Greak: Memories of Azur


Há jogos em que somos apanhados de surpresa pela sua belíssima arte, ambiente e personagens, sejam eles retro, modernos, indies, há jogos que se destacam de tal forma que é impossível não deixar um sorriso no rosto de pura satisfação daquilo que estamos a jogar, no fundo, a apreciar com imenso prazer, esse é o caso com Greak: Memories of Azur.


São tantos indies hoje que é difícil conseguir acompanhar, é preciso separar os bons dos maus e razoáveis, aqueles que se destacam, eu tenho todo o gosto em pelo menos experimentar. Assim que recebi nas minhas mãos Greak: Memories of Azur, eu fui na verdade espreitar um trailer para saber aquilo que me espera e, assistir ao seu trailer foi o suficiente para me convencer de que uma aventura lindíssima estava à minha espera.

Um jogo 2D de plataformas e ação, com uma jogabilidade simples mas fluída, onde controlamos 3 personagens com um design super apelativo. Inicialmente temos o controlo de Greak, com uma espada especial e única, em buscar da sua irmã Adara, algo que na verdade acaba por acontecer assim que se começa mas, algo sucede e são novamente separados. O nosso herói irá acordar numa pequeníssima aldeia onde fará amigos e terá ao seu dispor os básicos, isto é, o mercado onde pode realizar upgrade ao seu arco, whetstone para limar a sua espada, itens de restauro de saúde e upgrade à sua bolsa que é altamente recomendável.


Aqui na aldeia ficamos a perceber que o jogo bebe inspiração de jogos como Zelda, o facto de podermos cozinhar ingredientes que encontramos ao longo da nossa jornada, para restaurar a saúde que será algo a ter em conta, itens para venda para ganhar mais cristais (a moeda para realizar compras) e ainda na aldeia, um soldado que irá ensinar Greak a lutar, ou seja, realizar novos ataques treinando o nosso protagonista, para tal, teremos de realizar as missões secundárias que nos são exigidas, após o objetivo concluído, voltar a falar com o soldado para a aprendizagem de truques que podem fazer toda a diferença. Embora os ataques sejam simples, estes truques que se aprendem com o soldado são eficazes, os inimigos não são difíceis mas os bosses podem exigir mais do jogador. Há um pouco de exploração a efetuar mas nada comparado a metroidvanias, acaba por ser simples e direto ao assunto, o que na minha opinião, facilita imenso e convida os jogadores mais jovens a jogarem esta maravilha.

Enquanto jogarmos com Greak a solo, pode-se dizer que está tudo sob controlo, assim que encontrarem a irmã, o gameplay é mais exigente e interessante, por outro lado pode complicar a vida do jogador porque terá de ter sempre em atenção o controlo de ambos personagens. O mapeamento de ações/interações com ambos não está mal feito, um botão serve para chamar a personagem que pode estar perdida, o outro para caminhar lado a lado, o problema é quando queremos saltar para uma plataforma longínqua e Greak usa o seu duplo salto, já Adara usa um poder de voar por determinado tempo, com os inimigos à mistura, é um pouco complicado, em certas ocasiões, ter o olho em tudo, pior mesmo só quando enfrentamos bosses, não são extremamente difíceis mas complicam imenso quando temos de controlar duas personagens em simultâneo fora perceber por onde ou quando o boss vai atacar, foi na verdade, o maior problema aqui, embora se premir o botão de ataque ou de salto a personagem irá realizar essa função, o controlo acaba por não corresponder propriamente com a necessidade e precisão desejada.




Se Greak luta com a sua espada, Adara usa uns projeteis que necessitam de ser carregados após uma sucessão de disparos. Com Greak temos o salto duplo e um arco para lançar flechas, já Adara pode suster a respiração debaixo de água por um longo período de tempo e voar por um determinado tempo ao contrário do salto duplo do protagonista. E há casos em que Greak pode passar por pequenos buracos, coisa que Adara por ser mais alta, não terá essa capacidade. Existem puzzles realmente bons em que vão deixar o jogador a matutar por algum tempo, nem se pode definir como difíceis nem fáceis, assim sendo, têm o seu tempo e valor, principalmente quando estes exigem a troca entre as personagens para ultrapassar obstáculos, não é propriamente inovador mas funciona muito bem.

Os cenários, esses, coloridos e pintados à mão, são uma obra de arte, a música, é outro elemento forte que encanta e faz o jogador sentir-se na pele de um herói numa jornada para derrotar o mal, é mesmo tão bom que há muitos anos não sentia essa sensação de aventura da qual refiro sempre que o Ocarina of Time tem aquela sensação de aventura e progressão como nenhum outro jogo tem, em Greak: Memories of Azur tive essa sensação, é belíssimo.



A Team 17 trouxe um jogo que pode não ser inovador ou algo do outro mundo em termos técnicos, mas tem uma alma enorme e isso para mim, é o suficiente para ficar grato por ter experienciado algo assim e tornar-se num dos meus indies favoritos do ano e que por tristeza, possivelmente não será uma enorme referência na indústria devido à sua alta competitividade e exigência nos últimos anos.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Team 17.

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