Pokémon Scarlet / Pokémon Violet


Chegou o momento! Entramos na nona geração de Pokémon com Scarlet e Violet, uma aventura pela região de Paldea cuja inspiração é a Península Ibérica, algo que me deixou bastante entusiasmado por, bem, introduz Portugal no mundo de Pokémon. Sendo anunciado há menos de um ano esta é a estreia da série num jogo com mundo aberto, continuando os primeiros passos dados pela geração anterior, respondendo ao pedido de muitos fãs por algo assim. Foram meses em que aos poucos foram reveladas novidades e, ainda assim, deixou muitas surpresas por desvendar. Foi uma luta para fugir a spoilers, mas não podia ter feito melhor!

Somos lançados para a aventura, mas não antes de criar a nossa personagem num modo que mais se aproxima de algo que podemos encontrar num RPG online. As opções são imensas, senti pela primeira vez que consegui criar uma personagem própria, e não parecer que editei o treinador base do jogo. Depois de longos minutos investidos nisso lancei-me para Paldea, escolho Sprigatito como starter e agora sim, estava pronto para a aventura… ou quase! Pouco depois do início encontramos Koraidon ou Miraidon que, embora não possam ser logo usados em combate, irão acompanhar-nos durante a aventura. Tornam-se assim das personagens mais importantes do jogo e depois deste evento sim, posso explorar Paldea, tendo como primeiro objetivo ir à academia enquanto apanhava os Pokémon que encontrei pelo caminho.


Há uma breve introdução à Naranja ou Uva Academy, dependendo da versão, onde nos é dada a missão de encontrar o nosso tesouro, algo figurativo pois serve de desculpa para explorar a região. Existem três objetivos principais: seguir os conselhos de Nemona e enfrentar os líderes de ginásio; lutar contra a Team Star e os seus membros; ou acompanhar Arvin numa aventura contra Titan Pokémon. Não há uma ordem para isto, podendo intercalar cada um dos objetivos à medida que avançamos, num mundo aberto cujas limitações são apenas os níveis dos Pokémon e adversários que encontramos. Fui explorando cada uma das diferentes áreas, à procura de novos e velhos Pokémon para construir a minha equipa, onde surgiram várias e boas surpresas, onde facilmente conseguia criar uma equipa e ir alterando a mesma durante o jogo, cobrindo as suas fraquezas de modo a ter uma equipa sólida para os diversos desafios. Sem revelar muito, foram vários os momentos que me apanharam de surpresa ao abrir o Pokédex, pois agora podemos ver alguns detalhes dos Pokémon que estão antes e depois dos que temos registados e, como longo fã da série fiquei muito bem surpreso com várias das coisas que haviam por revelar.

O mundo em si tem tanto de bom como de mau, notando uma boa evolução face ao que tínhamos visto em Legends Arceus. Agora podemos facilmente ir de um ponto ao outro do mapa, cruzando cidades e indo aos Pokémon Centers sem um único loading, tornando a experiência de exploração fluída. Mas ao mesmo tempo foram vários os problemas técnicos que notei, desde quebras de fluidez aos típicos pop-ups de coisas a poucos metros de distância, ou até mesmo a câmara colocar-se em ângulos estranhos que apresentava o que estava debaixo do solo. É bom poder marcar um ponto no mapa e ir em direção a ele livremente, mas senti que algo mais próximo de Legends Arceus ou até mesmo Xenoblade Chronicles 3 “encaixava” melhor na série. Até mesmo para enriquecer melhor cada uma das regiões, pois enquanto temos ali áreas recheadas de detalhe, noutras parecia que não tinham tido tanto apreço, ou até mesmo cidades que atravessamos e pouco nos fica marcado na memória. Ainda assim, o meu maior receio era que fosse um mundo vazio e sem vida, mas não foi o caso.


Há muito a explorar, imensos treinadores para combater com missões para derrotar um determinado número deles, mas missões que ficam por aí e não encontramos perto do que tínhamos em Legends Arceus. O mundo em si é coberto de montanhas, rios, socalcos, tendo zonas bastante características onde mesmo após de terminar o jogo fui descobrindo coisas e partes de Paldea que me tinham escapado. O mapa mantém viva o conceito de routes tradicionais, agora traduzidas em pequenas zonas ou regiões que compõem Paldea, mas agora com uma maior verticalidade que nos convida a explorar bem cada canto. Um mundo rico muito por causa dos Pokémon que encontramos, podendo estar sozinhos ou em grupos, e pelos muitos treinadores e habitantes que nas suas cidades. Gostei imenso de ver a diferença de tamanhos entre Pokémon, desde os mais pequenos que tropeçava neles por estarem escondidos na relva, aos maiores que quando entrava em combate ocupavam grande parte do ecrã, e impressionavam.

A direção artística foi algo que estranhei quando vi o primeiro trailer do jogo, e talvez me tenha habituado pois não tive qualquer impacto assim que iniciei o jogo. As cores são bastante vibrantes e os Pokémon nunca estiveram tão detalhados, muito devido ao uso de texturas que enriquecem cada um deles. Já as suas animações regrediram o que tinham feito em Legends Arceus: na maioria dos ataques os Pokémon não se movem, atacando sempre à distância e não tendo animações de colisão, entre outros pormenores. Quanto às personagens, elas estão igualmente detalhadas, mais vivas e foram várias as sequências de história que pediam vozes, para enriquecer melhor tudo. A banda sonora está muito boa no geral, com músicas de combates que acompanham a música da zona do mapa, criando uma experiência contínua. Algumas das músicas são mesmo incríveis, das melhores que a série trouxe, mas ao mesmo tempo surge uma ou outra que parece mal existir, em momentos onde a música seria marcante.


