Hotshot Racing


Lembram-se dos “bons velhos tempos” em que com algumas moedas íamos às arcades, sentávamo-nos numa máquina de Daytona USA ou SEGA Rally e, coordenadamente com os nossos amigos inseríamos as moedas ao mesmo tempo para participar numa corrida? Não é algo que facilmente conseguimos atualmente (embora ainda existam) ou que talvez muitos dos novos jogadores tenham experienciado, mas é uma daquelas experiências difíceis de replicar em consolas.

Talvez se recordem de Horizon Chase Turbo, um curioso jogo de corridas que apelava precisamente a essa nostalgia e cuja análise podem ler aqui [link] e, dentro desse espírito surge agora Hotshot Racing que partilha vários pontos semelhantes, mas a experiência acaba por ser diferente. É certo que se trata novamente de um jogo de corridas com uma estética simples, mas eficaz que replica na perfeição os clássicos de corrida da SEGA. 


Estamos perante um simples jogo de corridas com 16 diferentes pistas a explorar a toda a velocidade, usando drifts, túneis de vento e os turbos na melhor ocasião para manter o primeiro lugar. É muito fácil ser ultrapassado pelos nossos adversários, nem tanto em Normal, mas já em Hard ou Expert à mínima distração somos levados para o fundo da tabela. Os nossos adversários tanto podem ser incapazes de correr direito como sabem tirar partido das mecânicas do jogo, mas o principal problema é ao mais ligeiro embate numa parede o nosso carro quase que para por completo, mesmo que seja um pequeno toque com a traseira. Superando as dificuldades iniciais, quer sozinho ou até 4 jogadores a jogabilidade é eficaz, mesmo na Switch (versão que testei) é sempre fluído, mesmo quando a consola não conta com botões com gatilhos, o rápido premir do botão de travar permite facilmente fazer drift. 

Há muito feeling retro aqui que vai para além do estilo artístico ou sonoro, mas a existência de personagens cada um deles com uma mini história e, principalmente, frases cheesy que insistem em dizer a qualquer oportunidade, leva-nos facilmente aos anos 90. Acho que até falam demasiado, chegando ao ponto em que desliguei por completo o volume das vozes, mas como desapareciam também as do locutor acabei por voltar atrás. Cada um deles vem com 4 diferentes carros e imensas cores e partes dos veículos para desbloquear (e comprar), editando um pouco o aspeto da personagem escolhida, mas com alterações principalmente superficiais. 


O apelo à nostalgia por parte dos jogos de corridas da SEGA não vem por acaso, pois entre os vários nomes que vemos aparecer no início do jogo um deles destaca-se do resto, a Sumo Digital. Um estúdio responsável por vários títulos da SEGA, entre eles OutRun, Virtua Tennis ou o mais recente Team Sonic Racing. Não é só na jogabilidade que nos lembramos também de Daytona USA, os próprios cenários estão recheados de pormenores alusivos aos clássicos, onde tanto podemos estar a atravessar uma ilha paradisíaca como entramos por um vulcão adentro, passamos por um casino ou até mesmo assistimos ao rugir de um tiranossauro ao longe. 

Para além do tradicional modo Arcade ou Time Trial existem ainda 2 modos extra principais. Em Cops & Robbers temos de acumular o máximo dinheiro possível enquanto fugimos à polícia e, ao mesmo tempo, tentar ter a “vida” ao máximo senão transformarmo-nos em polícias e temos de fazer o mesmo aos nossos adversários, tornando toda a experiência em algo bastante aleatória. Já Drive Or Explode lembra-me perfeitamente dos modos de sobrevivência bastante presentes em diversos jogos, onde temos de atingir as Checkpoints dentro do tempo senão perdemos. Aqui há bastante pressão e alguma adrenalina e acaba por ser dos modos mais interessantes que o jogo oferece. 


Encontramos aqui um belo exemplar de um jogo ao estilo arcade bem adaptado às consolas, que facilmente nos alimentam a nostalgia dos mesmos mas sem andar constantemente a meter moedas para “mais uma corrida”.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Renaissance PR.

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