Porto



Artigo escrito por João Efigénia.

Em 2019, e na peugada do fantástico “Arraial”, a MEBO Games uniu-se a Orlando Sá e a Luís Levy Lima para nos trazer “Porto”, mais um excelente jogo familiar, muito acessível aos novos jogadores e com uma pegada distintamente portuguesa.

Em “Porto”, os jogadores irão construir prédios ao longo da margem do Rio Douro. Para esse efeito irão jogar cartas da sua mão, que possuem números e cores, com as quais vão construir pisos de prédios das cores dessas mesmas cartas, obedecendo a determinadas regras de construção. Os jogadores pontuam consoante o número de pisos com os quais o prédio construído fica após a jogada, o número de pisos “vizinhos” e também se conseguir cumprir algum dos contratos públicos que estão disponíveis na mesa. O final do jogo é despoletado quando um determinado número de prédios é construído, consoante o número de jogadores. Parece fácil? Pois é!



As mecânicas de jogo englobam principalmente a gestão de mão e tile placement, e tanto as regras como a própria forma de jogar são extremamente simples. Os jogadores utilizam cartas coloridas e numeradas (cinco cores distintas, números de 1 a 3) para construir os prédios. Estes não são de ninguém, isto é, um jogador poderá iniciar um prédio vermelho com dois pisos, e o jogador seguinte construir um piso adicional nesse prédio. Afinal, o Rio é de todos! Para isto, os jogadores, no início do seu turno, terão de decidir se vão biscar cartas ou construir. Apenas podem fazer uma destas ações, uma mecânica semelhante ao famosíssimo Ticket to Ride.

Ao biscar cartas, os jogadores podem escolher entre um leque de 5 cartas que vão estar viradas para cima, como uma espécie de mercado. Podem biscar entre 1 e 3 cartas, mas a sua escolha está algo condicionada: a soma dos números das cartas biscadas não pode ser superior a 3. Ou seja, o jogador poderá ir biscar três cartas com o número 1, uma carta com o número 2 e outra com o número 1, ou apenas uma carta com o número 3. O lado positivo é que não existe limite de mão. Após biscar, o mercado de cartas é reposto com cartas do baralho.



Ao escolher construir, o jogador irá selecionar da sua mão duas cartas, que vai utilizar para construir um prédio (ou pisos adicionais num prédio já existente). Estas são usadas de uma forma especial: o jogador escolhe a cor de uma delas e o número da outra. Exemplo: um jogador com uma carta Amarela com o número 2 e uma carta Azul com o número 1 poderá fazer duas coisas: construir 1 piso Amarelo ou 2 pisos Azuis. Esta é, provavelmente, a mecânica mais complexa deste jogo bastante simples. Após fazer a sua escolha, o jogador irá colocar as peças (que representam pisos) da cor do prédio que selecionou no local que melhor lhe aprouver, desde que não construa prédios da mesma cor adjacentes um ao outro. Se o jogador concluir um prédio, coloca uma peça de telhado no topo desse prédio e ganha os pontos de bónus que esse prémio atribui, consoante o valor na Peça de PV (Pontos de Vitória) associada a esse mesmo prédio.

Neste momento, o jogador soma os pontos obtidos com esta jogada: um ponto por casa piso construído, um ponto por cada piso lateralmente adjacente aos pisos construídos nesta jogada e os pontos pelos Contratos Públicos completados. Em relação aos pontos bónus, são atribuídos quando um jogador constrói um rés-do-chão que tenha uma Peça de PV, esse jogador pontua esses pontos e coloca a peça num telhado não-construído à sua escolha. Quando esse telhado for concluído, o jogador que o faz ganha também esses pontos.



Em relação aos Contratos Públicos, são representados por cartas com objetivos que podem ser atingidos por qualquer jogador: jogar duas cartas verdes, construir 3 pisos vermelhos, e muitas outras combinações. Os jogadores têm também 3 cartas de Contratos Privados, que são secretos. Estes objetivos são mais complexos e são secretos para os outros jogadores, e podem envolver construir pares de casas de determinadas cores, ou garantir que um dos lados do tabuleiro tem todos os prédios construídos. No final do jogo, estes são revelados e os pontos dos Contratos concluídos são somados à pontuação final.

“Porto” inclui também um modo a solo, que funciona essencialmente como um “bate a tua própria pontuação”. Após fazer um turno normal de jogo, jogador retira 28 cartas aleatórias do baralho e faz uma pilha de temporizador com elas. Turno a turno, vai retirando duas cartas de cada vez, que vão “limpando” o mercado de cartas e os Contratos Públicos através dos seus números e da posição das cartas nos mercados. Há algumas diferenças na forma como são pontuadas as jogadas, e o jogo acaba quando se acabarem as cartas da pilha de temporizador (14 turnos). O jogador ganha se conseguir mais de 60 pontos.



No que toca ao design gráfico, o jogo é espantoso! Não só o tabuleiro é um verdadeiro “Onde está o Wally?” de pequenos e grandes pormenores, extremamente detalhado e apaixonante (até dá pena usar o tabuleiro para jogar, porque vamos tapar tudo com cartas e peças!) como as próprias cartas e as peças de piso têm uma panóplia de figuras, desde gatinhos à janela, fadistas, cordas da roupa e até a vizinha em modo “câmara de vigilância” a coser à janela. Um jogo verdadeiramente português. Auxiliado pelas cores berrantes, um tabuleiro de jogo na última ronda dá imenso gosto: um verdadeiro doce para os olhos.



A acessibilidade, o design de jogo e dos componentes, a simplicidade de mecânicas e a elevada re-jogabilidade (conferida pelos vários Contratos Públicos e Privados, assim como o modo a solo), fazem do “Porto” um jogo essencial para qualquer família. E, não esquecer: é produção nacional!


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