Top Boardgames de 2020


Artigo escrito por Bruno Maciel

Num ano tão atípico, em que até os nossos hábitos de gamer se alteraram, posso dizer que 2020 até foi um bom ano no que toca a jogos. Joguei muito, apesar de muitas vezes ter de jogar em plataformas digitais e há muitos bons títulos que saíram e que em nada ficam atrás em relação aos anos anteriores. 

Decidi fazer um TOP3 dos jogos publicados em 2020, mas deixo a ressalva que alguns jogos que aguardo com expetativa acabaram por serem lançados já perto do final do ano, e alguns ainda não estão disponíveis. Tenho muita expetativa em relação a jogos como Merv: The Heart of the Silk Road e Anno 1800, mas infelizmente ainda não tive a oportunidade de os jogar, podendo mesmo alterar a lista que vos apresento aqui:

Então, este é o meu top3 de 2020 (e sim… refletem os meus gostos pessoais, pelo que se trata apenas da minha opinião):


1 – Praga Caput Regni 


Vladimir Suchy é um dos meus designers preferidos, autor de jogos como Last Will, Prodigals Club, Shipyard e Underwater Cities, e este ano lançou mais um jogo, que há muito aguardava, por ser dele, mas que pouco sabia para além de saber que era sobre… Praga!

E é fantástico! Entra, muito provavelmente no meu top10 de sempre e é, com clara vantagem, o melhor jogo de 2020! 

É um eurogame, de complexidade média (apesar de aparentar ser mais pesado), com um tabuleiro extremamente aprazível à vista, com alguns componentes “3D” e que retrata o período em que Praga foi capital do Império Romano.

Tematicamente, estamos a construir edifícios na cidade para ganhar o favor do Rei, a reconstruir a ponte Charles IV e ajudar na construção de um novo castelo e palácio. 

Mecanicamente, estamos a escolher ações de um sistema “rondel” que nos permitem produzir recursos, desenvolver tecnologias e claro, construir. O jogo tem mecânicas mais ou menos originais, mas mesmo as que já se viram noutros jogos estão ligadas a outras de uma forma tão elegante que dá impressão de ser novidade. Tem a característica de ser um “point salad”, que na prática, significa que quase tudo o que fazemos gera pontos. No entanto, há muitas estratégias diferentes, há uma sensação de progressão muito satisfatória e os turnos são surpreendentemente curtos.

Recomendo vivamente! Não é o jogo ideal para principiantes, mas não se deixem intimidar pelo tabuleiro! E acabarão por saber um pouco mais sobre a cidade que agora… está na “wishlist” de viagens a realizar brevemente!!!


2- Alma Mater


Dos criadores de Coimbra, e com uma arte muito semelhante ao seu antecessor espiritual, Alma Mater é mais um eurogame com uma arte lindíssima e com componentes muito acima da média (aqueles livros!!!). 

Tematicamente, somos reitores de uma universidade do séc. XV, e temos como objetivo engrandecer o nome da nossa instituição e, para tal, iremos recrutar os melhores estudantes e professores, que por sua vez irão trazer o tão almejado reconhecimento.

Mecanicamente, é um jogo de Alocação de Trabalhadores tradicional, mas com algumas mecânicas secundárias muito interessantes, intrigantes e desafiantes. No fundo, trata-se de um jogo económico, em que apesar de haver dinheiro, a “moeda” real do jogo são os livros. É com este recurso que poderei contratar estudantes e professores, e ao fazê-lo, estabeleço uma ordem de valor dos livros que os adversários terão de seguir se quiserem recrutar em determinadas secções. Com isto, o jogo torna-se surpreendentemente interativo, uma vez que podemos vender os nossos livros aos adversários e vice-versa, e tudo o que fazemos terá impacto nesta economia.

Não contava gostar muito do Alma Mater, mas o jogo “agarrou-me” e fez aquilo que poucos jogos conseguiram fazer: “obrigar-me” a jogá-lo 3 vezes no mesmo dia!


3- Lost Ruins of Arnak


É um deck builder e esta não é das mecânicas que mais interessam. Mas, como a arte é do “outro mundo”, e é um dos jogos que mais interesse tem despertado na comunidade, lá o comprei.

E sim, é realmente um jogo muito bom! Não é o que a capa tenta transmitir… não é um Indiana Jones em tabuleiro, mas tematicamente até está muito bem conseguido. Somos líderes de uma expedição arqueológica que vai em busca do Templo perdido de Arnak. De facto, as ações (tematicamente) baseiam-se na exploração e na investigação, e a arte das cartas “transpira” tema. Desde artefactos a objetos que nos permitem melhorar as nossas ações, a progressão no tabuleiro, tudo faz crer que estamos a explorar um cenário tirado de um filme do Indiana Jones.

Mecanicamente, é um deck builder misturado com alocação de trabalhadores, e esta conjugação invulgar está muito bem interligada. Os turnos são rápidos e, à medida que o jogo avança, as nossas ações tornam-se mais potentes, com a possibilidade de despoletarmos uma cadeia de eventos com as nossas cartas, que dão a sensação de satisfação no final do turno.

A seu favor tem o facto de ser muito fácil de explicar. Para um jogo que dura em média 75min, a explicação pode ser feita em cerca de 10, o que o eleva para um patamar que outros, por muito bons que sejam, não merecem mais que Lost Ruins of Arnak.


Menções Honrosas

CloudAge: 


O pré-lançamento deste título foi envolto em mistério, com a promessa de mecânicas pouco vistas nesta indústria. De facto, é um bom jogo, que defrauda quem é fã do autor, porque este é um jogo muito menos complexo e muito focado no modo campanha. O “modo cenário” é onde julgo que o jogo realmente existe e dou nota positiva, porque é realmente um bom jogo, mas o “hype” … era outro!


Santa Monica: 


Um jogo extremamente simples, fácil de explicar e de aprender, e que pode ser inserido na categoria de jogo familiar. A arte é fenomenal e consegue, visualmente, retratar aquilo que o tema sugere, criar um pontão em Santa Mónica. No final da partida, todos os jogadores olharão para a sua área de jogo e verão um panorama do pontão e da praia que construíram. 

Uma boa surpresa.


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