FAR: Changing Tides


Inesquecível. Este foi um dos adjetivos mais adequados a FAR: Lone Sails, uma jornada solitária que agarra os jogadores do princípio até ao fim, sem necessitar de uma única palavra. Agora, o estúdio Okomotive está de regresso com uma nova aventura neste universo. Conseguirá este FAR: Changing Tides manter a magia do anterior?

O jogo começa debaixo de água, num oceano cheio de entulho. É aqui que encontramos o jovem protagonista e o levamos até à superfície, só para descobrir todo um cenário de destruição, uma cidade destruída, cujas ruínas se encontram parcialmente submersas. Apesar disso, o pequeno rapaz transmite uma sensação de confiança e determinação, em busca de equipamento e transporte para conseguir sair dali, mesmo que não seja claro que ele tenha para onde ir. Numa garagem abandonada, encontra-se então uma viatura que tanto irá funcionar como barco à vela, como submarino. Resta-lhe partir, mas em direção a quê? Haverá um destino seguro?

Com a exceção de uma simples explicação inicial do que fazem os diferentes botões do comando (saltar, zoom in/out, etc), toda a comunicação é meramente visual, mas também bastante intuitiva. Neste jogo, todos os botões e alavancas com os quais se pode interagir destacam-se facilmente do cenário pela sua cor azul celeste, contrastando com todo o ambiente em tons de sépia que acompanha esta jornada. A partir daí, toda a aprendizagem é feita através da experimentação. Ao longo desta jornada, importa ir fazendo a manutenção do "barco" (chamemos-lhe assim), tanto a nível dos equipamentos como na recolha de materiais combustíveis. Pelo caminho, haverá zonas que só poderão ser atravessadas em modo submarino e outras onde se pode simplesmente aproveitando o vento, permitindo a poupança de recursos.

A maior parte da interação, porém, é feita com o mundo em si. Ou melhor, as ruínas de uma civilização da qual parecem restar apenas os seus destroços. De ruína em ruína, pelo meio de complexos industriais de dimensões colossais, vão sendo encontradas melhorias para o barco que permitirão, assim, chegar a novos locais. Pelo meio, a decoração dos cenários em si vai comunicando com o jogador, dando algumas pistas do que poderá ter acontecido a este mundo... Dito isto, todo o jogo ganha um maior significado para quem tiver jogado previamente o título anterior, reconhecendo alguma da simbologia aqui utilizada.

Visualmente, Changing Tides tem tanto de semelhante ao jogo anterior, como de diferente. Há uma consistência em termos de arquitetura e toda a componente industrial, mas os cenários em si são mais complexos e enriquecidos. A própria estética, que em Lone Sails era mais próxima dos cinzentos com o destaque no vermelho, aqui é mais próxima do bege e castanho com o destaque no azul claro, o que acaba por comunicar diferentes motivações. Até a banda sonora do compositor Joel Schoch consegue ser familiar e, ao mesmo tempo, trazer algo diferente na forma como aponta os diferentes momentos da aventura. Com um tom geralmente positivo, a jornada deste novo protagonista pode não parecer tão emocional como a do jogo anterior, mas é igualmente envolvente.

Com cerca de 3 horas de duração, este segundo jogo pode não ter o mesmo impacto do anterior, mas é uma boa expansão daquele que pode ser considerado o universo FAR, com puzzles e mecânicas mais complexas, uma excelente direção artística e várias surpresas pelo meio. Por tudo isto, é muito fácil de o recomendar a quem aprecia este género de jornadas solitárias, especialmente se já tiverem jogado o anterior.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Heaven Media.



Latest in Sports