The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel II


Ainda me lembro de como era antes de começar o primeiro Trails of Cold Steel, a fazer contas à vida das horas que ia demorar, se o estilo demasiado anime me ia apelar, yada yada yada e quando dei por mim já estava a meio, a terminar e à espera deste.

As minhas previsões não estavam erradas, o jogo era longo, parado, tocava nas teclas de todos os clichés dos anime, mas tinha alma - e o sistema de batalha era para lá de viciante. Na análise descrevi-o como uma introdução de 60 ou mais horas e mantenho a minha opinião. Era um jogo seguro e confortável, um jogo de slice of life escolar, com um ritmo próprio e repetido. As personagens (boas, atenção!) eram simpáticas e muito docinhas, não havia um vilão per se, nem o fim do mundo à vista ou destinos a cumprir.

Tinha tudo para falhar, mas a combinação destes ingredientes nas doses certas fizeram do primeiro Cold Steel um alicerce forte para a série e, quando o final chegou, ficámos agarrados à cara como se tivéssemos levados uma chapada. Não posso revelar o que aconteceu, mas digo-vos: não sejam como eu e não andem a ler sobre o lore da série. Eu estraguei-me um bocado, mas ainda safei o resto e a revelação não deixou de ser brutal. E, durante a E3, a ver o trailer do terceiro jogo, lá vi outro spoiler, mas vou estar quieto e evitar estragar-vos a surpresa.


Agora sou-vos honesto, não há muito que possa dizer deste Trails of Cold Steel II que não disse já na análise anterior. Tirando a história e algumas mecânicas, não mudou muita coisa. O trabalho de actualização destes jogos para a PS4 continua a ser exímio, com gráficos 4K, a 60 FPS. Cold Steel 2 também inclui dual audio, comigo a voltar a optar pelas vozes inglesas porque habituei-me e não consigo ouvir o pessoal a falar japonês neste jogo.

As mecânicas que agradeci no jogo anterior continuam a dar-me um jeitão nesta vida ocupada de ser adulto que nem vejo as minhas horas de jogo como uma tarefa chata: posso começar agora, gravar em qualquer lugar e parar; o modo Turbo devia ser o modo normal porque não entendo mesmo como conseguiram jogar em câmara lenta, mas também já admiti que pode ser da minha percepção por já estar habituado à velocidade. Enfim, detalhes.

Vamos mergulhar: o jogo começa um mês depois do final do primeiro – exactamente o tempo que fiquei a ressacar – e vai directo ao assunto. O continente está mergulhado numa guerra civil entre a nobreza e a resistência, mas antes de irmos meter o bedelho, temos de encontrar os colegas da turma VII que seguiram as suas vidas e as suas batalhas.


O compasso deste jogo nada tem nada a ver com o do anterior. Não vamos à cidade A, voltamos à academia, vamos à cidade B, voltamos à academia e por aí fora. A sequela segue a fórmula tradicional dos JRPG, mais focada na narrativa porque o world building já foi preparado e exposto. Onde há mais variedade é no elenco que agora é bem maior! Para além do pessoal da turma VII e professores, temos outros convidados que podem ser temporários ou adições permanentes à equipa, mas o que aumentou foi o número dos vilões que passou de cinco ou seis para… dez? Mais? E uso o termo vilão de forma leviana porque as alianças deste jogo estão sempre aos saltos tal são as curvas e contracurvas.

Mas isto não teria tanta piada se não fosse o combate entre ambas as partes. E este continua a mesma droga, viciante, rápido, estiloso, mas com alguns toques aqui e ali para melhorar a experiência. Por alto: introduz o modo Overdrive que aproveita os Links entre as personagens para atacar e acumular pontos Bravery sem falhar. O Overdrive dura três turnos e, se tiverem três ou mais pontos Bravery, podem terminar com um ataque especial com duas ou com todas as personagens. Explicado é um bocado seco, mas na prática é intuitivo e dá um sabor extra às estratégias.

A outra mecânica diz respeito ao final da prequela – um pequeno spoiler: lutas entre mechas. As mecânicas destas batalhas são bem diferentes e requerem que prestemos atenção à postura dos adversários para atacar diferentes partes do corpo para os aniquilar mais rápido. Ao longo do jogo, podemos juntar várias personagens ao mecha para lhe dar habilidades adicionais como magias ou cura – a variedade é a palavra de honra deste jogo porque podem misturar, combinar, fazer o que bem entenderem para que a vossa experiência seja única!


Falo, falo, mas ainda consegui escrever muito sobre este Cold Steel 2. Eu gostei – estou a gostar! Este jogo fez-me sentir poderoso porque deixou-me importar o meu save para começar com os meus níveis, habilidades e estatísticas, sem aquele toque de amnésia-de-sequela. Sou poderoso, mas humilde porque os inimigos também acompanharam. Dei por mim a perder mais, mas a baixar a dificuldade das lutas menos vezes. Então, acho que ainda aprendi alguma coisa!

E agora vou esperar pelos restantes porque já tenho saudades do pessoal da turma VII… Mas não sou um sortudo? Não tenho de esperar anos!

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Marvelous.

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