Shuffle Tactics

Criado pelo estúdio Club Sandwich e lançado através da editora The Arcade Crew, Shuffle Tactics é um RPG por turnos com mecânicas de deck-building e roguelike que chama a si várias inspirações e vários sistemas que têm vindo a ser implementados, ao longo dos anos, em jogos deste estilo.

O mundo medieval onde se desenrola toda a ação do jogo é Asteria, terra essa que viu o seu governante, Rei Ogma, amaldiçoar a terra numa tentativa de fazer reviver a sua amada rainha. Já todos sabemos que isso nunca corre bem, mas esta gente insiste em cair sempre na esparrela. Mas nem tudo correu assim tão mal, porque se a maldição chamada Glimmer corrompeu as terras e os habitantes de Asteria também concedeu poderes muito especiais aos nossos heróis. Fletch, Doberknight e Catalina, vão tentar salvar a sua querida terra, cada um deles com o seu estilo de jogo e habilidades, mas todos eles prontos para libertar Asteria de tudo o que é maldição.

Doberknight é o típico soldado sempre de espada em riste e aquele que possuí as habilidades mais cinéticas, Fletch é a personagem mais defensiva e Catalina cumpre o eterno papel de mago. Temos sidekicks prontos para lutar ao nosso lado ao longo nas cerca de 12 horas que demora a salvar as terras de Astéria. Uma aventura que nos leva a uma mão-cheia de diferentes biomas que beneficiam de algo que impressiona desde início, que é a qualidade da pixel art. Pixel Art essa que conjuga muito bem o 2D das personagens com o ambiente isométrico 3D que serve de pano de fundo para a progressão a batalhas.

As animações também estão muito boas, detalhadas e complementam muito bem toda a direção artística. 

O grande trunfo anunciado deste Shuffle Tactics acaba por ser a sua maldição. Deck Building, o eterno problema de eventualmente ter uma enormidade de cartas dependentes de RNG que podem ou não destruir toda a nossa tática, ou ter o efeito inverso e salvar-nos de nós próprios (o típico... mais sorte, que juízo!). Já tive este problema há uns anos com o jogo Power Chord, que sendo ele também um roguelike deck-builder, padecia do mesmo problema. Demasiado RNG que eventualmente vai trazer demasiada frustração e pouco controlo à jogabilidade. Eu, pessoalmente, não sou apreciador de ver o meu destino à mercê da sorte, mas confesso que a espaços ter muitas opções a minha disposição acabou por ser benéfico. Pesando os dois lados da balança penso que, mesmo assim, é algo que não me agrada de todo.

Algo que não acontece em Shuffle Tactics, ou pelo menos, não acontece muito cedo é a típica saturação das mecânicas roguelike que têm tendência a se repetirem muito e causarem algum desgaste ao jogador. A variedade existente de cartas, mecânicas, inimigos e bosses (alguns bem difíceis) atenua muito essa possibilidade e sentimento que nunca pairou muito na minha cabeça ao contrário do que acontece em muitos outros títulos do género.

Também não se pode ignorar a quantidade de bugs que o jogo tem (cartas que desaparecem do nada, user interface meio temperamental e uns ocasionais problemas de câmara), na altura desta análise. Certamente será algo que será corrigido ao longo dos próximos meses (prática transversal a toda a indústria dos videojogos), mas continuo a preferir quando um jogo vem assim um bocadinho mais bem composto.

Shuffle Tactics tem algumas coisas a seu favor mas também tem outras tantas que pendem para o lado contrário. Apesar de ser um regalo para a vista e de ter um gameplay loop competente é difícil não dar relevância à questão do RNG e aos vários bugs que assolam o jogo. Dependendo da sensibilidade de cada um aos problemas que referi, atendendo que este jogo tem um preço até acessível e ao potencial que o jogo pode ter com uns quantos updates e ajustes, penso que Shuffle Tactics até tem pernas para andar. O jogo tem demo disponível na Steam, ótimo para aqueles que ainda poderão estar num limbo em relação à sua aquisição.


Shuffle Tactics saiu no dia 24 de junho de 2025 para PC (Steam).

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PC, gentilmente cedido pela The Arcade Crew.

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