Psychonauts 2


Quando o jogador é surpreendido após anos e anos a jogar videojogos, o sentimento e aquele arrepio de emoção é especial: foi isso que senti ao jogar Psychonauts 2. Tudo aquilo que é importante num jogo de plataformas está lá, e confesso que tinha saudades de um jogo deste género com qualidade acima das expectativas, principalmente uma sequela de um jogo que infelizmente foi ignorado no passado e que agora se “vinga” da forma mais fantástica possível.


Para tudo fazer sentido, comecei por jogar o primeiro título, visto estar gratuito no GamePass, pois infelizmente nunca lhe tinha pegado, apesar de conhecer o alarido que houve em torno dele. Com isso, pude finalmente entender a razão por detrás de todo o entusiasmo em volta de Psychonauts e da longa espera por esta sequela que agora chega às consolas Xbox e PlayStation, vinda da Xbox Game Studios.

Gostei muito daquilo que vi no primeiro, mais interessante do que esperava, mas estamos aqui para comentar acerca da novíssima aventura de Razputin e, que aventura essa, é quase difícil de explicar o quão impressionante este jogo é. Iremos por partes e podemos afirmar que tudo que o jogo apresenta está com extrema qualidade, é na minha opinião um dos melhores jogos do ano e até agora, o melhor jogo de plataformas de 2021 sem qualquer dúvida.

Para aqueles que não querem jogar o primeiro por ser 20 anos mais velho que esta sequela, não há qualquer problema: este novo título começa com um pequeno e muito bem elaborado resumo de todos os acontecimentos do jogo original. Embora eu tenha de confessar que vou mesmo querer terminar depois o primeiro Psychonauts.


Assim que se inicia o jogo, é bem visível a evolução “monstruosa” entre ambos os jogos. Embora o primeiro esteja bastante jogável nos dias de hoje, seja a nível de gráficos ou fluidez e jogabilidade, Psychonauts 2 está perfeito e melhorou tudo aquilo que podia em relação ao primeiro jogo. Foi assustador passar do original para a sequela, foi um choque, o grafismo parece um filme de animação 3D jogável, especialmente nas cut scenes, as animações estão belíssimas.

Não será necessário aprofundar muito sobre os gráficos, estes estão a olhos vistos com uma apresentação fenomenal, talvez o facto de Psychonauts ser num mundo bizarro que mais parece uma mistura de Tim Burton mas sem o noir, é realmente um jogo com personagens únicas, por falar nas personagens, para além do seu design que pode até não agradar a muitos, com o tempo, é facilmente aceitável, isto porque o carácter de cada uma é tão fincado, tão próprio, que faz parece que estamos em contacto direto com todas as personagens deste universo, cada uma delas com as suas ideias e para complementar, o voice acting é extraordinário, nem preciso de acrescentar mais uma palavra.

Como dito antes, o jogador terá criado laços com todas as personagens poucos minutos de começar o jogo, sentimos fazer parte de tudo aquilo que estamos a experienciar, é como se entrássemos naquele mundo, a quantidade de personagens é imensa e falando um pouco do nosso protagonista Raz, creio que quem jogar, irá realmente gostar muito dele, com um bom sentido de humor sem exagerar, referências a filmes como “Heat”, há de tudo para amar o nosso pequeno herói.



Quando iniciei a primeira missão, que exige perseguir um dentista, a emoção foi soberba. Para os mais distraídos, em Psychonauts, o objetivo principal é entrar na mente das personagens, cada mente acaba por ser um nível/masmorra, no entanto a ação também decorre fora dos encéfalos criativos tanto de inimigos como até de aliados, cada cérebro terá a sua experiência e cada um com as suas emoções.

