Taiko no Tatsujin: Rhythm Festival

Análise por Diogo Ribeiro.

Taiko no Tatsujin, ou conhecido também como “o Mestre do Tambor”, é um jogo ao qual quem nasceu nos finais do séc. XX não é alheio, com certeza.

Ainda me recordo do meu primeiro contacto com um jogo da série, na velhinha DS, utilizando as canetas (ou stylus) para percutir o ritmo no ecrã inferior. Foi talvez a primeira vez que o ocidente pode ter contacto com o jogo, ainda que apenas através de importação do próprio jogo e na altura com idioma em japonês. Sim, pois este jogo sempre foi um grande fenómeno das arcadas no Japão, mas nunca viu um grande sucesso cá para os nossos lados. Taiko no Tatsujin: Rhythm Festival é mais um dos muitos jogos que temos tido ao longo dos anos da franquia, e já o terceiro que podemos contar na Nintendo Switch. Mediante alguma controvérsia com um novo modelo de monetização nesta nova edição, será este um jogo feito para os fãs mais acérrimos ou para os novos tamborileiros?



Para quem tenha alguma paixão pelo género dos jogos musicais, conhece bem qual o objetivo do jogo. Neste caso, ser o Mestre do Tambor, e não falhar qualquer nota. Para isso, é preciso ir acertando pequenos botões vermelhos e azuis que vão aparecendo ao ritmo da música no nosso ecrã, botões longos amarelos, que nos permitem improvisar um ritmo e botões balão que nos permitem rufar. Na realidade o jogo imita a sonoridade de um instrumento tradicional japonês, o Taiko, sendo que a membrana (ao centro) produz um som grave (Don), e na borda da membrana, em madeira, produz um som agudo (Kat). Quanto melhor for a nossa precisão em acertar estas notas, mais pontos obtemos. No modo para um jogador, a sequência ininterrupta de notas importa para uma melhor pontuação, mas o mesmo não acontece em diferentes modos do jogo, onde a precisão é rainha.

Mas então, se a precisão é rainha, que tal está esta adaptação? É que, para quem aprecia jogos do género, o feeling do ritmo, e a satisfação de acertar as notas no sítio certo é na realidade a parte mais importante. Anteriormente, em Taiko no Tatsujin: Drum Master, este ponto não era o ideal. Várias vezes tive dificuldade em coordenar as notas no ecrã com o som. O jogo apresentava algumas opções para ajustar o delay, mas eram algo confusas e de difícil compreensão. O mesmo acontece neste jogo, mas felizmente senti que essa precisão terá sido algo ajustada, e é agora mais intuitiva. Mesmo na utilização do acessório do tambor, à venda em conjunto com o jogo, essa precisão pareceu-me também a mim melhor. Mas cuidado na utilização desse mesmo acessório e na “infernização” dos demais que partilhem a casa! Para isso, aconselho talvez a melhor forma de aproveitar o jogo, em modo portátil, usando o ecrã táctil.



Rhythm Festival possui desta vez 3 grandes modos. Taiko Land, um modo mais casual, para 2 a 4 jogadores, utilizando brinquedos que vão sendo gerados quantas mais notas acertamos e lançando armadilhas para piorar a performance do adversário, e um outro modo, para mais jogadores, quase ao estilo de banda rock, onde os vários jogadores tocam várias faixas e onde a melhor pontuação conta com a participação de todos.

Para os que procuram uma experiência clássica, Taiko Mode é o modo que conhecemos desde sempre, com todas as regras normais e várias dificuldades feitas para o nível de cada um na demanda em ser o Mestre Tamborileiro. Neste modo é importante notar que foi incluída (e já não era sem demora), um modo de treino das faixas, podendo melhorar por secção e não apenas a faixa do início ao fim.

Finalmente, e como já tinha sido adicionado ao primeiro jogo na Switch em atualização gratuita, um modo de jogo online, incluindo também um modo competitivo, para poder competir por recompensas que são distribuídas a cada mês, consoante o nosso ranking obtido. Essas recompensas são geralmente não muito interessantes, entre falas e cartões para o perfil que podemos exibir nos modos online. Aliás, todo o jogo possui formas de obtermos vários cosméticos de forma gratuita para adornar o nosso Don-chan, entre roupas, cores, falas, cartões e até pequenos pets. Esses cosméticos são obtidos através de várias conquistas no jogo, e usando moedas de jogo que nos são oferecidas quanto mais jogamos.



E o que mais importa? A selecção musical das várias faixas? É aí que se centra o maior problema deste título. Primeiro é preciso aconselhar este jogo especialmente a quem gosta da cultura japonesa. Isto pois a grande maioria da seleção musical é sim de música japonesa: pop, electrónica, vocaloid, música de jogos feitos no japão, algumas músicas clássicas, e até alguns originais da NAMCO, produtora do jogo. A questão é que as faixas já incluídas no jogo, algumas desbloqueáveis, são de títulos anteriores, que já tivemos na Nintendo Switch. A grande maioria das novas canções (ou das canções mais populares) estão por detrás de microtransações que podemos obter na eShop, ou, pior ainda, por detrás de um serviço de subscrição mensal, que varia entre dois planos, dos 3,99€ para 30 dias ou de 9,99€ por 90 dias, que inclui cerca de 600 canções (contra as apenas cerca de 100 presentes no jogo base). Quer isso dizer que o preço do jogo pode subir exponencialmente quando começamos a comprar novas canções ou quando pagamos para ter canções que acabam por não ser nossas e que necessitamos de internet para confirmar a nossa subscrição. Felizmente, há um período de teste de 7 dias para os mais cautelosos e que queiram experimentar as canções pagas.

Por entre um novo modelo de monetização que vai desagradar aos fãs mais antigos da série e um preço que pouco justifica a compra deste novo título, com poucas novas faixas e poucos novos modos, é difícil convidar os mais veteranos a Rhythm Festival. Trata-se de um jogo muito parecido aos anteriores com as mecânicas já conhecidas. Para mim, este é o título ideal para quem queira entrar na série, com ou sem acessório tambor no colo, com um preço que é mais acessível e oferece conteúdo suficiente para aqueles que procuram agora ser um novo Mestre do Tambor. E os que tiverem dúvidas têm até uma demo na Eshop para meter os dedos a percutir furiosamente, sem qualquer custo!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Play Nxt.

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