Resident Evil Village


A série de terror mais famosa dos videojogos celebra os seus 25 anos de existência, e não faltam razões para celebrar. Para além do novo Resident Evil Village (ou RE 8), estará para breve uma série em CGI de Resident Evil com dois dos protagonistas mais acarinhados pelos fãs a estrear na Netflix e até uma versão VR de RE 4. Mas por agora vamos focar a nossa atenção neste mais recente jogo da franquia, que não só faz parte da série principal, como também é uma sequela direta de RE 7.


Resident Evil Village é quase como um reimaginar do excelente RE 4, desde o ambiente aos cenários e até incluindo um boss. Este oitavo capítulo bebeu muito da fonte do clássico de Shinji Mikami e isso é notável a olhos vistos. Ao contrário do seu antecessor, em que nos encontrávamos em Louisiana, este passa-se na Europa, algures na Roménia.

Voltamos a jogar na pele de Ethan Winters que se encontra com a sua esposa Mia e o terceiro membro, a sua filha bebé de nome Rose. Tudo começa num ambiente relaxante, mas rapidamente tudo muda num piscar de olhos: pode-se desde já afirmar que este título tem bastante ação quando comparado com outros títulos. Aliás, dá para entender de início que este Ethan Winters não é o mesmo do jogo anterior, pois entretanto teve um treino militar e está bem mais preparado para os horrores que irá enfrentar, ou talvez não.


 
Sem deixar spoilers, os acontecimentos bruscos apresentados assim que se começa a jogar, levam-nos a acordar de um acidente, mais precisamente um despiste de uma carrinha e o rapto da filha Rose das mãos de Ethan, o nosso protagonista. Sozinhos, na escuridão, caminhamos até chegarmos a uma Vila, a tal que dá o nome a este oitavo capítulo e onde decorre todo o jogo.

A vila dividida entre vários locais: o castelo Dimitrescu que é possível observar de qualquer canto devido à sua localização bem no alto, a fábrica, o lago, o lar dos Lycans e uma casa que fica um pouco mais afastada do centro da vila. Para que conste, temos que referir o local absolutamente espantoso que é o castelo Dimitrescu, que infelizmente, para além de ser praticamente o primeiro local a ser visitado, também acaba por deixar saudades do quão espetacular é. Após realizar as tarefas importantes nesse local, iremos percorrer o resto da vila noutros locais que, apesar de muito bons e interessantes, apenas não trazem o mesmo fascínio.

Todos os locais têm um guardião. Bosses que guardam estes locais e são os nossos alvos no final de cada zona que ultrapassamos, cada um com as suas características e não só, pois o próprio local representa perfeitamente aquilo que o boss é. Para exemplificar, nada melhor que a famosa Lady Dimitrescu e as suas filhas, que tanto deram que falar na internet quando os trailers foram revelados, uma vampira que vive num castelo de pele pálida e que não se pode expor ao sol.


 
Os bosses são bons, inicialmente parece que vamos ter um desafio incrível, mas jogando no standard, facilita imenso e como tal, se forem fãs acérrimos e querem o verdadeiro desafio e tensão que os jogos RE sempre criaram, temos de recomendar o modo Hardcore (difícil). O normal é realmente muito fácil e vi o ecrã de game over por umas 5 vezes no máximo ao longo do meu playthrough, o que realmente é pouco para um jogo RE com uma duração de 9 horas. Mas voltando aos bosses, estes são espetaculares e, na primeira vez que se damos de cara com um, ficamos sem saber muito bem como enfrentar, o que oferece uma boa tensão à altura do que um fã de RE espera ter.

Quem jogou RE 4 vai encontrar aqui imensas referências, o estilo Europeu, os aldeões, um dos bosses que quase é um "copy paste" de um dos mais famosos da série, a possibilidade de pegar em armários e outros objetos para bloquear a passagem dos inimigos para dentro das casas, esses pequenos detalhes são impecáveis, isto porque foram buscar o bom que se fez em Resident Evil 4 para recordar e experienciar por assim dizer, o mesmo, mas de outra forma.

