Super Mario Party

Consola nova, Mario Party novo. É uma daquelas apostas seguras da Nintendo, que desde a Nintendo 64 se preocupa em oferecer divertidas experiências para 4 jogadores em frente ao mesmo ecrã, mas também perdeu algum fôlego nos últimos anos. Além de 10 títulos ao todo nas consolas domésticas, outros 5 em consolas portáteis contribuíram para o desgaste da marca, que agora procura uma lufada de ar fresco em Super Mario Party.

Há realmente aqui uma cara lavada, que vai desde o logótipo até aos diferentes modos de jogo e atividades, mas ao mesmo tempo consegue ser bastante familiar para quem já jogou algum da série antes. Agora, o leque de personagens abrange muito mais do que Mario e seus amigos, juntando-se à festa o Bowser e seus capangas, todos numa disputa para descobrir quem é a verdadeira "Superstar". Do lado dos "vilões" as escolhas de personagens recaíram muito sobre inimigos genéricos, o que foi uma oportunidade desperdiçada de dar destaque a outros mais carismáticos (Koopalings ou Broodals, por exemplo), mas é um bom começo.


Ligando o jogo, a primeira coisa a fazer é indicar o número de jogadores, de 1 até 4 distribuídos por uma ou duas consolas ligadas por wireless. Cada jogador irá utilizar um único comando Joy-Con, a única opção de jogo possível, pelo que apenas dois pares de comandos darão para se fazer a festa. Porquê tal restrição de comandos? Muito simples, dos 80 minijogos presentes em Super Mario Party, a grande maioria recorre a sensores e movimentos destes comandos, de resto nenhum precisa propriamente de muitos botões para funcionar. Sendo um jogo feito primariamente a pensar na TV, a opção de o jogar com duas consolas (desde que ambas tenham o jogo) é bastante conveniente para jogar fora de casa, com um pequeno ecrã para cada par de jogadores. A festa, essa, é sempre para 4, por isso caso faltem jogadores o CPU tratará das restantes personagens.

Decidida a configuração de jogo e escolhidas as personagens, os jogadores chegam à Party Plaza, onde Toad, Toadette e Kamek são os anfitriões em 5 atividades principais e alguns modos adicionais. O principal, claro está, é o modo Mario Party, onde a maior parte dos jogadores irá provavelmente querer começar. Aqui, as personagens movem-se de forma independente ao longo de um tabuleiro de acordo com os dados lançados. Os tabuleiros são uma espécie de circuito fechado com algumas ramificações que levarão os jogadores a ter de escolher o caminho mais conveniente. O objetivo é o de colecionar moedas e chegar ao encontro da Toadette que, por 10 moedas apenas, venderá uma estrela antes de se mudar para outra zona do tabuleiro. Isto significa que, se um jogador está prestes a conseguir a estrela, talvez seja boa ideia seguir noutra direção. Os jogadores movem-se por turnos e, ao fim de cada ronda, competem num minijogo cuja recompensa será mais moedas para poder comprar estrelas.


Há 4 tabuleiros disponíveis, todos com temáticas e mecânicas particulares que podem afetar a dinâmica de jogo. Isto, porque além das típicas casas de sorte e azar, há casas de evento que podem mudar tudo. Por exemplo, imagine-se o azar que seria se, por apenas um ponto a menos no dado, em vez de se chegar à casa da Toadette, se fosse parar a uma casa de evento que levasse o jogador para o lado oposto do tabuleiro. Sorte e perícia combinam-se com alguma estratégia, sendo possível jogar com as probabilidades recorrendo a itens obtidos no jogo ou a dados específicos de personagens, seja a escolhida inicialmente, seja um aliado obtido durante a partida. O importante é apostar num bom desempenho nos minijogos!

Uma alternativa interessante é o Partner Party, que divide os jogadores em duas equipas, a jogar em versões diferentes dos tabuleiros com deslocação livre em função da soma dos dados de cada equipa. Aqui muita da diversão vem da dinâmica entre os jogadores, com minijogos construídos para o formato "2 contra 2", e a estratégia no tabuleiro passa por também por tentar impedir a equipa adversária de chegar ao objetivo.