Os inimigos são imensos, dentro dos cérebros vão encontrar tudo aquilo que nós seres humanos vivemos no nosso quotidiano, a tristeza, a alegria, o arrependimento, as más ideias, o medo, a ganância e etc… Digamos que, tudo aquilo que é mau na nossa vida, deve ser eliminado, esses são os principais inimigos, já algumas ideias dentro de cada um deve ser alterada para uma mente positiva, o que significa que iremos ter o poder de realizar as trocas efetuando uma ligação de um pensamento positivo e forte, algo difícil de expressar em “papel” mas que fará todo o sentido no jogo, isto porque não quero dar algum spoiler, no entanto é mais para terem uma perceção de como funciona e o porquê de termos de entrar nas mentes das personagens, realizar alterações pois essa é a função de um Psychonaut.

Se existem muitos inimigos, vão também ter de enfrentar muitos bosses, onde a originalidade é fantástica e isso surpreendeu-me tanto que apesar de não serem extremamente difíceis, são super divertidos de enfrentar e tudo com lógica, citava constantemente a palavra originalidade enquanto jogava Psychonauts.



Ainda não referimos a narrativa que na maior parte dos jogos de plataformas, nunca acrescenta nada de especial, não queremos dizer que é a melhor de sempre mas, é muito interessante e as missões secundárias são divertidas e igualmente interessantes, o que na verdade acaba por ser raro neste género, isso agradou-me imenso e fez com que tivesse curiosidade em explorar e andar à procura de algo mais para além da campanha principal.

Há muita coisa que veio do jogo original, os figments que estã literalmente por todos os níveis, devem ser colecionados para ganhar pontos para efetuar upgrades nos poderes de Raz. Além disso existem metades de encéfalos espalhados aqui e ali para serem colecionados e formar um só cérbero que acrescenta no fundo, uma “Barra” de saúde, neste caso são precisamente os cérberos que determinam a saúde do nosso protagonista.

Se tenho dito que o jogo é original, há dois aspetos em que Psychonauts 2 é quase incomparável com tudo aquilo que se possa ter jogado até hoje, os poderes e os níveis. Estão extremamente originais, fantasticamente elaborados, e o primeiro nível é um exemplo daquilo que vão poder encontrar até ao final do jogo, como dito antes, a palavra de ordem aqui é originalidade. Sempre que entrava na mente fosse de quem fosse, algo novo surgia, com isso a utilização dos poderes de Raz tinham as suas funções. Por exemplo, usar o poder de agarrar objetos e atirar para um sítio específico, com o poder de ligação efetuar um percurso e conectar mentes, o Pyrokinesis que como o nome indica, criar chamas e queimar posters para dar acesso a buracos escondidos com itens, o controlo da mente de ratazanas, npcs ou inimigos, flutuar e dispara com o PSI Blast, criar uma desenho e com ele atravessar grades no qual o próprio Raz não consegue atravessar, há de facto poderes incríveis e originais e acima de tudo, que vão ser usados imensas vezes e não apenas em determinados níveis.



A música é outro aspeto maravilhoso que não podia deixar de passar em branco, seja nas lutas ou na exploração, há sempre algo que se encaixa no ritmo de jogo, já para referir que o jogo até é longo e a música não se torna enfadonha ou repetitiva, é algo mágico e que fica bastante no ouvido, o que por vezes, excepto um jogo Super Mario, não é costume ficar-me na cabeça algo de especial.

Uma jogabilidade refinada, com uma direção artística fabulosa, uma dificuldade equilibrada, gráficos e desempenho de alto nível, Psychonauts 2 é um exemplo de como os jogos de plataformas devem ser criados, com foco na originalidade, uma boa narrativa e diversão real, superou as minhas expetativas por completo, não podia estar mais feliz a agradecido pelo trabalho da Double Fine, parabéns, estava com saudades de algo assim na minha vida.



Queremos apenas relembrar que o jogo estará disponível nas consolas Xbox One, Xbox Series X|S, Playstation 4 e 5, com especial atenção a quem tenha o serviço Xbox Game Pass, no qual estará disponível no dia de lançamento. Neste caso, jogado numa Xbox Series X, em glorioso 4K.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Xbox, gentilmente cedido pela Xbox Portugal.

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