Cozy Grove



Uma personagem que se encontra numa ilha onde, com o avançar do tempo, vai criando ligações com os seus habitantes... familiar? Eis Cozy Grove, um adorável indie que nos coloca na pele de um escuteiro com uma missão muito especial.

Antes de mais, algo importante a referir. Por esta altura, não faltam lançamentos recentes de títulos onde é preciso cuidar de quintas, tratar de agricultura e fazer amigos com a vizinhança. À primeira vista, este pode até parecer algo semelhante, mas a experiência que oferece é bastante diferente.



O jogo começa com a chegada da nossa personagem a uma misteriosa ilha que, rapidamente, revela estar assombrada. Esta criança escuteira, porém, não se assusta facilmente, pois trata-se de um "Spirit Scout" e tem como missão ajudar os fantasmas a tratar as suas mágoas e arrependimentos de uma vida anterior. Como companheira, tem uma pequena fogueira no seu acampamento, que irá ajudar a iluminar o ambiente em redor. Ao começar a sua missão, porém, irá perceber que uma simples conversa não será suficiente - o pequeno escuteiro terá uma longa jornada pela frente.

Ao longo dos dias, os adoráveis ursos fantasmas irão tendo novos problemas, por vezes porque não encontram um certo item, outras porque algo os preocupa. À medida que vão sendo ajudados, porém, recuperam a cor e iluminam o ambiente em redor, colorindo um cenário que, fora isso, está condenado a tons de sépia esverdeados. Com o avançar do tempo, novos fantasmas irão aparecer com novas preocupações, mas também novas recompensas que, eventualmente, terão também impacto nos restantes habitantes.

Quando se diz "ao longo dos dias", é mesmo literal, pois o jogo passa-se em tempo real, com base no relógio da consola. Uma sessão de jogo, em geral, poderá variar entre os 20 e 40 minutos para ajudar as várias personagens e recolher as recompensas, um pouco mais para quem quiser recolher materiais e criar equipamentos para decorar a ilha, mas rapidamente se chega a um limite, nem que seja nao haver espaço para mais equipamento. Por vezes, um fantasma pede algo que só poderá ser conseguido uns dias depois. Outras vezes, encontram-se objetos que só irão interessar a fantasmas que ainda nem foram encontrados.



No que diz respeito à história, todos os diálogos são muito bem conseguidos, por vezes com múltiplas escolhas de resposta da parte do jogador, mesmo que depois acabem por não ter qualquer impacto sem ser nas reações destes adoráveis ursos. A experiência de jogo, porém, já não é bem assim. Ao fim de vários dias a jogar, os pedidos começam a empilhar na quantidade de coisas que é preciso encontrar e combinar até cumprir o objetivo. Em pouco tempo, o espaço de armazenamento torna-se insuficiente, mas até os custos dos upgrades escalam de forma exponencial. O avanço da história começa a tornar-se, aí, dependente da gestão de micro tarefas, decidir o que se pretende guardar e o que se pretende vender, mesmo que depois, no dia seguinte, possa fazer falta noutra missão.

Visualmente, é um jogo 2D bastante adorável e que, recorrendo aos efeitos de luz e cor, realmente incentiva a ajudar as personagens e tornar este acampamento num local cheio de vida. Infelizmente, atualmente conta com alguns bugs, como conforme a personagem vai andando em certas partes da ilha, a sua renderização ir aparecendo aos soluços - algo entretanto já melhorado com uma atualização de software, mas que ocasionalmente ainda aparece. Outro problema está ligado à banda-sonora que, apesar de agradável, muito rapidamente se torna repetitiva.


Os fantasmas têm tempo, habituados a toda uma eternidade. Em Cozy Grove, porém, estão ansiosos por conhecer um novo amigo que lhes faça companhia, dia a dia, e os ajude a curar as mágoas que marcaram a sua vida. Uma bela jornada que irá, porém, exigir muita paciência.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Spry Fox.

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