Marvel's Avengers
Marvel's Avengers é sem dúvida um dos títulos mais ambiciosos a serem lançados ainda nesta geração. Produzido pela equipa que trabalhou em títulos como o de Tomb Raider (lançado em 2013) Crystal Dynamics, o objetivo de Marvel's Avengers é pegar na plataforma cinematográfica da franquia e aplica-la como um jogo de serviço cooperativo online.
Embora não seja propriamente um “button masher” este é de
facto um jogo de muita ação, adrenalina e explosões a acontecer ao mesmo tempo.
Não é apenas disso que se trata já que foi depositada muita emoção na parte de
single player e na sua visão de equipa de super-heróis do que as primeiras
impressões ou até mesmo a demo deixaram antever. Falo por experiência própria
porque detestei a minha experiência com a demo, senti de facto a falta de muito
pelo pouco apresentado. Infelizmente, alguns destes aspetos continuam
para o jogo completo, mas já lá iremos.
A interação entre a equipa é um bom presságio para os planos
de serviço de longo prazo do jogo e atualizações episódicas da história, já que
todos os membros são apresentados em pontos diferentes da ação e com uma
história que faz sentido no seu global.
Embora o título do jogo seja Marvel's Avengers, a história
principal do jogo gira em torno de uma das personagens, Kamala Khan, uma
adolescente que adora todo o universo Marvel. Durante as celebrações do
Avengers Day um ataque terrorista, liderado por Taskmaster, leva a um
acontecimento trágico com o Chimera no seu ponto principal. A bordo do Chimera
estava um Cristal Terrigen com imenso poder que deixou toda a cidade de São
Francisco praticamente destruída e de baixo de uma Névoa de fumo Terrigen, transformando
inúmeras pessoas em “Inhumans”.
Para não levantar muito o véu à história foi assim que
Kamala recebeu os seus superpoderes e todo o grupo se desmoronou. Cada membro
do grupo está a tentar lidar com o fracasso coletivo à sua maneira. O capitão
América é dado com morto, Bruce Banner não acredita mais na missão dos
Vingadores e anunciou ao mundo que o próprio grupo é um risco para a sociedade.
Com isto o Homem de Ferro a sentir-se traído, retira-se de cena e tenta
continuar a sua vida com um estilo mais descontraído e longe de todas as tecnologias,
enquanto que Thor e a Viúva Negra desapareceram não se sabe muito bem para onde.
O jogador vê-se assim envolvido por esta história que cedo
deixa os sentimentalismos de lado e passa a ação. O objetivo principal é o de
tentar reunir todo o grupo para fazer frente ao A.I.M, uma organização científica
liderada pele ex cientista George Tarleton (ou MODOK), que jura encontrar uma cura para o
que é apelidado de “Doença Inumana”. As aparências iludem de maneira que nem
tudo o que parece é.
Um dos problemas que notei relativamente às personagens em
si não é tanto pelo modo de combate e pelo seu sistema de combos e tipos de
habilidades, mas sim pela falta de ligação com o público. Todas as personagens
parece que caiem numa falta de carisma de feições gritante, talvez pela forma
como todos os atores que interpretam as personagens tão marcantes do universo
Marvel, o fazem. Mas por incrível que parece apenas senti essa ligação entre a
Kamala e o… Hulk quando Hulk e não como Bruce. Tentaram de facto tocar em
pontos marcantes, mas que pouco ou nada transmitem nesse sentido.
A campanha tem cera de 10 a 12 horas de duração. É sempre difícil
de prever o tempo de duração dependendo da dificuldade escolhida, no entanto, toda
a campanha foi feita no modo “hard” o que requer alguma persistência em missões
mais complicadas e que não dispões da possibilidade de trazer uma companhia,
seja ela controlada pelo próprio computador ou por um amigo ou jogador aleatório.
Sim, existem certas missões no modo de história onde é possível convidar um
amigo.
É possível que o jogador apenas esteja interessado neste
modo de história do jogo e realmente não existe nada de mal nesse aspecto. É
uma experiência interessante e uma abordagem diferente no que toca ao que estamos
habituados no grande ecrã.
Missões como esgueirar-se por um parque memorial dos
Avengers para ultrapassar os membros da organização A.I.M, ou até montar toda a
armadura do Homem de Ferro enquanto se sofre um ataque inimigo, proporcionam
ação e suspense no contexto da narrativa que se apresenta mais ampla.
Quero com isto dizer que a maior parte dos ataques e mecânicas
mais interessantes estão sim, quando se evoluí a personagem. Acontece que quando
se termina o modo história as personagens estão mais ou menos a nível 10 dos 50
disponíveis. Como dito anteriormente existe uma árvore de habilidades, onde é
possível adquirir novos movimentos à medida que se evoluí o personagem. Digamos
que o modo história está mais associado a colocar o jogador em situações
específicas em vez de te colocarem em situações mais interessantes mecanicamente
falando.
E como é o conteúdo pós terminar a campanha? É bastante promissor,
mas a transição entre singleplayer e multiplayer é de longe das mais suaves.
As primeiras horas podem ser confusas relativamente a que
missão escolher para ter uma linha de continuidade. Muitas missões pós-jogo
acontecem em edifícios idênticos, colocados em locais diferentes e todo o
ambiente parece super idêntico. Cada base A.I.M em que é necessário infiltrar
apresenta os mesmos corredores que culminam num grande espaço de encontro final
de missão. Nesse sentido sente-se que foi apressado. Acredito que com o passar
do tempo e com a inclusão das novas personagens este aspeto seja ultrapassado,
mas até lá o sentimento de repetição está bastante presente.
Outro aspeto que pode ser bastante desapontante é a nível do aspeto de equipamentos e armaduras colecionáveis. A maior parte dos jogadores, e falo um pouco de mim, neste género procura aquele set de armadura em específico não apenas por dar mais dano ou estar associado a algum tipo de mecânica que prefere, mas também pelo seu aspeto gráfico. Coisa que não acontece em Marvel's Avengers. A única forma de alterar a personagem é se adquirir uma nova armadura na loja. De facto, introduz linhas de pensamento em torno das mecânicas que cada set de armadura consegue proporcionar, mas relativamente à inexistência de qualquer mudança a nível visual deixou um imenso sabor a amargo.
No geral, Marvel's Avengers funciona super bem como um jogo de aventura e ação, com gráficos muito bem conseguidos e ação em todos os recantos. Mas sinceramente tenho algumas dúvidas com o serviço e com o nível de divertimento que o conteúdo pós campanha tenha para oferecer. Pode ser de facto interessante passar umas horas a bater em ondas de inimigos acompanhado até 3 amigos, mas a repetitividade associada a esse propósito é que me deixa com imensas dúvidas. Há espaço para melhorar e vamos acreditar que aos poucos e com sorte, se torne mais impressionante em alguns pontos que agora não são tão memoráveis.
Nota: Análise efetuada com base em código final para a PS4, gentilmente cedido pela Bandai Namco Ent.