CrossCode


Aquilo que começou por umas experiências de um grupo de amigos há cerca de 9 anos, é agora CrossCode, um RPG de acção em 2D do pequeno estúdio Radical Fish Games, que tanto tem de original, como de tributo a grandes clássicos. Dois anos depois do seu lançamento para PC, chega agora às consolas.

CrossCode passa-se num mundo fictício de MMO, habitado por imensos jogadores na forma dos seus avatares. A protagonista, porém, é um avatar diferente dos restantes. Com as suas memórias perdidas, uma equipa externa tenta ajudar a recuperá-las, enquanto começa toda uma nova aventura. Antes de mais, importa reforçar a ideia de que este jogo é totalmente single-player, cuja história é como se se estivesse num MMO.


Fiel ao género de jogos MMO, CrossCode conta com um mundo enorme a pedir para ser explorado, dividido em 7 regiões que vão sendo desbloqueadas à medida que se vai avançando. Pelo caminho, vão-se conhecendo novos jogadores, tanto rivais como aliados que se podem juntar à party para explorar e derrotar inimigos em conjunto. Chegando a uma área com inimigos, a equipa irá enfrentá-los e assim adquirir experiência para subir de nível, sendo que quanto mais inimigos derrotados, melhor. Após os combates, há um período de tempo para procurar mais adversários, ou então deixar passar para recuperar energia.

Nesta parte, o jogo é bastante exigente. Com um sistema de combate rápido mas também estratégico, que tanto inclui disparar bolas de energia à distancia, como atacar diretamente os adversários, a maior dificuldade encontra-se mesmo nos níveis de "grinding" exigidos. Há mesmo muito para explorar, incluindo caminhos ocultos e passagens secretas, mas avançar sem combater leva muito facilmente a áreas onde os inimigos ficam demasiado difíceis e até os colegas de equipa recomendam ir atrás para subir alguns níveis.

Sendo este mundo multijogador, conta também com secções single-player na qual a personagem terá de avançar sozinha, nomeadamente a nível das masmorras. Ao estilo de Legend of Zelda ou Golden Sun, estas não têm só inimigos, estando recheadas de puzzles que fazem puxar pela cabeça, baseados nas mecânicas de combate que vão sendo desbloqueadas. Para referência, a própria masmorra de tutorial já exige alguma criativade e precisão, sendo que esta última pode causar alguma frustração, mas nada como tentar outra vez. Além disso, cada uma destas áreas conta com um tema e puzzles diferentes.


Muitas vezes, ao longo do jogo, serão encontradas divertidas referências tanto a outros videojogos, como aos jogadores do mundo real ali também representados como jogadores. Além dos diálogos mais sérios com os quais se vai avançando na história, muitos personagens acabam por ser divertidos e assim enriquecer a experiência. Para quem gosta de sidequests e de simplesmente farmar materiais e drops dos inimigos, o que não falta são horas e horas de conteúdo.

Infelizmente, nem tudo é bom, começando com os visuais. Apesar de bem detalhados e coloridos, os cenários têm um grande problema na representação da profundidade. Desde meros elementos decorativos que não afectam a jogabilidade, até plataformas entre precipícios, o aspecto plano dos cenários influencia até a percepção da posição dos elementos de puzzles nas masmorras. Mesmo em questões estéticas, é estranho quando no mesmo local algumas coisas têm sombra projectada para um lado, e outras para o lado oposto, quando clássicos bem antigos como Chrono Trigger ou Legend of Zelda nunca tiveram essa questão.

A jogabilidade é simples de aprender, mas como já foi referido a dificuldade é bem intensa, convidando a repetir múltiplos combates com inimigos genéricos antes de progredir, o que poderá agradar a alguns jogadores pela longevidade, mas frustrar outros pela quantidade de "grind" que o jogo pede. Ainda assim, a maior dificuldade do jogo está em criar envolvimento pela história, pois demora-se bastante a sentir alguma ligação com um avatar que sofre de amnésia. Felizmente, ao avançar também melhora.


CrossCode consegue ser uma homenagem a vários clássicos de aventura e RPG, ao mesmo tempo que brinca com todos os conceitos de MMO, tudo isto com uma boa pitada de sci-fi à mistura. Com um preço acessível e com muitas horas de entretenimento, é sem dúvida um indie a ter em conta pelos fãs do género.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela DECK13

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