Hitman 2


O famoso careca assassino teve um reboot em 2016. O jogo foi um sucesso por parte da crítica, mas não tanto a nível de vendas, talvez por ter sido lançado por episódios soltos em vez de chegar logo num pacote completo. Mas fiquem descansados, pois tenho uma notícia extremamente boa para vos dar: Hitman 2 contém este primeiro Hitman completíssimo, sim é isso mesmo, trata-se de um 2 em 1. E o jogo, vale a pena regressar na pele do Agente 47 ou nem por isso?

Ser o Agente 47 sempre foi um prazer para mim, devo ter falhado dois jogos nesta série que já tem uns bons anos nas costas. Desde o Hitman: Codename 47, a série teve altos e baixos, mas é de salientar que nunca foi mau. Agora em 2018, com o lançamento de Hitman 2, o Agente 47 nunca esteve tão em forma como desta vez.

Embora o jogo inclua os conteúdos completos de Hitman (2016), esta análise será focada nos conteúdos novos de Hitman 2, mas fica a nota que esta é uma sequela direta e, assim que se inicia o jogo, somos de facto avisados que poderá conter spoilers e por isso se deve evidentemente começar pelo primeiro jogo. O próprio tutorial é o mesmo que se encontra no jogo anterior, o que significa que as mecânicas não foram sequer alteradas.

No entanto, a história não é totalmente interessante nem relevante para aquilo que fazemos em Hitman. Basicamente são missões com objetivos que andam sempre à volta do mesmo, eliminar/assassinar barões da droga e pessoas importantes, metidas a fundo na corrupção e na manipulação de empresas etc… Como acontece em todos os jogos, temos o apoio da Diana Burnwood, que nos guia através das missões, indicando os objetivos e o perfil de cada alvo. E já sabem o que esperar, conduzir a missão com total controlo, do ponto ao A ao ponto B ao C e por aí fora.


Cada missão em Hitman leva mais que uma hora, no mínimo. O melhor de tudo são as múltiplas formas de concluir uma missão, e quando digo múltiplas são realmente umas 20 formas de jogar uma única missão, isso sim está impressionante. Os alvos podem ser eliminados de tantas formas, que cada missão pode ser repetida no mínimo umas 5 vezes sem exagero. Tudo depende do jogador e daquilo que o rodeia e até da sua própria imaginação. Existem alvos que podem ser eliminados da forma mais simples possível como partir o pescoço, atirar de uma varanda ou até envenenar.

Na primeira missão, por exemplo, num circuito de corridas em Miami, era necessário eliminar dois alvos. Antes de tudo foi preciso arranjar forma de entrar no recinto principal onde se encontra o público, uma multidão inquieta e entusiasmada com as corridas de carros desportivos. Após a infiltração tive de cuidadosamente deixar um guarda inconsciente (com a possibilidade de o assassinar), para lhe roubar as roupas e disfarçar-me de segurança do recinto. Assim tive acesso a outras áreas que outrora estariam restritas a pessoas autorizadas ao acesso. O interessante é que todos estes seguranças contam com alguns líderes e estes podem ver através do nosso disfarce que não somos um segurança contratado, por isso mesmo é preciso tomar as devidas precauções e movermo-nos por entre a multidão para que não sejamos detetados.

De seguida foi necessário outro disfarce, para ter acesso à oficina onde são feitas as reparações e manutenções dos veículos. Aí fui em busca dum mecânico e voltei a deixar esta pessoa inconsciente escondendo o corpo num contentor, o que é extremamente importante pois se o corpo for encontrado a missão pode acabar por ser comprometida. Assim segui tranquilo sem dar nas vistas até chegar à oficina, onde sabotei o veículo de um dos alvos a eliminar. Foi um encanto de se ver, o carro a sair da Pit Box e a capotar, eliminando o primeiro alvo. Para o segundo, resumindo, sabotei um satélite, o alvo foi tentar resolver a situação e atirei-o da varanda abaixo sem ninguém reparar.

Fugi tranquilamente e aqui reparei em algo excelente que só um jogo como Hitman podia surpreender. Já ao fugir, encontrei uma tampa de esgoto mas, ao chegar e premir para tentar fugir, foi-me negado o escape, porque não tinha em minha posse um pé de cabra. Rapidamente encontrei outra solução, uma ambulância, a qual era necessário o disfarce de um médico. Encontrei um médico, deixei-o inconsciente, escondi-o na casa de banho e, após vestir o disfarce, fiz-me à vida e lá fugi sem deixar rasto. Hitman 2 é assim mesmo, estratégico, calculista, tudo deve ser pensado com lógica e a verdade é que tudo é impressionante, a forma como as coisas acontecem e nos levam a cumprir com os objetivos, é extremamente gratificante.

Fica o aviso, por vezes o pior é começar, convém estar atento e gravar manualmente o jogo sempre que o jogador se sinta seguro de o fazer, embora o jogo inclua um sistema de gravação automático mas muito de longe a longe.


Em termos de dificuldade é preciso ter alguma perícia, mas o desafio está perfeito, nem é extremamente difícil ao ponto de frustrar o jogador nem demasiado fácil ao ponto de não tremer com medo de que o jogador seja descoberto a fazer das suas.

Talvez o ponto negativo mais notável em Hitman 2 seja o facto de as cut-scenes terem sido substituídas por imagens fixas, ao contrário do original, em que a série sempre apresentou sequências espantosas e esta mudança deixa qualquer jogador a torcer o nariz.

Além do modo campanha, há um modo Fantasma que faz com que o jogador jogue com outro Agente 47 (outra pessoa online), um modo deveras interessante. O objetivo é eliminar uma data de alvos antes do outro jogador, isto sim é desafiante porque por vezes nem há tempo de criar uma estratégia correcta e se houver alguma testemunha o jogador não ganha pontos ao eliminar o alvo. É necessário ser rápido em busca dos alvos e também ter alguma tranquilidade e esperar pelo momento perfeito, lutando assim contra o adversário que tentará, como é evidente, ser o primeiro a chegar a cada um destes alvos e eliminar o mais rápido possível.

O modo Contracts é um modo em que os jogadores online lançam desafios ao jogador, por exemplo, eliminar alvo X no nível Y, ou usar o fato de um soldado e eliminar com apenas com este disfarce o alvo Z.

Por fim, o modo Sniper Assassin que conta com uma missão que pode ser jogada a solo ou online, de modo a competir quem termina mais depressa a missão. Podem ler mais sobre este modo num artigo feito pelo Telmo Couto que podem encontrar aqui (link).


É necessário compreender que isto é uma sequela direta mesmo que assim não pareça, pois a verdade é que pouco ou nada mudou em relação ao jogo anterior e isto era suposto ser a segunda temporada visto que o jogo anterior saiu por episódios. No entanto as missões dão um enorme prazer e a qualidade extraordinária do primeiro jogo se mantém, isso não temos qualquer dúvida.

Hitman 2 é o melhor jogo da série até à data, ainda por cima com a inclusão do original, existem mais que razões suficientes para recomendar este jogo. Nunca foi tão bom voltar a ser um assassino silencioso, careca e de gravata encarnada. Espreitem pelo ombro, o Agente 47 está de volta.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Upload Distribution.

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