Uma introdução aos jogos de tabuleiro

 Artigo escrito por Pedro Kerouac

Gosto de jogar jogos de tabuleiro. Gosto eu, gostas tu, gosta o pai, a filha, o tio e a avó. Até os amigos gostam. Alguns dizem que não. Que não têm paciência, que não têm tempo, que é coisa de miúdos, que estão velhos demais para isso. 

Ou que, simplesmente, não gostam. Estão no seu direito. É uma opinião tão válida como qualquer outra. São gostos. 

Eu discordo.

- Mas agora discordas dos gostos de uma pessoa?

Hum…

Esta conversa - imaginária, mas perfeitamente plausível - fez-me pensar naquilo em que de mais básico e essencial assenta o hobby: o que é e para que serve um jogo de tabuleiro?

E a resposta é tão vasta que pode chegar a parecer evasiva. É um veículo que permite a socialização, o convívio. Certo. É um meio de aprendizagem através do qual se adquirem ou consolidam capacidades tão variadas como a memória, a destreza, o raciocínio lógico ou o espírito de equipa. Correto. É um objeto lúdico que proporciona prazer através da criação de estratégias, da diversão mais ou menos imediata, do desvendar de enigmas ou da tensão crescente que cria. Também verdadeiro. É um simulador de problemas, situações ou desafios que proporcionam experiências diferentes e vastas aos jogadores. Não diria melhor.

Eu diria que o jogo de tabuleiro é, na sua essência, um veículo de experiências. Seja qual for a sua base e a sua composição, aleatória ou determinística, solo, para poucos ou para muitos jogadores, com miniaturas ou os clássicos cubinhos, abstratos ou com alto teor temático, todo o jogo de tabuleiro acarreta consigo uma experiência em potência. É essa experiência que o jogador, eu, tu, qualquer outro, procura. É essa experiência que o criador do jogo tenta aperfeiçoar com o intuito de encontrar o seu público.

Todos nós temos expectativas, sonhos e medos diferentes, muitos deles altamente baseados nas condicionantes que nos fizeram e fazem enquanto pessoas. Por isso, todos nós valorizamos diferentes experiências e sensações, diferentes desafios e ambições. 

O segredo não está em tentar convencer ninguém a gostar de jogos de tabuleiro. Não é preciso. É preciso perceber que há um jogo de tabuleiro, uma experiência dentro de uma caixa, para cada tipo de pessoa. Quando encontramos o jogo certo para a pessoa certa, abrimos uma Caixa de Pandora. E há sempre um jogo certo para cada pessoa. 7000 anos de jogos de tabuleiro falam por si.



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