Soccer Story


Passou-se um ano desde que uma calamidade mudou o mundo para sempre! E o futebol, também mudou o futebol e isso é o mais importante para esta aventura. Com surpresas dignas de uma novela latino-americana e um enredo que tem tanto de bom como de estranho, este não é um jogo para ser levado muito a sério, pela escrita que apresenta, os diálogos cheios de trocadilhos entre personagens que vão dos normais humanos a animais ou fantasmas. A nossa missão é restaurar a ordem no mundo para voltar tudo como era dantes e, o mais importante, trazer o futebol de volta. E não se chama soccer, é futebol, mas esta é uma batalha que a equipa detrás do jogo conhece bem.


Em Soccer Story ninguém pode jogar à bola, exceto em partidas organizadas pela maléfica Football Inc., mesmo a palavra ou o simples ato de olhar para uma bola de futebol é proibido, e nem falemos de dar toques numa bola. No meio deste terrível cenário uma bola mágica encontra o nosso protagonista, levando-o a enfrentar tudo e todos para restaurar a ordem. Aqui todos os nossos problemas são resolvidos através do desporto rei, que irá unir um leque de personagens numa arriscada missão.

A fusão de desporto e RPGs não é nada de novo, afinal, mesmo que Soccer Story não seja da mesma equipa que criou Golf Story, demonstrou-se que entre jogos indie conseguimos ter jogos incríveis unindo géneros que não aparentam ter nada em comum. Mesmo Sports Story está aí a chegar e, focando-nos apenas em futebol e RPGs a temos Inazuma Eleven, o que para fãs Soccer Story pode ser muito apelativo. No entanto este título é bastante mais calmo que Inazuma Eleven, a parte RPG surge muito por poder melhorar as estatísticas da nossa e pouco mais, tendo uns movimentos especiais, mas nada de espantosos ataques para usar nas partidas.


Ironicamente é a parte que menos gostei do jogo. As partidas são poucas, curtas, onde facilmente conseguia dominar o campo por ter as minhas personagens com boas estatísticas. No entanto até mesmo isso parecia irrelevante, já que bastava ter posse de bola e carregar repetidamente no botão de chutar em frente à baliza que facilmente marcava golo. Podemos passar, driblar ou passar rasteiras para roubar a bola, a oferta de movimentos não é a mais vasta e são poucas as vezes que o adversário nos coloca à prova. Também cada equipa tem um tema associado e não tiram partido disso dentro do campo, apenas na história do jogo e, mesmo assim, sabe a pouco.

Por outro lado, a exploração e tudo o que podemos fazer nela é a melhor parte! A qualquer momento podemos invocar a nossa bola mágica de confiança e usá-la para resolver todos os nossos problemas, ou seja, as várias missões que nos vão aparecendo. Sejam principais para avançar com a história ou secundárias e completamente opcionais, há todo um conjunto de puzzles interessantes, mesmo que alguns repetidos, que não nos roubam muito tempo e são bastante divertidos. Infelizmente por vezes podemo-nos perder aqui, pois o mapa não nos indica os locais onde estas missões são feitas ou sequer onde estão as personagens chave para as fazer, tendo de andar pelo mapa à procura, o que por vezes pode ser frustrante.


Há vários pequenos segredos a encontrar pelo mapa e por todas as suas regiões, que geralmente envolvem chutar a nossa bola para elementos claramente destacados a pedirem para serem atingidos por uma bola. Para tal temos um remate em jeito bastante útil onde apontamos a bola, que não é bastante prático ao premir o gatilho direito, algo facilmente resolvido mudando os controlos. Somos recompensados por esta exploração, vamos melhorando as nossas personagens e ainda temos minijogos que pegam noutros desportos além do futebol, entre eles uma clara referência a Golf Story!

Tudo isto é acompanhado por uma boa banda sonora que enriquece a nossa aventura, menos nas partidas onde a música é inexistente. Visualmente é tudo o que podemos esperar de um jogo com inspiração retro, com visuais simples e bastante coloridos, onde até podemos alternar entre o modo qualidade ou performance, onde basicamente no primeiro temos melhores sombras e efeitos de profundidade de câmara. Diferenças muito pouco notórias que não compensam a grande quebra de fluidez só por ter uns efeitos adicionais.


Inspirando-se imenso no estilo de exploração à RPG, o jogo conta com uma divertida história cheia de piadas, e mesmo quando muitas vezes passam ao lado, têm o seu charme. Importantíssimo referir que o jogo está localizado tanto para português de Portugal como do Brasil num bom trabalho de localização onde até o Euro de 2004 referem, por ter jogado na nossa língua. São várias as piadas e referências ao mundo do futebol que os mais atentos irão perceber, onde a FIFA é alvo fácil, mas infelizmente há também outras que se perderam na tradução para português: por exemplo, há a disputa se é soccer ou futebol que se perdeu por completo, tornando-se num conjunto de diálogos estranhos e sem sentido entre duas personagens.


Com o mundial a decorrer estamos em plena época da febre do desporto rei e, se procuram um jogo de futebol leve, mas divertido muito dentro do estilo de Golf Story, têm aqui um bom título a ponderar. Uma aventura ligeira, que não nos ocupa muito tempo, mas com bastante a fazer, já disponível nas consolas e PC!


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela No More Robots.

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