Deadly Premonition 2: A Blessing In Disguise


Se no passado Deadly Premonition foi um título exclusivo para a Xbox 360, agora é a vez da Nintendo Switch receber a sua sequela, também em modo exclusivo. Sendo diretamente ligada ao original, porém, pouco ou nada fala do mesmo, fazendo qualquer um cair de pára-quedas naquilo que é, facilmente, um dos jogos mais bizarros até à data.

É necessário relembrar que já o primeiro jogo era bizarro para o seu tempo. Graficamente datado para a sua altura e com mecânicas um pouco fracas, mas não deixou de ser bem reconhecido devido à sua narrativa e ao seu guião muito bem estruturado. Ainda assim, o próprio anúncio da sequela foi uma surpresa! Embora o anterior fosse um jogo razoável, longe estava o pensamento da criação de uma continuação da história do detetive do FBI para um regresso.

Para começar, Deadly Premonition 2 não é um jogo para todos os gostos, muito menos para quem não tenha paciência de estar a assistir a diálogos a tempo inteiro. O jogo tem uma narrativa bizarra e anda à volta de um crime realizado em 2005 na pequena cidade de Le Carré. York, o protagonista que é agente do FBI, terá de desvendar a origem do crime efetuando uma investigação nesta pequena cidade onde tudo e todos se conhecem.


O agente tem dupla personalidade e está constantemente a falar de recordações com o seu alter-ego de nome Zach, comentando aquilo que os civis lhe contam e até adaptando isso a filmes de culto com referências a por exemplo, Blue Thunder e o Cat People dos anos 80. Estas partes são de culto e isso é preciso valorar, visto que os diálogos são interessantes para quem tem uma boa sabedoria da sétima arte.

Falando na narrativa, o jogo tem um arranque extremamente lento e para alguns dos jogadores, pode ser um passo atrás, há apenas umas pequenas referências do passado e tudo é um tanto estranho, esquisito e não parece ter qualquer lógica mas, a ideia de Deadly Premonition é mesmo essa. Após perguntas quase sem fim e respostas filosóficas, eis que o jogo começa a sério com uma intro fantástica mas, isso não irá “cobrir” as falhas do jogo que estão a olho nu.

O grafismo de Deadly Premonition 2 está uns furos abaixo do primeiro jogo, ou seja, até está pior. Embora tenha um pouco de charme devido à técnica do cell shading, as personagens em si estão razoáveis, mas em tudo parece um jogo de uma geração anterior. Os próprios edifícios ou a renderização, são problemas que não escapam a nenhum jogador e pedia-se um pouco mais de atenção e trabalho para limar as arestas.


A frame rate é outro ponto extremamente negativo. Dentro dos estabelecimentos, o jogo não apresenta quebras significativas, no entanto assim que o jogador tem de explorar a cidade, é uma constante, as quebras são passo a passo, seja a correr pelas ruas da cidade ou de skate, diria que não tenho recordações de um jogo ter tantas quebras de frame rate nos últimos tempos. As investigações são básicas e o jogador apenas terá de recorrer ao botão de ação para ver o que sucedeu e ter acesso ao crime.

Os momentos em que estamos noutra dimensão apresentam uns cenários pouco inspiradores e aqui é onde toda a ação real no fundo, existe. O problema é que a jogabilidade é datada e não se sente qualquer impacto no disparo da arma. É uma pena que em 2020 os controlos deste jogo estão ao nível de um jogo lançado nos anos 90, especialmente quando por trás de tudo isso está, mais uma vez, uma narrativa estranha, mas interessante.


Aos amantes de séries como Twin Peaks, este é um jogo a considerar, no entanto terá de estar preparado e aguentar com todos erros que Deadly Premonition 2: A Blessing In Disguise irá apresentar ao jogador que pode deixar qualquer um irritado e aborrecido. Quase que parece ter sido de propósito, pondo à prova o próprio jogador...

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedida pela Nintendo.

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