Scarlet Nexus

Anime futurista num encontro imediato de 3º grau com acção fantástica e visuais surreais.

Grupo de jovens com poderes psíquicos tem que salvar o mundo de uma ameaça inevitável. Parece (e é à superfície) um cliché, mas os clichés existem por uma razão. Num mundo futurista, onde a tecnologia permeia todos os aspectos da vida, há uma ameaça (os Outros) cujo único objectivo é alimentarem-se da matéria cinzenta de todos os restantes humanos. Uma organização composta por jovens com poderes sobrenaturais tem a seu cargo enfrentá-los e impedir a nossa extinção.

Apesar de superficialmente parecer genérico, a história de Scarlet Nexus é fenomenal. O ritmo, maturidade e a forma como nos é apresentada; meia entre cenas activas e outras que parecem retiradas de um livro de mangá está fantástica. O enredo em si tem imensas bolas curvas, mas é-nos introduzido lentamente juntamente com um elenco diverso e muito complexo. Temos todas clássicas personalidades de jRPG, no entanto muitos dos clichés desfazem-se com o enredo e revelam muitas surpresas. No ínicio do jogo somos obrigados a escolher entre um de dois personagens, ambos são muito relevantes em toda a história mas ambas as histórias são completas sozinhas, oferecendo uma excelente perspectiva sobre o mesmo enredo com duas motivações e interesses diferentes.



O caminho para este enredo é cheio de acção, usando no seu absoluto a fantasia de sermos alguém com poderes psíquicos e usando os objectos em redor como armas, tendo alguns deles funcionalidades específicas que trazem diversidade ao combate. Há imensos combos que aumentam conforme os nossos companheiros de equipa que permitem fusões dos poderes com os nossos. Para além disso são introduzidas mais algumas mecânicas com o decorrer da história que tornam o combate cada vez mais fluído e nunca permitindo a repetição até ao aborrecimento. Com o combate vamos obtendo equipamento e materiais, o equipamento variando do apenas estético ao que nos dás vantagem nas lutas. O nosso mapa cerebral vai evoluindo com o passar do jogo e podemos alocar nele pontos que recebemos com as subidas de nível que desbloqueiam novas acções ou efeitos.

Temos também muitas missões secundárias, que não acrescentam muito pelo conteúdo de estória, mas apresentam desafios de combate que nos fazem revisitar zonas e explorar o máximo o sistema em si. Durante os interregnos da estória podemos falar com os nossos companheiros e oferecer-lhes presentes, que vão dando acesso a um melhor conhecimento das suas motivações e interesses como aumentam o desempenho e sincronia com o nosso personagem em combate. Há uma missão em particular que requer passwords que podem ser obtidas ao visualizar o anime (episódios disponíveis de borla no Youtube). O anime encompassa a história do jogo com algumas alterações devido à mudança de meio artístico.



Falando em arte, o jogo tem um estilo único mesmo dentro dos jRPGs anime. Do design dos inimigos ao som tudo é perfeitamente enquadrado no chamado Brain Punk com que o jogo foi publicitado. Os inimigos são amálgamas de orgânico com inorgânico em combinações bizarras e que parecem saídas de uma psique alucinada e mesmo as variações semelhantes são cheias de detalhes e pormenores distintos (que muitas vezes impactam como os enfrentamos). A banda sonora é diversa, com todas as músicas encompassando uma parte mais "sintética" com uma mais típica do género. As animações e efeitos em combate estão também fenomenais, aumentando a imersão naquele mundo bastante único.

Uma excelente entrada na série dos anime jRPGs, que apesar de parecer mais um cliché, é muito mais do que isso.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Xbox Series X, adquirido pelo autor.

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