Como a ação neste título é predominante, os "jump scares" são poucos e apenas os mais distraídos irão acabar por apanhar um susto ou outro. Village foi criado com o foco na ação mas assim sendo, é necessário dinheiro e itens para realizar crafting e isso, no modo Standard, não irá faltar. É muito difícil um jogador com experiência não ter qualquer bala ou itens para realizar qualquer crafting, eu estive com imensas balas e até frascos de restauro de saúde o tempo todo. Os inimigos deixam dinheiro ou itens especiais e com isso, é hora de visitar Duke, que uma vez mais, é baseado no vendedor de armas de RE 4, que até comenta a célebre frase “What are you buyin’?” uma referência ao seu velho amigo que colocava sempre esta questão, um mimo para os jogadores que como eu, passaram horas e horas nesse jogo.

Curiosamente, Duke é uma personagem importante na narrativa e apenas iremos referir isso. Ele tem para venda armas de fogo e, claro, itens importantes como a expansão da mala, onde o jogador pode acomodar o seu inventário como se estivesse a jogar tetris, colocando na vertical ou horizontal, de forma a acomodar espaço para todos os itens. Recomendamos que invistam no armazenamento até obterem o máximo possível, pode não parecer importante inicialmente mas fará diferença mais perto do final do jogo.


Ainda na campanha principal, é importante explorar bem, mesmo locais já visitados, isto porque vão encontrar inimigos muito complicados (sim, até para o modo Standard) que depois deixam itens importantes para realizar upgrades das armas com o Duke, pois o Duke exige um balúrdio para realizar os upgrades e as compras de itens. A meio do jogo, ele irá requisitar a caça de animais para cozinhar e dar um boost ao jogador, seja na saúde como na defesa ou força, muitos dos animais vagueiam pela aldeia, desde porcos, galinhas ou peixes.

Falando um pouco acerca da parte final, há uma missão que embora relativamente curta, poderá chocar os fãs, pois a ação é intensa e parece que estamos a jogar um Call of Duty. Ela não aparece do nada e enquadra-se naquela situação, mas consegue ser uma experiência distinta do que se encontra ao longo de toda a campanha. Por falar em ação, se desejarem mais tiroteio, após terminarem a campanha poderão saltar para o modo Mercenaries, que está de volta e bem. Este é um modo divertido que teve estreia em Nemesis, na era dos 32 bits, e que neste caso se assemelha imenso à versão de RE 4, ultrapassando níveis eliminando os alvos num determinado tempo. Cada nível tem diferentes fases, a soma das fases apresentará no final o resultado e o devido ranking.

A série Resident Evil nunca foi muito forte em ação, mas Village assim o está, seguindo a tendência que em vindo a ocorrer nos títulos mais recentes. Os puzzles estão fracos e simples, ao contrário de outros jogos RE mais antigos, acabando por ser um jogo mais simples, deixando o backtracking para os mais exploradores. Conforme se avança, irão surgindo alguns objetos que permitem coisas como abrir portões que dantes eram inacessíveis, uma boa desculpa para os mais corajosos irem fazer uma nova visita a estes locais.

Pessoalmente, continuo a preferir outros títulos da série mas, RE Village tem uma campanha realmente boa, excetuando uma seção ou outra. Existe até uma parte em que os jogadores vão torcer o nariz do quão ridículo é, embora saibamos que é um jogo e que se trata de RE, a mesma série onde Chris, com os seus punhos, conseguiu derrubar uma rocha no quinto capítulo. 


Concluindo, Village é um sucesso, uma vila de horrores, ambientes macabros e cenários bonitos, grafismo de topo e sem qualquer quebra de fluidez pelo jogo inteiro nas consolas de nova geração, mais propriamente na Xbox Series X e PS5. Quer sejam fãs desta saga ou fãs de terror que nunca experimentaram, é muito fácil de recomendar este jogo que, mesmo sendo uma sequela, existe um vídeo recap do anterior que explica todos os acontecimentos e personagens, que servirá de contexto para iniciar a aventura de Resident Evil Village.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Xbox Series X, gentilmente cedido pela Ecoplay.

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