FIFA 19


Análise por André Santos / Parceria Future Behind

Desporto olímpico desde 1900, o futebol é considerado por muitos o desporto-rei, sendo jogado por milhões de pessoas em todo o mundo. Mas hoje (nem nos outros dias) não estamos aqui para falar de futebol, pelo menos daquele que nos obriga a correr, já que nem todos temos capacidade técnica ou mesmo física para correr durante 90 minutos e andar aos chutos numa bola.

Lançado em 1993, sob o título de Fifa International Soccer, para consolas como a Mega Drive ou a Master System, o simulador de futebol evoluiu bastante desde aí. Evoluiu não só a nível gráfico e nas mecânicas de jogo mas também nos níveis de imediatismo e de hype (termo que acreditamos não fosse usado no nosso país no início dos anos 90) que gera a cada lançamento.

Vinte e cinco anos, sim 25, depois do lançamento do primeiro título FIFA chega ao mercado FIFA 19. O novo jogo da EA Sports é, para muitos, muito mais que um jogo, é um negócio ou mesmo uma profissão. E não, não estamos a falar da EA com os seus loot packs nem da equipa que passa meses a criar o código que vai dar origem a um dos títulos mais jogados em todo o mundo. Estamos a falar dos jogadores profissionais de FIFA. A cada início época futebolística começa também a época interativa de FIFA. Com dezenas de competições oficiais e milhares de euros em jogo, a franquia FIFA é cada vez mais um fenómeno… Vamos lá, finalmente, falar do novo FIFA 19.

Modos de jogo

As competições europeias estão de volta às consolas e computadores aí de casa, mas se no ano passado para jogar uma final da liga dos campeões tinha que ter o Pro Evolution Soccer ou ser jogador do Real Madrid ou do Liverpool, este ano pode fazê-lo em FIFA 19. A EA conseguiu garantir direitos para ambas as competições europeias de clubes, Liga dos Campeões e Liga Europa, deixando o principal concorrente de mãos a abanar. Mas não, as competições europeias não são a única novidade do novo FIFA. Vamos por partes:

A Caminhada – Alex Hunter volta aos relvados, para mais uma temporada de futebol e emoção. Em ‘A Caminhada – Champions’ terá a oportunidade de jogar como Alex Hunter na sua subida ao futebol mundial mas também com Danny Williams, amigo de longa data de Hunter, e ainda com a meia-irmã da nossa estrela. Kim Hunter tem o sonho de chegar ao topo do futebol feminino, mas será que consegue seguir o mesmo rumo que se começou a desenhar, no FIFA 17, para o seu irmão?


Modo Carreira – É relativamente simples perceber o que é o modo carreira de FIFA 19. Aqui pega no seu clube favorito e controla o mesmo, desde a contratação de jogadores e gestão das finanças do clube até aos aspetos táticos do dia-a-dia de um clube. Pode também começar como um jovem prodígio do futebol e seguir a sua carreira no mundo do futebol até alcançar o topo, quando os relvados já não forem para si pode retirar-se e continuar como treinador.

Para o modo carreira vamos escrever mais do que um parágrafo. Não porque as mudanças são muitas mas porque são quase nulas. Para qualquer lançamento, existem rumores que circulam no mundo online antes da chegada ao mercado do produto final. Para o Modo Carreira do FIFA 19, a comunidade estava bastante entusiasmada porque as novidades pareciam ser muitas: Novas conferências de imprensa, possibilidade de emprestar jogadores a um clube satélite ou mesmo a possibilidade de um modo carreira online. Mas a verdade é que não passaram de rumores, o modo carreira pouco ou nada mudou em comparação com a versão disponibilizada em FIFA 18. Temos a possibilidade de levar a nossa equipa aos palcos europeus e as contratações dos jogadores estejam um pouco mais desafiantes, mas é só isto. Vá lá, não acham que está na altura de lavarem a cara a este modo de jogo?

Ler mais: FIFA 19: Modo carreira bem construído mas a precisar de uma atualização.

