The Legend of Zelda: Skyward Sword HD


E, assim, a lenda começou...

Depois de Wind Waker e Twilight Princess, originais da GameCube, terem recebido versões remasterizadas em HD para a Wii U, é agora a vez de Skyward Sword ter um tratamento semelhante. Um clássico da consola Wii que conta já com 10 anos de idade, e agora tem uma nova oportunidade de apelar tanto a antigos como novos jogadores na Nintendo Switch.

Na altura, a premissa de The Legend of Zelda: Skyward Sword coincidiu com todas as celebrações do 25º aniversário: se noutros títulos "principais" da série já temos a premissa de um grande vilão cheio de poder, uma princesa portadora de grande sabedoria e um guerreiro carregado de coragem, aqui veremos como tudo começou. Não se pense, porém, que tudo começa do zero. Antes desta mitologia, já outras lendas corriam pelo mundo, heróis à espera de ser despertados...


Para quem nunca jogou Legend of Zelda, este é sem dúvida um belo ponto de partida, mesmo que sejam muito poucos os jogos da série que tragam para a narrativa elementos de jogos anteriores. Há, sim, muitos elementos em comum em termos de mitos, nomes, monumentos e localizações: o vulcão irá aparecer várias vezes a nordeste, assim como um deserto a sudeste, por exemplo.

Para quem já jogou alguns desta série, rapidamente irão reparar nessas "coincidências" e a forma como bastantes elementos do jogo fazem lembrar outros jogos. No entanto, maiores ainda serão as diferenças, tanto a nível da narrativa, como a própria aventura... mas já lá vamos.

A maior diferença, porém, está para quem só tiver jogado o mais recente The Legend of Zelda: Breath of the Wild. No contexto de toda a série, Skyward Sword é praticamente o extremo oposto, numa aventura linear com uma forte componente de narrativa, puzzles e masmorras. Fica, por isso, a dica para quem apreciar ambos: é garantido que irão também gostar de todos os outros!


A aventura começa em Skyloft, um reino de ilhas flutuantes acima das nuvens, isolado do resto do mundo. O protagonista é um aprendiz da academia de guerreiros que se movimentam livremente pelos ares a bordo dos Loftwing, pássaros que lhes são atribuídos ainda em crianças, uma oferta vinda da deusa que protege este mundo. No dia em que é nomeado guerreiro, porém, Link descobre que tem um destino diferente dos restantes: a sua melhor amiga, Zelda, caiu abaixo das nuvens e algumas histórias, que outrora eram lendas, revelam-se agora como profecias.

E assim se chega à Superfície, todo um mundo que passava despercebido aos humanos, afinal bastante vivo e recheado de criaturas das mais diversas espécies, mas com um grande problema. O mal, que a deusa derrotou após proteger os humanos, ameaça retornar à superfície. Link e Zelda serão fundamentais para o travar, mas cada um de uma forma diferente e, para o protagonista, aquilo que começou por ser uma tentativa de salvar a amiga, transforma-se numa longa jornada até se tornar um lendário herói.

Para ajudar, Link terá a companhia de Fi, uma misteriosa figura que reside no interior da espada, enviada pela própria deusa. Pelo caminho, irão encontrar vários problemas e algumas peripécias, num mundo recheado de personagens peculiares que, por uma ou outra razão, precisam de ajuda. Muitas das vezes, os problemas são culpa de uma outra personagem: Ghirahim, um misterioso e exuberante vilão que rapidamente se tornou um dos mais memoráveis de toda a série, e cujo principal objetivo é evitar que Zelda cumpra o seu destino, trazendo assim de volta o grande mal.



Ao contrário do que habitualmente acontece na série, Skyward Sword é bastante linear em termos de exploração. Em vez de várias regiões a explorar, aqui há acesso a apenas 3 grandes regiões, que serão depois acedidas várias vezes ao longo da história, com novas áreas a serem desbloqueadas. Em todas elas há os habituais segredos e tesouros secretos, sim, mas uma boa parte da exploração funciona mais como se a área fosse, por si só, uma masmorra na qual se irão então encontrar as "verdadeiras" masmorras. E que incríveis são muitas destas masmorras!

