É um Maravilhoso Mundo


Artigo escrito por César Mendes.

Imaginem um mundo onde após uma grande guerra, a Humanidade arranjou maneira de manter a Paz criando apenas 5 Impérios, ficando estes obrigados a manter essa paz no mundo para o futuro. Mas manter a paz não quer dizer que os impérios não tenham alguma concorrência para serem o império que mais prospera no planeta. Em É um Maravilhoso Mundo ("It's a Wonderful World" na edição internacional), os jogadores vão ser um destes impérios com o objetivo de se desenvolver mais rapidamente do que qualquer outro império, mas tendo em conta os recursos limitados temos que o fazer de forma bastante eficiente.

 

É um Maravilhoso Mundo é um jogo para 1 a 5 jogadores recomendado para 14+ anos e que se joga em 30m-60m, sendo desenvolvido pelo Frédéric Guérard e com arte da Anthony Wolff. Foi publicado em 2019 pela La Boîte de Jeu sendo a versão portuguesa publicada pela Mebo Games.

Este jogo utiliza como principais mecânicas Card Drafting, Hand Management, Set Collection, onde o jogador irá recolher recursos para construir cartas, aliciar financiadores e generais e com isto ganhar pontos. No final do jogo quem tiver mais pontos terá o Império com maior sucesso e será o líder no nosso planeta.


Como se Joga

Cada jogador irá começar o jogo com a sua carta de império que terá dois lados, onde cada lado irá ter um conjunto de recursos que são gerados numa das fases da ronda e pode ter ou não uma vantagem diferente dos restantes jogadores. Além da carta de império iremos ter 7 cartas de Desenvolvimento que serão as cartas que o jogador vai utilizar para serem construídas ou produzirem recursos.

O jogo desenrola-se durante 4 rondas onde no final da quarta ronda iremos contar os pontos e quem tiver mais pontos ganha o jogo.

Cada ronda é composta pelas seguintes fases:

Fase de Seleção

Fase de Planeamento

Fase de Produção


Fase de Seleção

Durante a fase de seleção cada jogador vai escolher uma das 7 cartas que tem na mão, colocar na Área de Seleção e passar as restantes para o jogador seguinte. Faz o mesmo com as restantes 6 cartas que recebeu do outro jogador e assim sucessivamente até ter à sua frente 7 cartas.


O jogador a quem passamos as cartas será diferente entre cada ronda, pois nas rondas ímpares damos as cartas ao jogador à nossa esquerda e nas rondas pares vamos entregar as cartas ao jogador à direita.


Fase de Planeamento

Durante a fase de Planeamento os jogadores têm duas hipóteses do que vão fazer com as cartas: ou as guardam para construção, colocando-as na Área de Construção, ou reciclam a carta de forma a receberm imediatamente o cubo que se encontra no canto inferior direito da carta. Nos exemplos na imagem em baixo, podem receber (ao reciclar a carta) um cubo verde (Ciência) na carta mais à esquerda, ou um cubo amarelo (Ouro) na do meio ou o um cubo preto (Energia) na carta da direita.

 Ao receber cubos têm de os colocar nas cartas em construção ou na sua carta de Império, onde nesta última serão transformados em Krystallium, que funciona como um cubo de qualquer cor.

Se uma carta é totalmente construída ao fornecer os recursos (cubos) necessários esta é transferida para a Área de Cartas Construídas. Podemos ver o custo em cubos para construir a carta no canto superior esquerdo de cada carta.


Fase de Produção

Durante a fase de produção os jogadores vão em simultâneo gerar os recursos na carta de império e respetivas construções. Existe uma ordem pelos quais os recursos são gerados (da esquerda para a direita) como podemos ver pela imagem em baixo: 

 


 Isto é feito porque em cada tipo de recurso existe um bónus para quem tem a maioridade de recursos gerados durante aquela ronda, onde podem receber Financeiros ou Generais conforme o tipo de recurso a ser gerado.


Final do jogo

No fim da 4ª ronda os jogadores vão contar os seguintes pontos nas suas cartas construídas:

Pontos diretos nas cartas

Pontos combinados, ou seja, multiplicadores de cartas consoante o tipo de cartas, de Financeiros, Generais, etc.

Somar 1 ponto por cada token dos Financeiros e dos Generais

No lado A das cartas de império temos um modificador que pode dar mais pontos

 


Modo Solo

Eu sou um chamado “Solo Gamer”, e gosto muito de jogar jogos sozinho e por isso tinha que experimentar o modo solo do É um Maravilhoso Mundo. 

O modo solo é um “Beat your own Score”, ou seja, temos alguns objetivos a nível da quantidade de pontos, mas o objetivo real é fazer sempre melhor pontuação do que fizemos anteriormente. Não é um tipo de modo solo que me entusiasme muito, pois gosto mais de ter algo com que esteja a competir fisicamente e a nível de pontos.

