Agent Klutz


Artigo por Jorge Salgado.

Nos últimos anos, Portugal tem-se imposto cada vez mais no mercado dos videojogos com lançamentos de alguns títulos bem interessantes que provam como temos talento incrível dentro do nosso país, capaz de competir com os maiores do mundo. Claro que há um longo caminho ainda a percorrer para nos estabelecermos como potências neste campo, mas Agent Klutz, do estúdio Not a Game Studio é, sem dúvida, um passo na direção certa.

Agent Klutz é um sidescroller em arte 8-bit que mistura gameplay rítmico semelhante a Crypt of the NecroDancer com uma história à lá James Bond, criando uma combinação não só original mas que deixa ainda muita margem para expansão e tornar o conceito ainda mais sólido. Ao longo de 8 níveis, controlamos o agente que dá nome à obra à medida que circulamos por vários ambientes – comboios, aquários, bares, mansão, entre outros - sendo que ele tem uma particularidade curiosa: ele só se consegue deslocar ao ritmo da banda-sonora.

O conceito não é inteiramente novo mas foi muito bem implementado: é necessário matar seguranças espalhados pelos cenários, encontrar esconderijos para passar dissimulado, destruir lasers que bloqueiam a passagem, entre outras tarefas, enquanto prestas atenção ao “beat” da música já que, só assim, se irá mover a personagem.

Não é um título de maneira alguma difícil, mas é preciso uma boa coordenação entre os dedos e os olhos/ouvidos para que tudo corra na perfeição: assim que começamos a entrar no ritmo, torna-se quase como que uma dança e tudo flui de forma praticamente automática. Sempre que falhemos o “beat” da música, o agente Klutz irá tropeçar e cair ao chão, com toda a pompa e circunstância.

Ainda assim, é importante denotar que este é um projeto de dimensões pequenas, possível de completar em menos de uma hora. Até certo ponto, quase parece um protótipo, ou teste, de algo mais composto e trabalhado que poderia vir um dia, no futuro. O jogo dá uma nota consoante a prestação em cada nível, algo que mede através do tempo demorado a completá-lo e dos múltiplos itens espalhados pelo cenário que podem ser roubados. É possível espremer um pouco mais do jogo caso queiramos obter a melhor classificação possível mas, mesmo assim, é efetivamente uma experiência bem pequenina, embora carismática.

Teria sido interessante mais níveis? Claro que sim. Gostaria de ter visto mais ambientes e mecânicas? Obviamente. Teria sido bom mais variedade musical? Sem dúvida. Mas feito por 5 pessoas, Agent Klutz é, já de si, um projeto louvável, com uma personalidade muito singular e diálogos e narrativa muito divertidos, com os marcos próprios de um filme de ação. E uns valentes toques de comédia pelo meio. Fica aqui um aviso sério ao James Bond, Johnny English e Jason Bourne: o agente Klutz veio para roubar o primeiro lugar no pódio!

De qualquer das formas, quem quiser passar uns bons momentos com o inspetor mais idiota mas mais destemido de todos os tempos, o jogo está neste momento disponível por 3,99€ no Steam – e viva o talento português!


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PC via Steam, gentilmente cedido pelo Not a Game Studio.

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