Se era verdade há 10 anos, hoje continua a sê-lo: Skyward Sword tem algumas das melhores masmorras de toda a série! Desde as suas temáticas e formatos, aos elaborados puzzles e desafios no seu interior, há aqui templos, fábricas e até navios, tão capazes de impressionar, como deixar a pensar. Embora seja mantida a tradição de cada masmorra ter um item no seu interior que depois irá ajudar a avançar, todos os outros continuam a ter a sua utilidade e, por isso, não devem ficar esquecidos. A única certeza é mesmo que não há duas iguais.



Para quem já jogou o original, esta nova versão conta com uma série de novidades, sendo que a maioria delas são melhorias em termos de "quality of life", como por exemplo a aliada Fi só aparecer para falar quando tal faz mesmo parte da história, deixando coisas como dicas e recomendações ficarem para quando o jogador a chamar, a partir de um botão. Outra grande melhoria é a nível da câmara, que agora pode ser livremente controlada pelo jogador.

Se o jogo, na Wii, só podia ser controlado através de movimentos dos comandos, agora conta com várias opções à disposição, sendo possível desligar por completo todos os controlos por movimento. Nesse caso, passa a ser o analógico direito a controlar todos os movimentos da espada e outros itens. Honestamente, ao jogar assim, há uma precisão e rapidez de movimentos bastante superior à dos controlos por movimento. Ao jogar com movimentos, a experiência é também melhor que na versão original, graças à tecnologia dos Joy-Con: a qualquer momento, basta premir um botão para recentrar essa posição, o que permite ao jogador sentar-se a jogar como bem entender, em vez de estar com o braço sempre apontado à TV.

Há ainda um ponto relevante no que diz respeito a "quality of life". A Nintendo acrescentou uma funcionalidade que permite, a partir de qualquer lugar, voltar à ilha de Skyloft para fazer qualquer coisa e, rapidamente, voltar ao ponto anterior. Embora não seja algo "crítico", por haverem bastantes pontos no jogo onde se possa regressar aos céus, a Nintendo omitiu esta funcionalidade por trás de uma figura amiibo, vendida em separado. Aquilo que poderia tornar o jogo mais acessível aos jogadores menos experientes, acaba por ficar bloqueado por uma compra adicional que, habitualmente, só apela aos fãs mais colecionadores. Claramente, uma má decisão.



Resta, então, falar dos visuais desta versão em HD. Há 10 anos, muitos foram os que criticaram a escolha artística deste jogo, inspirada nos quadros impressionistas, especialmente os de Paul Cézanne. Em vez da procura incessante do detalhe, como acontecia em grande parte da indústria, os gráficos de Skyward Sword faziam (e ainda fazem) precisamente o contrário: quanto mais distante um objeto, mais ele se irá perder numa simples mancha de "tinta". Além de ser uma boa estratégia em termos de recursos para um jogo que corria na Wii, agora traz um ponto adicional: o jogo não envelheceu um único dia, ao contrário de muitos outros entretanto "remasterizados".

Em geral, o maior problema deste jogo é o facto de ser tão linear. A maior parte dos títulos da saga traziam consigo uma grande sensação de exploração do mundo, mesmo que na prática também fossem lineares. Aqui, tal não acontece, talvez pelo tamanho reduzido na área de exploração. A sensação de descoberta vem mais do lado dos puzzles que vão surgindo, especialmente no que diz respeito às diversas masmorras, que vão muito mais além da simples interação com o item encontrado no seu interior, puxando pela criatividade.

Numa nota bastante pessoal, tendo na altura jogado o original, tenho algumas coisas a apontar. O estilo artístico e a banda sonora deste jogo trazem consigo uma nostalgia à qual é impossível ficar indiferente. As diversas aparições de Ghirahim, e o quão desconcertante ele consegue ser, fazem dele um dos melhores vilões de toda a saga. E voltar a locais como a Lanayru Mining Facility ou a Ancient Cistern e sentir novamente os mesmos desafios é, por si só, algo mesmo gratificante. Uma fantástica aventura, à qual me deu um enorme prazer regressar.



The Legend of Zelda: Skyward Sword HD é um verdadeiro épico, especialmente para os apreciadores de fantasia e muitos puzzles à mistura, agora remasterizado e com várias melhorias no que diz respeito à sua jogabilidade. É, por isso, muito fácil de recomendar a todos, quer já tenham jogado o original, ou tenham aqui o primeiro contacto com esta fantástica saga.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.


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