Shovel Knight Dig


Shovel Knight foi, em 2014, um dos jogos que mais me agarrou. A junção perfeita de um estilo retro, que na altura estava a tornar-se tendência, acompanhado com uma jogabilidade incrível e desafiante, mas não frustrante o suficiente para me fazer desistir do jogo. Trouxe consigo todo um leque de personagens únicas e uma história cheia de surpresas e mais complexa do que imaginaria, estabelecendo o jogo como um dos marcos mais importantes do mundo dos jogos indies, que serviu de inspiração para muitos outros. Agora quase 10 anos depois surge Shovel Knight Dig, um spin-off (ou prequela) bastante curioso, que me fez viajar no tempo.


Não me levou às semanas em que joguei o original sem parar, mas sim ainda mais atrás no tempo quando estava viciadíssimo em jogos como SteamWorld Dig, Mr. Driller ou Dig Dug, este último que jogava sem parar numa daquelas consolas duvidosas que tínhamos nos anos 90. Jogos simples, com o objetivo claro de escavar à procura de tesouros e da melhor pontuação, que recomeçava vezes sem conta para me tentar superar. Mas embora “Dig” esteja implícito no nome, Shovel Knight distancia-se um pouco desses títulos por nos entregar algo mais ao género Metroidvania, indo buscar muitas influências ao seu jogo principal.

E aqui os meus hábitos de jogo tornaram-se no meu pior inimigo. Este é um jogo onde há uma corrida contra o tempo, pois em cada nível somos seguidos por Drill Knight que, ao mínimo contacto conosco, perdemos. Sendo eu fã de explorar a fundo os níveis que nos aparecem à frente, tal não é possível aqui devido a esta constante luta contra o tempo e, por várias vezes que me escapava uma joia ou os tesouros que apareciam pelo caminho, dava de caras com uma gigante broca. Mesmo quando me tentava mentalizar que o objetivo é seguir para baixo o mais longe possível, voltavam os velhos hábitos e lá perdia novamente. Esta acaba por ser a essência do jogo, um trial-and-error típico de roguelikes com muito do charme que Shovel Knight traz.


Um charme muito presente não só pela sua estética retro, agora aproximando-se mais dos estilos 16-bit com uma palete de cor mais rica em visuais mais detalhados, quando comparado com o jogo original, mas também pela viciante banda sonora que nos acompanha aventura fora. A história mantém-se semelhante ao que já conhecemos, embora completamente secundária aqui e apresentando uma prequela que não é importante para o original. Também o que nos leva a “só mais um nível” também é o convite ao desafio de explorar um nível diferente, pois cada exploração não é igual à anterior, embora que os nossos tesouros perdidos possam ser resgatados pelo caminho.

Ajudando nessa aventura temos várias peças e habilidades a equipar, trazendo de volta certos aspetos mais à RPG que nos facilitam a aventura, aliados à nossa fiel pá que tanto serve para atacar como escavar... algo que faz perfeito sentido, tendo em conta a personagem principal. Afinal toda a ajuda é pouca quando temos uma broca atrás de nós o tempo todo cujo propósito é dar um fim à nossa exploração, levando-nos de volta ao topo para tentar novamente. Uma progressão constante que nos ocupa a maior parte do tempo pois, em si, este não é um jogo muito longo.


Esta foi uma viagem nostálgica, não só por acompanhar Shovel Knight numa nova aventura como me levou aos títulos que mencionei no início desta análise. Os fãs da série têm aqui a desculpa perfeita para seguir mais uma aventura, tal como os que procuram um jogo simples, mas desafiante podem aceitar esse convite. A mim deixou-me com ainda mais vontade de ver um novo Shovel Knight “a sério” e, até lá, vou escavando mais umas cavernas, agarrar nos tesouros, e acabar por perder tudo porque ainda continuo a tentar explorar todos os níveis à exaustão.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Yacht Club Games.

Latest in Sports