Marvel Snap

Pelas mãos de Ben Brode (um dos criadores de Hearthstone) e do seu novo estúdio Second Dinner surge Marvel Snap, uma nova proposta de jogo de cartas digital que está a tomar de assalto o mercado de videojogos mobile e que apresenta novas mecânicas e um novo twist que altera a dinâmica tradicional dos jogos de deck building.

Alguém trouxe papel e caneta?

Num jogo de Marvel Snap podemos construir decks com 12 cartas e jogá-los num “ tabuleiro” com 3 secções. Todos os efeitos ou condições dessas secções são revelados nos primeiros 3 dos 6 turnos do jogo de forma aleatória da esquerda para a direita. Cada jogador, com o seu deck de 12 cartas (construído a partir das que tem disponíveis), joga essas mesmas cartas numa das três secções. Cada carta tem um custo e poder associados e o jogador que conseguir somar mais poder em duas ou mais secções, ou por uma margem maior em caso de empate, vence a partida.

A maioria das cartas está equipada com habilidades; “ongoing” ou “on reveal", ou seja, durante o decorrer da partida ou quando são reveladas, elas trazem diversos poderes por norma associados aos poderes do super-herói que estiver na carta. Cada turno exibe igual número de poder para utilizar (turno 1 = 1 poder, turno 2 =2 poder e por aí fora até ao turno 6). A energia que não gastarmos não é transferida para a ronda seguinte e para apimentar isto tudo temos o Snap. Podemos fazer Snap duas vezes durante o jogo bastando para isso carregar no cubo e isso faz aumentar a aposta até um máximo de 8 cubos. Chegando a esse ponto é preciso pensar muito bem no jogo que temos e se vale a pena arriscar ou sair do jogo contendo o prejuízo. Ou então é fazer como eu... YOLO! É sempre a "snapar" até gastar a ponta dos dedos!

Este jogo é do Cathanos!

Marvel Snap é um jogo que estende o tapete vermelho a todos os jogadores, até mesmo aqueles que por norma não tem no seu radar jogos deste tipo.

Até rank 30 quase sempre jogamos com bots que não apresentam grande dificuldade mas que permitem-nos aprender as bases e conhecer as cartas. Uma excelente decisão por parte da Second Dinner pois apesar de parecer um pouco uma travessia no deserto, salvaguarda os novos jogadores e protege-os de serem cilindrados por jogadores mais experimentados e que por norma leva a um abandono precoce do jogo. Basicamente do rank 1 ao rank 30 estamos a passar uns tempos na Mansão X a absorver os ensinamentos do Prof. Charles Xavier. Depois disso cada um faz o seu caminho.

Obviamente que a parte mais apelativa é a partida em si e todas as nuances que ela contém. A aleatoriedade do que é apresentado na mesa de jogo faz com que a escolhas dos decks e as táticas utilizadas pelos jogadores tenham de ter uma certa elasticidade e equilíbrio pois rapidamente uma partida controlada se torna num volte-face na última ronda que nos faz perder cubos e a cabeça.

É esta a beleza de Marvel Snap. Junta a estratégia típica de um jogos de cartas digital com um cheirinho de poker que apimenta as partidas e incentiva a vontade de arriscar e onde tudo se passa numa dinâmica que mantém o jogador sempre em jogo pois em 3-4 minutos temos uma partida feita e estamos prontos a começar outra aproveitando o sistema de matchmaking que é super fluido e rápido.

Algo que me deixou também bastante agradado foi o facto do jogo ter vários tipos de progressão que acabam por se complementar apesar de terem funções distintas. Um rank diretamente ligado às vitórias e derrotas onde obviamente se se progride ganhando, um mais ligado à parte das micro transações e progressão no Season Pass (onde também temos itens gratuitos e disponíveis a todos) e o último que é referente às cartas em si onde só conseguimos subir fazendo upgrade às cartas que vamos ganhando.

Tudo de um pouco para todos!

A caderneta de cromos

Num mundo moderno onde cada vez mais se fala de colecionismo digital e da expressão “play to earn” vinda lá dos lados do “crypto gaming cenas” que tem vindo cada vez mais a impregnar o ar, é hilário ver que é Marvel Snap, uma app free-to-play, que faz mesmo isso e na perfeição. Aqui joga-se para ganhar não só jogos mas também cartas e quanto mais jogamos, mais cartas podemos ganhar e adicioná-las ao nosso deck. Certo que isto tudo faz parte de um ecossistema de materiais e moedas in-game onde as micro transações estão presentes (até porque todos temos que ganhar dinheiro para pagar as contas) mas sinto que não são intrusivas o suficiente ao ponto de serem tão constrangedoras como são em 99,9% dos jogos mobile que por aí andam.

O descartável

Nem tudo é perfeito, além da falta de existência de algo semelhante a uma caderneta de cromos para nos podermos aperceber com mais facilidade que cartas faltam à nossa coleção, a versão para PC de Marvel Snap também está longe de ser a ideal. É na sua totalidade um clone da versão mobile e como é fácil de perceber longe de estar adaptada aos monitores 16:9 e de ter opções disponíveis e com real significado e impacto nesta plataforma. Algo a ser melhorado no futuro certamente.

Seria bom também jogar com os nossos amigos, de momento não é possível jogos PVP desse tipo mas já foi assegurado pelo estúdio que isso está no radar dos updates.

A última cartada!

Marvel Snap é fácil de pegar e impossível de largar. O estúdio Second Dinner com esta proposta baralha e dá de novo não só nos jogos de cartas digitais mas também no mercado dos jogos mobile e certamente será inspiração para uma série de jogos novos deste género. Instantâneo acesso a jogos rápidos, dinâmicos e intensos onde existe um equilíbrio perfeito entre estratégia e aleatoriedade que proporcionam quase sempre momentos finais emotivos muito por culpa da mecânica que dá nome ao jogo. Mantendo o esquema de monetização ligeiro que existe até à data e um fluxo contínuo de conteúdo Marvel o sucesso deste título está garantido para os próximos anos… ou até que alguém resolva estalar os dedos da ganância.