Kao The Kangaroo
Títulos de plataformas 3D marcaram a industria de videojogos no início dos anos 2000 e sempre tiverem um espaço bastante importante no meu coração. Os produtores de Kao the Kangaroo aproveitaram essa onda de sucesso agregada ao género e lançaram este título que conta como o nome indica, com um Canguru (em português), como personagem principal.
Nesta nova adaptação, tudo aparenta ser muito mais cativante, tanto a nível de jogabilidade como visualmente ou não fosse o espaço de cerca de 20 anos desde o primeiro jogo em termos de evolução computacional, uma marca importante. Para os menos sabidos, como eu, Kao faz parte de uma extensa série de videojogos que marcaram presença em diversas plataformas, desde a Dreamcast passando pela PlayStation e até mesmo pela consola portátil da Sony.
Kao vive numa pacata ilha tropical com a sua família, quando a sua irmã desaparece sem deixar rasto. O objetivo principal, claro está, é o de salvar a irmã do que quer que lhe tenha acontecido, mas também recolher pistas do que sucedeu com o seu pai, há muito também desaparecido. Parece que as más noticias correm nas veias desta família.
A juntar à festa, existe uma aura misteriosa envolta em magia negra, controlada pelo Eternal Warrior, que está a influenciar certos habitantes a comportarem-se de forma mais violenta.
Nesta aventura, Kao conta com a companhia do seu mestre e alguns amigos, que o ajudam nas mais diversas atividades, marcadas principalmente por saltos e chapadas com umas luvas de boxe mágicas. Curiosamente estas luvas pertenceram ao seu pai antes deste desaparecer e pensa-se que de alguma forma estejam relacionadas com o sucedido. Será que estas luvas bebem da mesma aura de magia negra que atormenta as redondezas?
Toda a ação desenrola-se entre mundos vibrantes, cheios de cor e personalidade. De facto este é o ponto que rapidamente salta à vista. As personagens e até inimigos moldam-se em figuras peculiares e contam com voice acting, ainda que em certos momentos apenas tenhamos as linhas de texto disponíveis. Sendo este um título mais apontado para os pequenotes, existe um goofy side em cada personagem que deixa transparecer os traços de personalidade. O mentor de KAO, por exemplo, tem uma aura de Yoda, com toda a sua sabedoria associada. Kao por outro lado, tem uma maneira bastante desastrada, tanto de se mover, como de se expressar. E sim, as luvas mágicas também falam! No entanto, as intervenções parecem meio vazias, um pouco como aconteceu com o título Knack. Algumas cutscenes contam com referências, não só a outros títulos, mas a piadas que depressa se tornam em "dad jokes". É de brandar aos céus.
Em termos de jogabilidade, Kao não apresenta nada de novo a este género. As suas luvas mágicas adquirem diferentes poderes que o ajudam a abrir caminho entre os diversos níveis. O primeiro poder permite a Kao entrar noutra dimensão e assim ver plataformas que no mundo real não existem. Ou por exemplo, envolver as suas luvas em fogo, o que permite dar energia a plataformas adormecidas ou queimar placas que bloqueiam o caminho. Existe ainda a mecânica de "finisher" que se adquire ao preencher na totalidade a barra afeta a esta habilidade. A mesma é preenchida enquanto se ataca os inimigos e diga-se de passagem, em certos momentos a ação preenche o monitor quase na sua totalidade.
Ainda dentro de cada nível, é possível entrar em shrines de desafios específicos que se desdobram ente atividades de plataformas, onde o objetivo é o de capturar todas as gemas, ou simplesmente distribuir movimentos de mãos com as luvas de boxe menos amigáveis aos inimigos.
A nível negativo, é importante referir que a performance, pelo menos na Nintendo Switch, sofre de vários problemas. Quando o monitor fica cheio, seja por inimigos ou até quando se abre uma caixa e aparecem imensas moedas, é visível a quebra de frames. Alguns sons não dão trigger, como por exemplo o som da água ou até mesmo quando se disfere uma chapada num inimigo. Este não é um problema constante, mas aconteceu várias vezes durante a minha passagem por esta aventura. Este título não conta com uma opção específica para salvar o jogo e aconteceu perder a progressão por duas vezes.
Kao the Kagoroo é uma experiência que me deixou um amargo na boca. Queria imenso ter gostado, mas por todos os problemas associados à sua performance na Nintendo Switch, foi só uma experiência que por vezes se tornou frustrante. Ainda assim, a jogabilidade simples e divertida e os mundos vibrantes que abraçam o jogador são definitivamente pontos a favor.
Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Tate Multimedia.