Torneios – Aqui, como o nome indica, podemos jogar em modo offline várias taças e campeonatos de todo o mundo. Desde a liga NOS, onde Nacional da Madeira vem com o nome de ‘Funchal’ sendo o único clube português que não está representado pelo seu próprio nome, até a Championship inglesa ou mesmo torneios internacionais de futebol feminino. Aqui podemos também criar o nosso próprio torneio, escolhemos entre modo campeonato, eliminatórias ou fase de grupos e eliminatórias e jogamos contra a IA do jogo ou contra os nossos amigos.

Épocas Online – Começamos na 10ª divisão e jogamos online, escolhendo qualquer equipa, para conseguir alcançar o topo do futebol virtual. Temos ainda o modo ‘Épocas Cooperativas’ em que nos podemos juntar a amigos e jogar na mesma equipa de forma a levar o clube ao topo.


Clubes Pro – Aqui, um pouco à imagem das épocas cooperativas, temos a possibilidade de jogar com os nossos amigos e ter o mesmo objetivo: Levar o nosso clube ao topo. A grande diferença está na forma como é criado este clube, se no modo anterior apenas escolhemos uma equipa real, aqui temos que criar o nosso próprio clube e jogador. À medida que vamos fazendo mais jogos, marcando golos ou mesmo evitando golos da equipa adversária (dependendo da nossa posição em campo) vamos ganhando pontos de habilidade que usamos para evoluir o nosso jogador e assim conseguir crescer enquanto profissional de futebol e ajudar cada vez mais a nossa equipa a chegar aos patamares mais altos. Neste modo, começam cada vez mais a existir competições oficiais, muitas vezes ligadas a clubes desportivos, como é o caso do Sporting Clube de Portugal ou do Clube Desportivo de Tondela.

Ultimate Team – A galinha dos ovos de ouro da EA. Como dissemos no início deste artigo, são dezenas as competições oficiais de FIFA que acontecem todos os anos. Grande percentagem destas competições acontecem no formato Ultimate Team. Aqui temos que construir a nossa equipa de sonho e competir (sim neste modo não jogamos, competimos) para chegar ao topo. Construímos a nossa equipa através da aquisição de cartas de jogadores, algumas vendidas por milhões de moedas, e quanto melhores forem os jogadores da nossa equipa, melhores são as hipóteses de conseguirmos bons resultados. Mas cuidado, não é só ter bons jogadores. Caso tenha uma equipa com Ronaldo, Messi e Neymar na frente é possível que eles não joguem na sua máxima capacidade. Não o fazem porque não têm a mesma nacionalidade nem jogam na mesma liga, é preciso criar ‘química’ entre os jogadores. Mas neste modo a melhor forma de o perceber, é mesmo jogar.

Em comparação com o título do ano passado, muita coisa foi alterada no modo Ultimate Team: Division Rivals: A nova forma de competir online e a única maneira que temos de nos qualificarmos para o Torneio de fim-de-semana; Novas recompensas, incluindo os packs ‘Pick a Player’ onde tem a possibilidade de escolher entre vários jogadores o que melhor se adequa a sua equipa; Cartas Liga dos Campeões e ainda alterações táticas mais personalizáveis.

Mas porque é que dizemos que este modo é a galinha dos ovos de ouro da EA? Não são só as competições oficiais, são também as loot boxes. Packs de jogadores que podem ser comprados com pontos FIFA. Pontos esses que têm que ser comprados com dinheiro real. O que faz com que muitos jogadores, na esperança de verem um Ronaldo ou um Messi a aparecer no ecrã a sua frente, gastem centenas de euros nestes pontos. Um verdadeiro Pay-to-Win.

Pontapé de Saída – O que era um simples modo de jogo, onde podíamos praticar contra a AI do jogo ou mesmo contra amigos lado a lado no sofá, transformou-se num autêntico modo de festa. No pontapé de saída temos agora a possibilidade registar a nossa estatística contra adversários específicos ou mesmo contra a AI de FIFA 19. Podemos ainda levar o nosso progresso para qualquer lugar, associando o nosso nome de Pontapé de Saída ao nosso ID conseguimos aceder à nossa estatística e progresso em qualquer consola.