Como somos o único jogador não iremos fazer a fase de Seleção, mas para simular o Drafting vamos criar 8 pilhas de 5 cartas e teremos as seguintes ações:

Tiras uma pilha de 5 cartas onde escolhes que cartas queres colocar na zona de construção ou que cartas queres usar para reciclar

Tens também a opção de descartar 2 cartas para tirar 5 cartas do baralho. Dessas 5 cartas escolhes uma para manter e descartas as restantes 4.

Após jogares as cartas todas, irás repetir as ações anterior com a pilha seguinte. Após isto passas à Fase de Produção em que produzes os recursos da mesma forma que no jogo a 2 ou mais jogadores, com a diferença em que apenas recebes um Bónus se produzires 5 ou mais recursos daquele tipo.

No final do jogo contas os pontos normalmente e comparas com a tua pontuação anterior e com uma tabela existente no livro de regras.


Opinião final (múltiplos jogadores)

É um Maravilho Mundo é um jogo que tematicamente não é muito forte, não sendo o tema algo extraordinário, mas que encaixa bem no que pretendemos fazer. A arte do jogo representa bem a temática e é bastante interessante. Recomendo que olhes para a arte de vez em quando enquanto estás a jogar pois tem imagens bem bonitas. A nível de grafismo o jogo está muito bem conseguido, sendo toda a simbologia bastante simples e intuitiva onde ninguém vai ter dificuldade em perceber as opções que existem nas cartas e de que tipo são.

A nível de componentes gostava que fossem um pouco melhor e estivessem mais ao nível da arte e grafismo, mas é compreensível que estes tenham sido mais simples para manter o custo do jogo acessível. Gostaria de ver algo mais temático do que apenas cubos com cores diferentes, e, embora as cartas tenham boa qualidade, é aconselhável protegê-las se o jogo for bastante requisitado.

O jogo é bastante simples de aprender e graças à simbologia rapidamente todos percebem as suas opções e como uma ronda se desenrola. O livro de regras está bem estruturado e é fácil de aprender ou relembrar as regras. Como em qualquer jogo de Drafting, este tem um bom ritmo se não houver quem sofra de A.P. (Analysis Parallisis – demorar muito tempo a decidir o que fazer), ficando um comboio de cartas para este jogador ver e escolher. É muito interessante ver o nosso motor desenvolver-se. Em cada ronda recebermos mais recursos e conseguirmos construir mais cartas, mas não vejo nada de novo em termos de mecânicas ou mesmo como estas são utilizadas. Caso procurem um jogo para iniciar alguém em mecânicas como Engine Building, então recomendo antes o Century Spice Road e para Drafting recomendo o Sushi Go.

O jogo tem um baralho gigantesco de cartas e não vemos grande parte delas num único jogo o que torna a continuidade do jogo bastante elevada.

No geral É um Maravilhoso Mundo é um jogo interessante, mas nada de extraordinário, não compreendo o hype à volta deste jogo. Está bem pensado e tem grande variabilidade de jogo com combos bem interessantes de produzir recursos e construir cartas, mas o jogo termina demasiado cedo ou é demasiado lento a desenvolver o motor. Quando temos um motor que começa a mexer e a começamos a ser valorizados com o nosso planeamento, o jogo termina, deixando uma sensação amarga, não deixando o desejo de jogar novamente. Temos escolhas difíceis no Drafting, e as estratégias não são facilmente visíveis, deixando os jogadores nos primeiros jogos perdidos sobre o que devem de fazer, algo que apenas é um problema se jogarmos o jogo poucas vezes.

Resumindo, É um Maravilhoso Mundo é um jogo interessante com grande variabilidade e bons componentes, em que se premeia quem o jogar mais vezes. No entanto, temos jogos mais interessantes no meu ponto de vista para fazer o que este jogo tenta fazer sem deixar a sensação que terminou demasiado cedo

 


Opinião final (Solo)

Gostei mais do É um Maravilhoso Mundo a solo, pois temos mais e melhores escolhas e temos mais oportunidade de construir o nosso motor de forma eficiente, dado que existe a possibilidade de ver mais cartas e como isso sermos mais eficientes. Não só vamos ver 10 cartas (5 de cada baralho) contras as apenas 7 no jogo com mais jogadores, como temos a oportunidade de descartar o que não queremos e ver mais 5 cartas para escolhermos a melhor. Isto permite ver mais cartas e ter um maior controlo do que queremos fazer. No jogo a solo conseguimos ver uma grande parte do baralho, o que nos dá muito maior satisfação em termos de escolhas, embora limite mais a continuidade do jogo.

Como mencionei anteriormente, não gosto muito de ter um “beat you own score” mas têm satisfação quando terminarem e verificarem a vossa pontuação contra a tabela.

Resumidamente, se procurarem um jogo Engine Building com Drafting este é uma boa opção e foi uma forma simples e inteligente de dar a sensação de estarmos a fazer Drafting com outros jogadores.




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