Ocean's Heart


Pelas mãos do estúdio lituano Nordcurrent e do norte-americano Max Mraz (responsável pela criação de uma versão 2D do Bloodbourne), chega-nos às mãos Ocean's Heart. Um jogo de aventura e exploração a duas dimensões, carregado de nostalgia que nos remete (pelo menos aqueles que a vivenciaram na primeira mão) para a época dourada dos jogos de vídeo: os 16 bits.

Fortemente inspirado por uma das IP's mais famosas da Nintendo, The Legend of Zelda, Ocean's Heart coloca-nos na pele da jovem Tília, uma aspirante a espadachim que vê o pai, ele próprio um membro da marinha , partir aquando de um ataque inesperado, levado a cabo por um grupo de piratas, à ilha na qual ambos residiam. A consequência desse violento raid será o rapto da melhor amiga de Tília. Em resposta, o pai da nossa jovem heroína, deixa a ilha para tentar resgatá-la, ordenando a Tília que permaneça quieta e faça a gestão da taberna familiar até ao seu retorno. Contudo, meses se passam, sem que ele regresse, pelo que Tília decide tomar a iniciativa e deixar, ela própria a ilha, em busca do paradeiro de ambos. Esta é a premissa que serve de base para o jogo.


Equipada com a vestimenta azulada da Marinha voluntária (da qual o pai fazia parte) e munida com uma espada bastante rudimentar, Tília parte para a aventura. Esta irá levá-la de ilha em ilha, numa missão de recolha de informações acerca do paradeiro dos seus entes queridos. Muita dessa info poderá ser obtida através da visita das múltiplas aldeias que iremos encontrar pelo caminho, da consulta dos guardiões de diversos templos existentes no jogo ou via um ou outro indivíduo auto-isolado da sociedade. Destes virá não apenas informação, mas também sidequests (também disponíveis em papéis fixados nas tabernas), novo equipamento, poções e outros itens de cura, e inclusive, meios de deslocação entre as múltiplas ilhas e ilhotas do jogo.

Como não podia deixar de ser, neste género de jogos, existem lojas através das quais poderemos fazer upgrade das nossas armas e armaduras, via o uso de moedas que podem ser encontradas em baús espalhados pelos mais diversos locais (ou via a venda de ervas que podem ser apanhadas na natureza). Para além destas, temos ainda lojas nas quais poderemos misturar uma variedade de objectos (conseguidos através da já referida recolha de ervas ou via um inimigo derrotado), tendo como objectivo a obtenção de poções mais fortes e eficazes, que serviram para manter a nossa barra de energia, simbolizada pelos corações, cheia (e com isso evitar um desnecessário game over).

Para além da sua espada, Tília irá encontrar outros tipos de armas secundárias para usar, com o avançar da história, desde bombas, até um arco. Inclusive, Tília pode usar magia (assim que encontrar feitiços que possa usar), sem que isso tenha um custo muito elevado (a barra de energia da magia é uma barra verde que funciona muito como a de stamina, na medida em que enche sozinha assim que a magia não estiver a ser usada). Um dos primeiros feitiços que a nossa heróina irá aprender, será um escudo reflector que tem uma tripla função, servindo com defesa, ataque e como resolução de puzzles.Tanto as armas secundárias, como a magia podem ser alocadas a uma de duas slots presentes no canto direito do menu, para mais fácil acesso.


A resolução dos puzzles nas masmorras, assim como a obtenção de chaves, têm um papel crucial na aventura. Tal como Link, Tília tem que resolver diversos quebra-cabeças mentais de forma a conseguir progredir na masmorra e alcançar o boss. A vitória sobre este irá permitir uma melhoria do status da personagem principal, assim como o desenvolvimento da história principal. Contudo, não apenas de raciocínio depende o jogador. Os reflexos e o timing de ataque são aqui bastante relevantes, perante uma parafernália bastante variada de inimigos e de armadilhas, espalhadas pelo jogo. Desde águas profundas (a nossa personagem não sabe nadar), abismos, picos e estátuas protectoras, até criaturas que se escondem nos arbustos, morcegos, fantasmas, ogres, ents, entre muitos outros. Para a vitória sobre todos estes obstáculos, é essencial o domínio da técnica do rol up, uma vez que este nos irá permitir esquivar-mo-nos de situações deveras espinhosas.

A nível de apresentação, tanto sonora, como visual, o jogo parece uma sequela de títulos como Link's Awakening ou Wind Waker , tal é a cor, beleza e variedade dos cenários apresentados e da música que os acompanha. O trabalho de sprites é de facto notável e combinado com NPC's interessantes (e úteis), dá a este jogo um feeling muito "nintendista".


Ocean's Heart não é de todo um jogo difícil ou excessivamente longo, embora disponha de uma certa curva de aprendizagem. As inúmeras setas e mapas, garantem com que nunca nos sintámos perdidos. Fãs de Zelda encontraram aqui muito acerca do qual gostar, embora possam achar a aventura fácil para os seus standards mais elevados (existe um checkpoint que facilita e muito a progressão no jogo), ainda assim um belo título de homage a uma das melhores séries da história do gaming electrónico. Kudos para o facto de termos o português como língua opcional.

Nota: Análise efetuada com base em código final para PC via Steam, gentilmente cedido pela Plan of Attack.

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