Lisboa Games Week 2022: O evento das saudades... E algumas novidades
Sim, aconteceu mesmo: a Lisboa Games Week voltou, depois de dois anos de jejum causados pela pandemia do covid. Um evento que, apesar das dimensões reduzidas em comparação com edições anteriores, esteve muito recheado de emoções e novidades do que se vai fazendo em Portugal no mundo dos videojogos. Um evento que, para mim, foi tão carregado de "matar saudades" de muitas pessoas, como de ficar a conhecer pessoalmente muitas outras...
Mas comecemos pelo evento em si, que decorreu nos passados dias 17 a 20 de novembro na FIL, em Lisboa. A principal desilusão que se revelou praticamente em quase todos os visitantes foi a grande redução de espaço do evento: se nas edições anteriores ocupava dois pavilhões inteiros da FIL, mais alguns espaços pelo meio, em 2022 o evento ficou reduzido a apenas um pavilhão mais uma zona de alimentação. Com isto, também se reduziu bastante o espaço disponível para a livre circulação das pessoas entre os vários stands, resultando em algumas áreas demasiado "amontoadas" que acabavam por prejudicar os próprios expositores.
A segunda desilusão foi a nível dos próprios expositores, especialmente no que diz respeito à PlayStation, que optou por nem sequer aparecer - vá, houve um palco que contou com a presença de Diogo Morgado para falar da sua participação na localização do novo God of War Ragnarök. É muito difícil justificar a completa ausência da marca no maior evento de videojogos em Portugal. Bolas, até um pequeno cantinho com uma figura de cartão do Kratos para as pessoas tirarem selfies teria sido melhor do que não aparecer... Também ausente esteve a Xbox, enquanto consola, tendo apenas um stand dedicado ao PC Game Pass com vários portáteis onde as pessoas podiam, na realidade, ficar só a fazer o que lhes apetecesse. Indiferente a tudo isso, o stand da Nintendo acabou por ser um dos maiores e, principalmente, o mais espaçoso de todo o evento, com dois palcos sempre recheados de atividades e brindes para os participantes, bem como várias consolas com Splatoon 3 e os novos Pokémon Scarlet / Violet.
O grande destaque, porém, vai mesmo para o que se faz em Portugal, numa área chamada de "Loading Zone" que reunia múltiplas entidades da indústria nacional dos videojogos, incluindo a Game Dev Lisbon, PlayStation Talents e muitas mais.
Uma aparente "calma" na Loading Zone, nos finais de um dia intenso |
Aqui encontrava-se uma enorme variedade de estúdios e projetos portugueses, que iam desde pequenos projetos académicos até empresas já bem presentes no mercado dos videojogos, como é o caso da Nerd Monkeys, por exemplo. Foi precisamente aqui onde passei quase todo o tempo do evento, de stand em stand e de jogo em jogo, numa área que não só contava com um espaço maior do que em anos anteriores, mas também onde era notória a grande qualidade de vários projetos ali apresentados. O difícil, foi mesmo escolher apenas alguns a destacar!
Quem acompanha os nossos artigos dedicados à industria indie #MadeInPT, provavelmente já ouviu falar em Xisto, um jogo realizado por um grupo de alunos da Universidade Lusófona que nos leva até às Aldeias do Xisto e uma curiosa tradição de carnaval, na qual os participantes criam as suas próprias máscaras com base em cortiça e outros objetos. Para além de poder jogar, os visitantes tinham ainda a possibilidade de criar a sua própria máscara em papel e levá-la como recordação, o que sem dúvida deliciou especialmente os mais pequenos. O jogo encontra-se disponível no itch.io.
Vindo da The Tip Studios, o NOK revelou-se um dos mais viciantes de todo o evento, colocando os jogadores a interagir livremente com cenários 3D em busca de certos objetos, com um pequeno twist: a lista de objetos a encontrar é uma interpretação bastante criativa do que esses objetos poderão ser, o que leva os jogadores a puxar pela cabeça enquanto mexem e remexem nos cenários. A demo aqui apresentada encontra-se disponível no itch.io.
Um jogo que já temos vindo a acompanhar há algum tempo aqui no Meus Jogos, o Townseek da Whales and Games encantava facilmente os visitantes graças ao seu belíssimo estilo artístico. Aqui, os jogadores vão explorando um mundo constituído por diversas ilhas em busca de mercadorias, criando todo um negócio em torno da oferta e da procura. Com lançamento previsto para 2023, podem já adicioná-lo à vossa wishlist no Steam.
Uma das maiores surpresas do evento foi o Trivela, um jogo que tem como mote ser "O videojogo de futebol, que não é só sobre futebol" e que, só por isso, nos deixou logo curiosos. Ao falar com o criador Vasco Oliveira, ele explicou que a ideia é acompanhar o caminho de um jovem que vai iniciar uma carreira no mundo do futebol, incluindo tanto os problemas profissionais, como os mais pessoais, a relação com a família, amigos, etc. e algumas decisões importantes. Se isto vos despertou a curiosidade, podem já experimentar o primeiro capítulo no itch.io.
De surpresa em surpresa, haveria mesmo muito a falar, mas a maior novidade do evento foi o regresso da Fun Punch com um novo videojogo em desenvolvimento: o Plastic Heroes, que pretendem lançar para Nintendo Switch, PC e dispositivos móveis. Vencedores do prémio PlayStation Talents com o seu jogo anterior, Strikers Edge, o estúdio apresenta agora uma proposta bastante diferente: um FPS rogue-lite bastante colorido, no qual controlamos personagens customizáveis contra diversos tipos de bugs que nos querem derrotar a todo o custo. Ainda numa versão bastante inicial, a demo contava já com uma jogabilidade viciante e que, se pudéssemos, teríamos ficado por lá a jogar até obter a melhor pontuação! Será sem dúvida um jogo a manter debaixo de olho, e que pode ser acompanhado no site oficial.
Finalmente, e já fora da zona indie, importa destacar o stand da Saber Porto, onde os visitantes podiam experimentar num potente simulador o novo Dakar Desert Rally, um jogo inteiramente desenvolvido em Portugal.
Pessoalmente, é difícil desligar-me da fantástica experiência que foi visitar a Lisboa Games Week e reencontrar-me fisicamente com imensa gente que já não via desde o evento anterior, em 2019, desde escritores e criadores de conteúdos de outros sites e plataformas, a pessoas da indústria dos videojogos incluindo developers independentes. Da mesma forma, foi um excelente evento para conhecer novos estúdios e novas ideias vindas dos criadores nacionais, assim como ficar a conhecer presencialmente várias pessoas ligadas a projetos que foram surgindo e crescendo durante os tempos da pandemia.
No entanto, não deixa de ser verdade que o evento acabou por desiludir uma boa quantidade de visitantes, que esperavam um espaço maior e com maior diversidade de jogos e consolas para experimentar os seus lançamentos mais recentes... Resta-nos esperar que para o próximo ano o evento regresse, maior e melhor.