Wonder Boy: Asha in Monster World


Artigo por Jorge Salgado.

Muitos gamers por este mundo - eu incluído - ficam sempre reticentes quando jogos antigos são submetidos a um remake: por um lado, ficamos sempre com a ideia de que é apenas uma forma rápida de sugarem o nosso dinheiro e uma desculpa para não ter de se criar algo novo, de raiz. Por outro lado, se um remake é feito, é seguro dizer que é também por o jogo original ter alguma qualidade que o torna especial e, por extensão, digna de uma nova versão que pode ser apreciada por novas gerações.

Desconhecia por completo Wonder Boy: Asha in Monster World mas fiquei extremamente impressionado com tudo aquilo que experienciei durante o meu tempo com o jogo – desenvolvido pelo estúdio Studio Artdink, a forma mais fácil de o descrever é imaginando um Zelda side-scroller (à la The Adventures of Link) com secções de plataforma, exploração, puzzles e combate pelo caminho. De facto, a própria estrutura do jogo é reminiscente da saga clássica da Nintendo, onde temos de visitar uma série de mundos únicos, visual e tematicamente distintos um dos outros, e derrotar os vilões que lá habitam de maneira a restaurar a paz. Tanto estamos num imponente castelo com torres que se estendem aos céus como, de repente, já estamos num labirinto de tubos ou em pirâmides congeladas.

Asha é a personagem principal que controlamos ao longo da narrativa que, em termos estéticos e temáticos, funciona quase como um crossover entre o Aladino e Shantae – ela salta, luta com a espada e defende-se com o escudo, não restando muito mais no seu moveset. No entanto, ela está constantemente acompanhada pelo seu Pepeloggo, uma criatura voadora azul que flutua em torno dela. Ela é introduzida muito cedo no jogo e revela-se essencial para várias tarefas, seja a resolução de puzzles ou para ajudar Asha a movimentar-se pelos ambientes. Com o Pepeloggo, Asha pode fazer um salto duplo, planar no ar, apagar tochas, criar plataformas geladas, entre muitas outras coisas que são absolutamente necessárias para a progressão no jogo.

E, felizmente, controlar Asha é um mimo - apercebi-me disso no primeiro segundo em que premi o stick da Switch e pude sentir a suavidade do seu movimento e quão responsiva era em todos os comandos. Poucas foram as vezes em que caí de uma plataforma ou fui atingido por um inimigo devido aos controlos do jogo, sendo maioritariamente culpa minha e da minha precipitação. 

Mas é Asha um jogo perfeito? Não, de maneira alguma. E a falta de inclusão de gravação automática foi, para mim, um dos maiores problemas do jogo. 

Depois de progredir pelos primeiros momentos do jogo e atravessar a primeira dungeon, eis que morro logo no primeiro boss (dou-vos este tempinho para gozarem comigo. Já está? Prossigamos!). Presumi, na minha linda ignorância, que o jogo havia gravado todo o meu progresso até então - mas estava redondamente enganado e, assim que morri, o jogo leva-me até ao início. Claro está, tive de repetir tudo novamente. E, a partir daqui, ganhei o hábito de gravar a cada 5 minutos.

O jogo é também relativamente pequeno – admito que, para mim, tal não é inteiramente problemático já que Wonder Boy: Asha in Monster World possui uma qualidade fantástica, quer estejamos a falar em termos visuais, sonoros ou de gameplay;  mas suponho que isso poderá ser dececionante para alguns jogadores que queiram passar mais tempo neste mundo e descobrir mais dos seus segredos.

Por fim, os diferentes ambientes do jogo são lindíssimos mas acho que falta alguma personalidade própria ao jogo. A história é praticamente inexistente, os inimigos são quase sempre os mesmos (apenas com pequeníssimas variações) e os NPC repetem frequentemente as mesmas respostas.

Isto são falhas que podiam ter sido corrigidas? Sim. Iriam melhorar a experiência do jogo de uma forma geral? Certamente. O jogo deixa de ser interessante por elas? De maneira alguma, e fico verdadeiramente feliz pela aposta no remake de Wonder Boy: Asha in Monster World já que foi uma das melhores experiências que tive com videojogos este ano. Para quem conseguir pôr de lado o preço de € 34,99  e não se importar com a duração do mesmo, é sem dúvida um bom investimento que resultará em momentos muito divertidos com a Nintendo Switch.

A versão digital de Wonder Boy: Asha in Monster World é publicada pela STUDIOARTDINK e pode ser adquirida nas lojas digitais da Nintendo e PlayStation. Já a versão física, publicada pela ININ Games, inclui também o título original, Monster World IV.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela PR Hound.

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