Maquette


Desenvolvido pela Graceful Decay, Maquette é a mais recente aposta da Annapurna Interactive nos jogos indie que, além de uma apresentação carismática, trazem também bastante emoção. Neste caso, um jogo de puzzles recursivos, no qual do grande se faz pequeno e, do pouco, se faz imenso... tanto nos puzzles como na história propriamente dita.

Maquette conta-nos a história de um casal a partir do momento em que se conheceram devido a uma mera casualidade. A química entre eles é palpável desde o primeiro encontro, no qual descobrem que partilham a mesma paixão em termos de fazer ilustrações. Aquilo que começa como algo linear (a vida do protagonista até esse momento) nunca mais será o mesmo depois de a conhecer, e assim começa o verdadeiro gameplay, numa série de puzzles e desafios que partem do imaginário deste casal e o seu livro de ilustrações.

Mas de que se trata, então, um puzzle recursivo? Como o próprio título deixa entender, uma maquete é uma representação de algo numa escala reduzida. Neste jogo, porém, a maquete encontra-se no interior de uma exatamente igual, mas maior, que se encontra no interior de outra exatamente igual, mas maior... e assim sucessivamente. Algo que seja movido neste espaço será, por isso mesmo, movido da mesma forma em todos os espaços, sejam eles maiores, ou mais pequenos.



Há, no entanto, um twist: um objecto retirado pelo jogador, pode ser livremente movimentado pelas várias dimensões, sem que a sua escala seja afectada. Pense-se numa caixa que, na escala em que se encontra, seja do tamanho do jogador. Se for transportada para dentro de uma maquete inferior, a mesma caixa passará a ser gigantesca na maquete inicial. Por outro lado, se for transportada para a maquete exterior, a caixa irá ser bastante pequena, passando assim a ser também pequena na maquete inicial, e minúscula na interior. E assim se constroem os puzzles deste jogo, onde uma simples chave tanto pode abrir uma porta, como servir para criar uma ponte.

Apesar de todo o conceito destes puzzles ser realmente brilhante, o jogo é sempre focado na sua história principal. Cada maquete corresponde a um momento deste casal, com os cenários e desafios inspirados no momento em que eles se encontram naquele capítulo das suas próprias ilustrações. Há, por isso, uma boa ligação entre os ambientes e a história que se vai acompanhando. Em contrapartida, a história em si avança demasiado depressa, o que trás dois dissabores de uma só vez: não há tempo de criar uma forte ligação com as personagens, nem tantos puzzles como se gostaria de ter a jogar.

Com apenas seis capítulos de história principal, mais introdução e conclusão, este é um jogo para se concluir em apenas duas ou três horas de jogabilidade. Quanto aos puzzles propriamente ditos, para cada um deles há apenas uma forma de resolução, pelo que dificilmente se sentirá a necessidade de o repetir. Aliás, tentar resoluções alternativas pode, por vezes, levar à frustração de algo se tornar inacessível, exigindo o recomeço a partir da última gravação - felizmente há sempre o auto-save para ajudar.



Com uma belíssima estética e um inovador conceito de puzzles recorrentes, Maquette é uma belíssima experiência muito fácil de recomendar, mesmo que no final de contas deixe a sensação que poderia ter sido muito mais. Uma emoção que, pensando melhor, pode muito bem ter sido intencional.

Maquette já se encontra disponível para PC, PS4 e PS5, estando durante este mês de março incluído nas ofertas do serviço PlayStation Plus para a PS5.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela editora.

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