Mega Man 11


O Blue Bomber está de parabéns! São 30 anos (quase 31) em que Mega Man se aventura em grandes missões e enfrentar poderosos robôs, todos eles com habilidades únicas e enviados por Dr. Wily. Uma série que fez aparecer todo um leque de outras séries spin-off que rapidamente ganharam tal protagonismo que se tornaram séries por si, como é o caso de Mega Man X e Battle Network. Após ter sido esquecido pela Capcom durante anos, Mega Man está de regresso com o 11.º capítulo, regressando assim às origens.


Origens essas que não se limitam a imitar os gráficos da NES, optando por visuais modernos, coloridos e ao estilo animé, acompanhados por uma banda sonora bastante retro e jogabilidade tão difícil como nos lembramos dos originais. Não só difícil como frustrante, com plataformas colocadas estrategicamente em que temos de pensar muitos dos nossos movimentos, ou espera-nos uma morte quase certa. Não há vergonha em ver o ecrã de Game Over: basta recomeçar que ao já conhecer os diversos perigos, os níveis tornam-se bastante mais fáceis e rapidamente chegamos ao boss do nível. Isto é, se não houveram outros desafios "impossíveis" pelo caminho.

No caso de não conhecerem a série (o próprio jogo presume que existem quem não conhece) este é um jogo de plataformas e tiros onde controlamos Mega Man. Este jovem robô está devidamente acompanhado com o seu Mega Buster e passamos a maior parte do tempo a segurar o botão de ataque para que, quando o largamos, lançamos um ataque devastador! Depois existem 8 robôs boss que quando derrotados passamos a usar a sua habilidade especial, e desta vez Mega Man não se limita apenas a mudar de cor e ganha uma armadura diferente que é apenas estético, mas é um toque interessante.


A grande novidade é o sistema de Double Gear que traz consigo duas habilidades extremamente úteis. Uma permite-nos desacelerar o tempo, facilitando-nos a vida quando tentamos fugir de ou evitar vários perigos, e a outra habilidade reforça o poder do Mega Buster. Houve momentos durante o jogo em que me parecia impossível passar certos níveis, e bastou usar o Double Gear para me dar tempo e fugir à morte certa, ou destruir inimigos cuja defesa parecia impenetrável. Este novo sistema tem uma barra de energia própria, que se a encher-mos ficamos sem a poder usar durante um pouco, criando alguns problemas se não conseguimos usar o Double Gear no momento certo.

Existe um bocado de história pelo meio do jogo, desde uma "longa" apresentação, uma sequência de história breve pelo meio e uma conclusão bastante rápida. O elenco conta com alguns rostos familiares, mas não tantos como gostaria de ter ou que ainda não os descobri, pois não sei até que ponto há segredos bem escondidos. Mesmo assim há coisas que vão apelar aos fãs da série como as ilustrações no estilo clássico da série, ou vozes tanto em inglês como japonês. Inicialmente joguei em inglês, o que rapidamente me fez lembrar dos (maus) exemplos que Mega Man trouxe, a nível de qualidade de voice acting. Já ao mudar para japonês as vozes lembram desenhos animados infantis, o que encaixa bastante bem no espírito do jogo.


No meio de muito desafio que o jogo me atirou à cara houve momentos de frustração tão grandes que só consegui ultrapassar a mesmo muito custo, em momentos que pareciam estar mal pensados ou feitos pura e simplesmente com o objetivo de serem irritantes. Desde paredes que nos empurravam aleatoriamente, ou com tão pouco espaço que nos forçavam um wall jump quando simplesmente queríamos saltar na vertical. Em alguns casos era a morte certa, noutros faziam-me perder bastantes minutos ao atirar-me para partes anteriores dos níveis. Talvez seja o objetivo de re-criar os momentos de frustração dos jogos antigos, mas com tantos outros exemplos bem conseguidos neste jogo fico na dúvida.

Parece que estou a descrever um jogo hardcore ou impossível, mas não. O jogo tem o nível de desafio com que os fãs da série contam e os mais inexperientes têm à disposição dificuldades bem mais fáceis para que consigam ver a aventura toda até ao fim. Sendo feito à imagem dos Mega Man clássicos, existem 8 diferentes cenários e um último em que enfrentamos o boss final do jogo. Sendo que cada nível consegue ser bastante curto, este é um jogo que pode ser acabado numa tarde apenas e passamos a maior parte do tempo numa tentativa erro até chegar ao fim de cada nível. Até ver também não existe propriamente muito replay value, para além de tentar concluir o jogo no maior nível de dificuldade, mas isso é mais um desafio auto-proposto por mim, do que propriamente algo que nos é incentivado.


Partindo para a conclusão, Mega Man 11 é um jogo digno de destaque dentro da série, que dá vontade de jogar apenas pelo gozo da coisa, mesmo entre momentos de frustração. Contudo podia haver mais conteúdo, níveis extra para além dos típicos 8 mais um final, ou talvez certas personagens ausentes marcarem presença, mas se isto é indicação de continuarem a série, agora que o motor de jogo está mais que pronto, estou cá para receber um Mega Man 12!

Nota: esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Ecoplay.

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