Dentro do Pontapé de Saída temos ainda vários modos de jogo: O Encontro Clássico que dispensa apresentações; o Regras da Casa, onde nós próprios fazemos as nossas regras e podemos jogar um jogo onde só valem golos de cabeça, um jogo onde não existem regras ou então um jogo onde perdemos um jogador sempre que marcamos um golo; o modo Champions League, onde jogamos contra os nossos amigos ou contra a IA em partidas da liga milionária; o modo Final da Taça onde jogamos, como o nome indica, finais das diferentes taças disponíveis no jogo; o modo Casa e Fora, onde temos que fazer dois jogos como se de uma fase de eliminatórias em duas mãos se tratasse e ainda o modo Melhor da Série, onde temos que vencer dois de três encontros ou três de cinco para nos sagramos vencedores.

Outros modos – Temos ainda o modo de treino, onde podemos praticar as nossas habilidades com a bola ou mesmo aprender os movimentos defensivos ou ofensivos para assim melhor perceber as mecânicas de jogo. Já no modo ‘amigáveis online’ podemos jogar contra amigos sem estarmos presentes na mesma sala.


Mudanças que não agradam a todos

Se a nível gráfico as diferenças entre edições começam a ser mínimas, a nível do motor de jogo este FIFA 19 apresenta alterações que mudam a raiz de como vivemos o futebol no novo título da EA. A impressão com que ficamos ao fazer esta análise foi que as alterações feitas ao motor de jogo do novo FIFA tornam-no mais real, mais aproximado de uma simulação e cada vez mais perto de se parecer com um verdadeiro jogo de futebol. A curva que a bola faz quando viramos o flanco de jogo, os movimentos dos jogadores que parecem mais reais, a forma como tocam a bola e o novo timed-finished (que complica bastante na hora da finalização) tornam o jogo mais emocionante e mais equilibrado parte a parte.

A emoção está também presente quando jogamos qualquer uma das principais ligas de futebol. Ao pegar no jogo, experimente começar uma liga espanhola ou mesmo inglesa e sinta o ambiente imersivo que se vive nos estádios, principalmente quando joga em casa. O ambiente dos estádios foi bastante trabalhado o que torna a experiência de jogo mais emotiva, tornando-se fácil viver o jogo como se estivesse a ver o clube do seu coração jogar uma final da liga dos campeões.

Voltando ao motor de jogo, pensamos que a EA cometeu um erro. Ao tentar tornar o jogo mais equilibrado no que toca à diferença entre defesa e ataque (em FIFA 18 era muito complicado defender), fez com que os defesas facilmente ganhem bolas aos atacantes e acabamos por ver coisas como um Luisão a apanhar em corrida um jogador como Raphinha. É bom saber que a EA está a tentar tornar o jogo mais equilibrado entre as partes e que cada vez é mais difícil acabar um jogo com 10 golos, tudo isto faz com que FIFA 19 se aproxime, como já referimos, da simulação. A jogabilidade do título da EA está cada vez mais parecida com a de Pro Evolution Soccer, será que a EA aproveitou que foi buscar a Liga dos Campeões e trouxe algo mais? Inspiração quiçá, dado que o PES dos últimos anos teve sempre um estilo de jogo mais próximo da realidade.

Embora, na nossa opinião, este FIFA esteja mais próximo do slogan “Joga Bonito”, presente no título da EA em 2015, estas mudanças não foram bem recebidas no seio da comunidade competitiva de jogadores profissionais de FIFA, e as críticas à nova jogabilidade multiplicam-se. Desde o lançamento, a EA já lançou uma atualização em que diz estar atenta à opinião da comunidade e que vai continuar a trabalhar para tornar FIFA 19 cada vez mais agradável. Será que isso vai acalmar as vozes mais críticas? E se não acalmar, será que um gigante como a EA vai ceder à pressão?


FIFA 19 já chegou às lojas e está disponível para PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360, Xbox One, Nintendo Switch e PC (Origin). Nesta análise, utilizamos como base a versão para PC que, em termos de conteúdos, é idêntica às versões para PlayStation 4 e Xbox One. Se é fã de futebol e quer mais que ir ao estádio ou ver a sua equipa na televisão, experimente o novo título da EA, vai ficar surpreendido.


Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para PC, gentilmente cedido pela EA.

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