Littlewood
Desenvolvido por Sean Young e pelos Smash Studios, Littlewood é um jogo de construção (ou reconstrução, para ser mais exacto), lançado recentemente para diversas plataformas. Auto-intitulado como um RPG pacífico, Littlewood inicia-se não com um grande mal que é preciso derrotar, mas antes no aftermath de uma grande e decisiva batalha. O nosso herói em questão acorda amnésico (e após três dias de sono ininterrupto) após ter salvo a vila de Littlewood e o vasto mundo de Solemn, das maquinações do maléfico Dark Wizard.
O nosso herói (ou heroína) é do clássico tipo silencioso (à la Link), sendo ainda totalmente customizável. No que à sua aparência diz respeito. Podemos escolher as roupas, cor de pele e tipo de penteado. É ainda possível escolher um único aspecto da nossa personalidade (algo que irá determinar a forma como interagimos com as outras personagens e como efectuamos as tarefas que teremos pela frente). Num mundo pacificado, cabe-nos a árdua tarefa de reconstruir a devastada vila de Littlewood, restaurando edifícios e negócios, o que por sua vez irá atrair novos habitantes e com isso devolver o brilho à outrora brilhante localização. Esta é a premissa básica na qual assenta este jogo. A forma como iremos conseguir esse objectivo, varia. Abrangendo inúmeras atividades, que vão da agricultura e atividade mercantil, até à exploração de minas e pesca. Vamos dar então uma vista de olhos nessas atividades, uma vez que é nelas que assenta grande parte do gameplay deste título.
O nosso protagonista inicialmente tem o seu número de atividades restritas, não apenas ao seu nível, mas também aos objectos que tem à sua disposição (este é um rpg no final de contas). No princípio apenas podemos fazer recolha de ervas e construção simples de habitações para os nossos primeiros residentes. Contudo, e à medida que o tempo vai passando (e vamos cumprindo as tarefas que nos são dadas pelos NPC's do jogo), mais e mais irá ficar disponível. Para além da recolha de ervas (possibilitada através do uso de uma luva apropriada para o efeito), teremos ainda à nossa disposição o cultivo de determinados vegetais e flores (via sementes). Os quais poderão ser mais tarde usados na cozinha (uma vez que tenhamos a estalagem construída, é claro) para a confecção de deliciosos pratos culinários. Igualmente à nossa disposição estará o mercado (uma vez mais terá que ser construído), através do qual poderemos vender alguns excedentes e artigos raros, de forma a conseguirmos mais esferas (a currency do jogo), para com isso conseguirmos comprar mais materiais e usá-los para construir mais habitações e novas áreas de negócio. Entre essas áreas de negócio temos a já referida estalagem e o mercado, assim como a forja (onde é possível criar nova matéria-prima) ou a loja de conveniência. Sem querer-me alongar em demasia, e até porque a descoberta é um dos pontos positivos neste jogo, ao jogador é dada ainda a possibilidade de apanhar frutos das árvores da vila, descobrir baús de tesouro, explorar minas, apanhar diferentes tipos de insectos e desafiar NPC’s para batalhas de cartas, ao bom e velho estilo do Yu-Gi-Oh e Pokémon.
De salientar, que não apenas de Littlewood vive o jogo. É certo que a vila funciona como o quartel-general do protagonista (não fosse ele nomeado o mayor da mesma), contudo existem muitas outras terras para serem exploradas (via o balão de ar quente). Nessas terras, novas personagens, objectos e actividades poderão ser efectuadas. Muitos dos NPC’s encontrados nessas zonas poderão ser recrutados para viver em Littlewood.
De facto, a relação da personagem principal com as outras personagens é outro dos pontos importantes no que ao gameplay do jogo diz respeito. Uma boa relação com os NPC’s, através da realização dos pedidos que estes nos fazem, irá dar-nos acesso a novos itens, actividades, currency e locais. Para além disso é possível estabelecer laços amorosos e de amizade com os diferentes NPC’s, via o chamado hanging out (o NPC em questão irá ajudar-nos nas nossas actividades) ou através de elogios feitos aos mesmos. Assim como a realização de todas estas atividades irá permitir ao nosso personagem fazer o seu level-up, o mesmo acontece com os NPC’s com os quais ele interage.
Como já referi acima, Littlewood começa com a luta final contra o Dark Wizard já travada, e ganha, pelo que os poucos inimigos que nos irão surgir pela frente serão aqueles representados nas cartas de tarot e os que vagueiam pelas minas. Se no caso dos primeiros, podemos enfrentá-los através da utilização de outras cartas. No caso dos segundos, a melhor alternativa será passar despercebido. Qualquer toque por parte destes irá fazer o nosso herói desmaiar e com isso perder o dia. Isso é algo que também pode suceder se exagerarmos nas atividades.
A nível gráfico, o jogo é bastante colorido, com sprites que me fazem lembrar jogos na fase final da velhinha NES e Master System, em toda a sua glória 8-bits. Ao estilo retro junta-se a melodiosa música que contribui para conferir a este título uma aura de calma e tranquilidade.
Embora seja um jogo sem adversários per se, Littlewood tem imenso conteúdo e personagens cativantes. Littlewood é, de facto, um mash de diferentes géneros, alternando entre o RPG, farming e dating game. Um jogo de dificuldade única, ou melhor não aplicável, cujo maior objetivo é fazer o jogador relaxar e usufruir de um mundo simples, mas interessante. Um título sem muitos pontos fracos, mas antes pequenos nit-picks pessoais, como é o caso do grafismo demasiado simples ou da inexistência de um modo aventura com mais high stakes para o jogador. De qualquer das maneiras e nit picking à parte, um must have para jogadores casuais, que queiram um jogo para relaxar ou um aventura para usufruírem numa viagem (via a portabilidade da Switch).