Senti que o jogo foi buscar vários pontos de diferentes jogos da série. Por exemplo, há pequenas coisas relacionadas com Pokémon que me lembraram muito de Diamond e Pearl, os pequenos exercícios especiais em cada um dos ginásios ao estilo Sun e Moon, sendo que aqui a história em Paldea lembrou-me e muito da que tivemos nesses dois jogos. É certo que não comecei esta aventura à espera de uma história incrível, mas ainda assim ela surpreendeu-me pela positiva, criando um dos melhores momentos que assisti na série! Não só a história como o leque de personagens que vamos conhecendo, umas mais que as outras, mas surge finalmente os um grupo com quem me consegui envolver e, à semelhança de Legends Arceus, os momentos finais da história são memoráveis. Mesmo a Team Star não é uma Team Rocket, mas o tema que aborda é cativante e bem explorado, não sendo propriamente os vilões, até porque nunca são apresentados como tal.

É novamente possível ter o primeiro membro da equipa a explorar o mapa conosco, tal como o podemos usar através da mecânica Let’s Go para rapidamente combater, adquirir itens e em poucos segundos seguir viagem. Não podemos apanhar criaturas sem iniciar o combate, mas podemos apanhá-los de surpresa atirando uma Poké Ball com um Pokémon dos nossos. Como mecânica especial de combate temos o fenómeno Terastallizing, onde podemos transformar os nossos Pokémon em cristal e alterar assim o seu elemento, ou manter o elemento sendo o caso, mas beneficiando sempre os ataques desse tipo. O melhor é quando mudamos o tipo do Pokémon para outro completamente diferente, podendo transformar um de Água em Elétrico por exemplo, criando estratégias para cobrir as fraquezas da nossa equipa. É uma mecânica que podemos usar em qualquer Pokémon onde quisermos, sendo a única restrição de não poder usá-la vezes seguidas, pois precisamos de recarregar energias. Também surge como tema central das novas Tera Raids, onde podemos encontrar os mais diversos Pokémon com elementos diferentes, em combates bastante mais rápidos quando comparados com as raids de Sword e Shield, sendo que aqui as fiz acompanhadas por personagens controladas pelo jogo, mais “inteligentes” do que encontrávamos no jogo anterior.


Não é um jogo difícil, não há uma curva de dificuldade que nos apanha de surpresa, a não ser que avancemos por zonas cujo nível dos Pokémon seja bastante mais elevado. Posto isto foram vários os momentos em que dei por mim a ser destruído, que me levaram a subir um pouco o nível da minha equipa e mudar os seus ataques. Tal como em Legends Arceus podemos mudar os movimentos dos nossos Pokémon através do menu, sendo que as TMs são de novo limitadas, mas, a partir do momento que as ensinamos, ficam gravadas, o que nos ajuda a explorar diferentes estratégias. É mais fácil mudar a natureza dos nossos Pokémon, logo desde o início do jogo, mas a maior surpresa para construir equipas surge no modo como reproduzimos os nossos Pokémon. Sem revelar muito, é algo que podia fazer enquanto almoçava.

Do outro lado da moeda desaparecem alguns pontos que já estava habituado em jogos anteriores, tendo esperança de que sejam endereçados através de possíveis DLCs, como é tendência atual. Por exemplo, embora a customização de personagem seja incrível, estamos limitados a usar uniformes da academia, onde a maior diversidade de escolha esteja nos acessórios que podemos vestir como chapéus, mochilas, botas. Aqui há imensos itens a comprar, aliás, Paldea é toda ela recheada de lojas sendo que a maioria são cafés, restaurantes e muitas outras coisas ligadas à comida! Afinal este é um dos temas centrais, podendo fazer picnics onde preparamos as nossas sandwiches para nos alimentar (e aos nossos Pokémon), de modo a ter pequenas ajudas para a aventura, e nos preparar para combates mais difíceis.

Tendo pensado no que o jogo é, o que poderia ser e o que me surpreendeu pela positiva e pela negativa, a sensação que fica é que precisava de algum tempo extra para polir o jogo, até porque nos combates por vezes uma simples troca de Pokémon demora bastante tempo. O ponto mais frustrante é mesmo ao navegar nas Boxes e temos de esperar uns segundos até aparecerem os Pokémon lá, coisas que podem ser corrigidas com o tempo. Com mais tempo para refinar o jogo a entrega seria ainda melhor, e durante esse tempo adicionavam mais alguns Pokémon antigos porque, embora sejam bastantes, senti a falta de um ou outro que não regressaram. Ainda assim tenho estado agarrado completamente a Pokémon Scarlet, explorando sempre mais, descobrir que Pokémon estão no Violet e finalmente poder tirar partido do modo multijogador, que não pude durante o tempo de análise. Pelo meio ainda vou tirando algumas fotografias usando o Rotom Phone, que não é propriamente um Photo Mode profissional, mas conseguimos fazer algumas coisas interessantes.


Com quase 30 anos de existência de Pokémon entramos agora em Paldea com Pokémon Scarlet e Violet numa grande aventura que nos convida sempre a descobrir “um bocado mais”, enquanto abre caminho para uma celebração em grande de três décadas de Pokémon, quem sabe, com a décima geração a marcar essa data. Poder rapidamente passar de combate para a aventura é algo que Legends Arceus inaugurou, mas que evoluiu agora para algo mais amplo. Certamente um jogo que vou continuar a jogar até finalmente ter “tudo” e, mesmo assim, voltar para enfrentar mais raids. Afinal com tanta combinação possível agora devido ao fenómeno Terastal há Pokémon que quero ter com elementos específicos aí, evoluindo a minha equipa um passo extra!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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