AKIBA'S TRIP: Hellbound & Debriefed


Dez anos após o lançamento do Akiba's Trip original para a PSP, a Marvelous Europe traz-nos um remake desse RPG de ação, agora para a Nintendo Switch, na figura de Hellbound & Debrifed. Esta versão HD  desenvolvida pela ACQUIRE Corp, coloca-nos na pele de um jovem otaku japonês de nome Nanashi, enquanto este vagueia pelas ruas da meca electrónica nipónica conhecida como Akihabara.

Na verdade, ele faz mais do que vaguear. Após ter sido brutalmente espancado por um dos muitos  vampiros, chamados aqui de Shadow Souls, que vivem no distrito, Nanashi é recrutado pela NIRO, uma agência cujo propósito é precisamente caçar essas criaturas da noite. O recrutamento de Nanashi vem na sequência deste ter-se tornado, ele próprio, num Shadow Soul (fruto de ter bebido do sangue vampiresco da benevolente Rui, um facto que lhe salvou a vida). Capaz de enfrentá-los de igual para igual, o nosso protagonista vai passar a patrulhar as ruas de Akihabara, em busca desses mesmos seres, ao mesmo tempo que procura descobrir a identidade da Shadow Soul que lhe salvou a vida. Nanashi não está sozinho nesta demanda. Ao seu lado estão sempre os seus fiéis amigos da Akiba Freedom Fighters, que dão conselhos e dicas acerca do melhor caminho a seguir, assim como os agentes da NIRO, que podem ter um papel mais físico durante os combates. 

Ora a nível de gameplay, Hellbound assenta na fórmula típica para um RPG de ação. O nosso herói faz level-up mediante o cumprimento de certas missões, vitórias sobre os adversários que possa encontrar ou mediante o equipamento que estiver a usar. Aqui, as nossas roupas e acessórios são, para efeitos práticos, a nossa protecção. Diria mesmo armadura de combate. Perdê-la, durante uma batalha contra um inimigo, deixará a pele de Nanashi totalmente exposta aos raios solares, conduzindo a um game over instantâneo. E se as roupas servem para nos proteger, os diferentes (e bizarros) itens com os quais nos iremos deparar no decorrer do jogo, servirão como armas de ataque e farão um dano considerávelmente maior que os nossos punhos. Como arma temos à disposição: cones de sinalização, malas de trabalho, mangas, estatuetas, guarda-chuvas, baguettes, entre muitas outras coisas. 



A forma de vencer um adversário passa por deixá-lo sem roupa. Isso pode ser efectuado via agressões constantes e precisas com a nossa arma de eleição ou via o gameplay único e hilariante que este título nos oferece, strip. Sim, como o próprio nome indica, essa ação passa por despir os nossos adversários com o recurso a movimentos rápidos. De preferência, devemos fazê-lo sem danificar as roupas alheias, uma vez que desta forma podemos ficar com elas e consequentemente usá-las. Novas técnicas de strip podem ser obtidas através de testes diante da misteriosa mestra dos telhados de Akibahara. 

Os adversários que iremos encontrar podem alternar entre quatro tipos, nomeadamente: temos o polícia, sempre atento e a evitar a todo o custo nas fases iniciais do jogo. Não apenas porque se trata de um inimigo com vestimentas bastante duráveis e com grande poder de ataque. Uma derrota diante dele pode conduzir a um game over prematuro ou a uma estadia indesejada na cadeia (o que irá significar uma perda de fundos monetários para pagar a caução). Seguem-se os habitantes do distrito. Estes são normalmente pacíficos, mas se os atacarmos eles poderão responder de igual maneira. Uma má relação com estes conduz a uma má fama para o nosso protagonista e maiores dificuldades em navegar pelas ruas com tranquilidade. Uma forma de retificar isso passa por aceitar efectuar certos serviços ou dar donativos para a comunidade. Em terceiro lugar, temos os próprios agentes da NIRO, sendo que alguns deles podem mesmo tentar atacar-nos, por inveja ou algum mal entendido. Por último, temos os vampirescos Shadow Souls. Estes são adversários que aparentemente parecem humanos normais, contudo (e através do uso de uma câmara própria), podemos detectá-los. Derrotá-los será a nossa missão primária. 

As ruas do distrito, que tentam recriar fielmente o período de 2011, estão repletas de NPC's, inimigos e lojas. Separadas em pequenas áreas de jogo, representadas em conjunto num mapa-mundo no menu, as ruas de Akibahara têm as tais lojas que vendem de tudo. Desde roupa mais durável e armas mais fortes, até itens de level-up definitivo ou temporário. Nestas é possível, como não podia deixar de ser, vender artigos que tenhamos em excesso. Igualmente disponível nas ruas está o HQ dos Freedom Fighters, que funcionará como nossa hub de descanso e recolha de info, o salão de jogos da Sega (com um mini-jogo muito básico de agarra o tesouro), os salões de chá, nos quais podemos intereagir com uma maid japonesa e participar numa data de mini-jogos com ela, desde quizzes, até o clássico pedra/papel/tesoura, e a arena da mestra do strip, no qual é possível aprimorar ainda mais as nossas habilidades combativas. Presentes em algumas das ruas estarão ainda elementos do mercado negro, power brokers, entre muitos outros npcs, cujo propósito é vender-nos algo, dar-nos info ou permitir o acesso a uma das muitas sidequests que este jogo oferece. 



Com um cenário citadino e com a sua música tipicamente anime, Akiba alterna entre o quase sério e o totalmente hilariante, na forma como aborda a interação entre as diferentes personagens e o próprio fluir da história. Cheio de referências às redes sociais e novas tecnologias, é um título bastante indicativo do período temporal em que vivemos. 

Mas todos estes são pontos positivos. Agora é hora de darmos uma vista de olhos nos pontos menos bons deste título, sendo que à cabeça surge uma espécie de glitch que, durante os combates, não nos permite atacar (ou ao adversário atacar). Um erro que apenas consegui resolver, saindo da área onde estava o combate em curso.  A juntar a isso, temos o facto (que é mais um incómodo do que outra coisa), de termos que aceder a um segundo menu para fazermos save do jogo (algo que convém ser feito com alguma regularidade, sobretudo no início). De igual modo, convém salientar que as lutas podem tornar-se repetitivas e cansativas em depressa, dada a escassez de novos inimigos ou do uso de técnicas diferentes. 

Em suma, AKIBA'S TRIP: Hellbound & Debriefed é um jogo divertido, relativamente acessível, que procura não se levar a série. As falhas que possui são incómodas, mas não de todo impeditivas para o desfrute e conclusão do jogo. 

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Decibel PR.

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