Martha Is Dead


Uma novela gráfica de terror psicológico com sangue e paranoias é se calhar a melhor forma de descrever o jogo Martha is Dead. Este não é um jogo para todos, nem talvez para os amantes de jogos de terror, mais focado em quem gosta de narrativas interessantes do que outra coisa.

O jogo passa-se durante a segunda guerra mundial, em Itália, onde uma família perde uma das duas filhas gêmeas e a trama tem contornos que podem ferir a suscetibilidade de alguns jogadores, é macabro e sangrento, embora não vá assustar muito os jogadores no que diz respeito a apanhar sustos mas como referido antes, focado no terror psicológico e assistir a cenas de violência pesada e explícita.

O jogador controla uma das irmãs, e a ação decorre entre a casa e o percurso que vai ter ao lago onde uma das gêmeas perdeu a vida, entre os pesadelos que são realmente um puro terror e que deixam qualquer pessoa perplexa.

Um dos aspetos mais brilhantes deste jogo é o facto de o jogo deixar jogar em italiano com legendas em inglês, embora me tenha confundido devido a entender a língua, tornou tudo muito mais genuíno e isso foi de longe o detalhe mais precioso e que me manteve a jogar.


Não há muito a dizer sobre a jogabilidade, há poucos puzzles e básicos, além disso há uma espécie de tributo a Project Zero, usando uma câmara para tirar fotos ao desenrolar da história, que na verdade serve apenas para momentos específicos e alguns puzzles, esta não será usada como qualquer tipo de “arma”. O jogador terá de revelar as fotos à moda antiga para obter a imagem e daí obter mais informação para a progressão do jogo.

Embora o jogo ocorra praticamente sempre no mesmo sítio, pode-se dizer que a nível de design os detalhes estão lá e são realmente bons, desde a mobília antiga, as roupas, os quadros e até a agora famosa música “Bella Ciao” se encontra numa secção do jogo, mas tanto os rádios como os relógios e outros detalhes são visíveis e apreciados. O jogo não parece vazio de todo, sendo algo mais focado na narrativa sem grande ação, é bom reparar que houve um esforço para criar cenários de qualidade.

Em termos de banda sonora, os violinos transpiram ódio e terror que criam um ambiente pesado que é realmente o que se pretende, especialmente nos pesadelos, as vozes e a forma como a nossa protagonista Giulia narra a história enquanto jogamos e lemos os jornais na mesa, ou até escutar os pais do outro lado da porta a comentar coisas horríveis acerca da filha, é algo que o próprio jogador irá sentir-se mal em ouvir.

Durante o jogo estarão sempre a questionar-se se tudo é real ou não, estando em pé e repentinamente já estão a acordar na cama e mais um dia passa e no fundo é uma espécie de Deja Vu, o jogador desce do seu quarto, vê a sua irmã no caixão e terá de verificar os objetivos do dia e realizar, sendo um jogo muito linear e pode acabar por ser um tanto repetitivo, mas a duração de Martha Is Dead não é longa o suficiente para cansar quem gosta do género.

De realçar que a versão PS tem um modo censurado por padrão, que omite algumas cenas de maior violência, mas este pode ser removido nas definições do jogo. Já nas outras plataformas, PC e Xbox, vem sem qualquer tipo de censura, e é esse o modo que deve ser jogado ou o impacto não será o mesmo, pois é um jogo focado numa história de horror.


É um bom jogo apenas para quem gosta do género e servirá, no fundo, para jogar uma só vez, pois não há propriamente nenhum incentivo para voltar a jogar. Para fãs de terror, é bastante interessante e o grafismo, para um indie, está muito bom, e o facto de arranjarem atores a falar a língua italiana, isso tornou o jogo bastante especial.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para Xbox, gentilmente cedido pela Renaissance PR.

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