto super ambicioso com este novo Dakar 18, tentando criar a melhor e mais realista experiência Dakar alguma vez vista num videojogo. Na verdade, até conseguiu com detalhe criar esta realidade tão desejada deste desporto, a sua dificuldade árdua e frustração estão sem a menor dúvida patentes, no entanto existem imensos pontos negativos a apontar.

Ao começar esta experiência, tudo parece sobre rodas, embora da primeira vez que se jogue haja um gigante update ao jogo para fazer. É possível fazer uns treinos com o tutorial disponível enquanto este update é descarregado, que na verdade, é o mais importante para qualquer jogador pois estamos perante um dos jogos mais complicados que alguma vez eu pude experienciar na minha vida. Aqui o jogador irá aprender como sobreviver no vasto deserto das longas e duradouras etapas existentes. O veículo utilizado inicialmente é extremamente difícil de manobrar, depois o foco na dificuldade em seguir o percurso torna-se evidente após alguns quilómetros percorridos neste pequeno tutorial. Aqui é notável o esforço e dedicação por parte da equipa portuguesa em recriar o verdadeiro sentido da expressão Rally Dakar.


Torna-se também evidente que os pormenores de leitura de rota e sistema de navegação que são fornecidos estão idênticos, aliás, a própria equipa pediu as leituras de rota para recriar os percursos o mais realista possível. A inexistência de um GPS ou um mapa só torna a experiência autêntica para sobreviver neste deserto. Verdade seja dita, quem nunca seguiu de perto o Dakar vai sofrer imenso com este jogo, mesmo com todos os tutoriais existentes. Até porque o tutorial oferece apenas os básicos, quando o jogador é posto à prova, é como se tivesse um exame e toda a matéria estudada não sair na prova final, deixando o jogador sem saber como reagir.

Apesar de existir um co-piloto para quem jogar com veículos de quatro rodas, este também consegue confundir o jogador. Por vezes, perdi-me totalmente e o co-piloto não foi de grande ajuda, dizendo constantemente “para a frente é que é caminho”, o que me aborreceu em ter de voltar para trás após quilómetros porque senti que estava a percorrer o caminho errado, direccionando-me para o infinito e sem qualquer rumo. Também acontece na vida real, é verdade. Isto mesmo jogando em novato, o modo mais fácil do jogo, tendo ao dispor um navegador. Ainda mais complicado é jogar com veículos de duas rodas, onde o jogador não tem qualquer co-piloto, isso sim é para jogadores experientes.


Como referido antes, a jogabilidade também é esquisita, ou inconsistente. Quando joguei com o famoso piloto português Carlos Sousa (antigo piloto de rally), o veículo até que se controlava bem, mas outros veículos contam com uma jogabilidade estranha, às vezes pensava que seria por jogar em terrenos difíceis, outras vezes porque realmente se distancia um pouco do realismo como podemos encontrar num jogo de Rally, mesmo os veículos contando com pneus MICHELIN e da gama abaixo BF Goodrich. Mas também é possível nas opções alterar a sensibilidade de condução. O sistema de dano também consegue ir dos 0 aos 1000, tanto se pode dar um salto gigantesco sobre as dunas com o veículo e até mesmo este capotar sem quase obter danos exteriores visíveis, como um simples acidente contra um pequeno poste afetar por completo a caixa de mudanças. Isto pode não ser muito realista sim, mas algo bem realista é o veículo avariar no meio do deserto e o jogador ser obrigado a sair do veículo, controlando o piloto no exterior e tentar solucionar o problema dos danos ou até mesmo quando o veículo fica preso em lama, usando uma pá para tal. Por vezes, o jogador terá mesmo de abandonar a etapa caso este não tenha créditos suficientes para o arranjo dos danos.

Tudo depende do livro de rota, para seguir o caminho é necessário estar atento aos quilómetros efetuados, escutar atentamente o co-piloto (no caso dos veículos de quatro rodas) e não acelerar muito para que se possa efetuar as curvas nos sítios certos, ou então o jogador perde o fio à meada e terá de voltar ao último "Way point", que irá desgastar o jogador por completo pois terá de voltar para trás sem qualquer ajuda do co-piloto.

O grafismo também tem alguns problemas de renderização, algumas vezes a pessoa responsável por fazer a contagem decrescente que se encontra ao lado do semáforo faz a contagem completamente atrasada, quando falta um segundo para o arranque, o responsável ainda vai a contar com os 5 dedos. Outro ponto negativo, é o tempo de carregamento, que nas pistas mais longas pode chegar aos 7 minutos. Existem também algumas quebras de frame rate, não que afecte totalmente o jogo visto que não se trata propriamente de precisão, mas as quebras existem.


Infelizmente, o maior problema é introduzir os jogadores ao mundo Dakar 18, tarefa quase impossível, qualquer jogador ficará desapontado por não ter conhecimento e não conseguir sequer dar a volta ao assunto devido à sua gigantesca curva de aprendizagem. É um jogo totalmente direcionado para os fãs acérrimos, e mesmo eles vão deparar-se com o jogo mais difícil do género, embora certamente "realista", que os poderá afastar devido a tudo aquilo que foi referido nesta análise.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela BigMoon Entertainment.

Latest in Sports