Um modo completamente diferente e inteiramente cooperativo é o River Survival, no qual todos os jogadores estão a remar ao longo de um rio. Este modo tem um tempo limite que irá impedir de chegar à meta, a não ser que se vá ganhando tempo ao realizar minijogos cooperativos. Para tal, é necessário remar em direção aos balões que vão surgindo no percurso, sendo que a coordenação entre todos os jogadores é importante. Aliás, o mesmo acontece em muitos destes minijogos, que se tornam até bastante fáceis quando a equipa está bem coordenada mas podem resultar em caos se assim não for.

Embora tenha uma boa rejogabilidade devido aos múltiplos percursos possíveis, a duração das sessões neste modo são um pouco mais extensas do que seria desejável. O mesmo não se pode dizer do modo Sound Stage, talvez a maior surpresa deste jogo. Aqui o desafio é rápido, mas intenso, num "Todos contra Todos" de excelentes minijogos rítmicos, controlados com o movimento dos Joy-Con. Este é daqueles em que uma só sessão até sabe a pouco, assim como os 10 minijogos que fazem parte desta categoria. A Nintendo Switch está, claramente, preparada para receber um Rhythm Paradise.


A secção Minigames é onde se irão encontrar todos os minijogos desbloqueados, devidamente organizados por categorias e com a possibilidade de guardar os favoritos para os encontrar facilmente. Ideal para sessões mais curtas, permite jogar em modo "Free Play", só pela diversão, ou numa competição simples chamada de Mariothon, onde vence o melhor jogador de uma sequência de 5 minijogos - aliás, é precisamente este modo que pode ser jogado online, em Online Mariothon, mas que não foi possível testar por indisponibilidade do servidor.

Caso se justifique, o Meus Jogos regressará a este tópico, mas para um jogo tão focado no multijogador local, a possibilidade de fazer algumas partidas online poderá servir mais para quem procura um desafio maior. Para quem gosta de jogar sozinho e offline, existe ainda o modo desbloqueável Challenge Road, com desafios para se jogar a solo. Se o objetivo é jogar sozinho, talvez seja melhor investir noutro estilo de jogo, mas quem procura um party game irá certamente apreciar estes modos para quando não está mais ninguém em casa.

Pode parecer bastante, mas Super Mario Party não se fica por aqui. Além destes modos, existe ainda um conjunto peculiar de minijogos escondidos no Toad's Rec Room, com 4 pequenos jogos diferentes e que utilizam a Nintendo Switch de formas bastante criativas. São mais propriamente umas experiências do que o central do jogo, mas quase todos oferecem uma experiência diferente conforme se joga com uma ou duas consolas, em modo de mesa ou simplesmente deitadas. O que mais impressionará amigos será aquele em que duas consolas são utilizadas como um só ecrã, independentemente da forma como forem alinhadas.

Dito tudo isto, o mais importante são os minijogos. Felizmente, estamos perante uma das melhores seleções de minijogos que esta série já viu, com utilizações bastante criativas e intuitivas dos comandos Joy-Con. Ao contrário do que se poderia esperar quando se fala em controlos por movimento, Super Mario Party assenta muito em movimentos simples e subtis, resultando em minijogos de grande qualidade. Acima de tudo, são mesmo muito divertidos e, embora não se possa dizer que são 80 minijogos extraordinários, a seleção é realmente muito boa.


Reunir 4 amigos numa sala em frente à TV para uma sessão de minijogos pode parecer uma coisa do passado, mas é ainda hoje uma das atividades mais divertidas que se pode fazer. Super Mario Party apresenta-nos uma dose equilibrada de competição e cooperação, com alguma sorte à mistura que pode levar às típicas "injustiças" com as quais toda a gente acaba por se divertir. Faz um excelente trabalho em tirar partido das caraterísticas da Nintendo Switch e vem com muita variedade de conteúdo para uma boa longevidade, pelo que certamente irá marcar presença em muitas festas de família e amigos de agora em diante!
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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