LEGO Bricktales


De bloco em bloco, tudo se resolve. É uma boa filosofia para resolver problemas que seriam demasiado complexos para tratar de uma só vez, e também uma boa premissa para o mais recente jogo de puzzles, LEGO Bricktales.

Desenvolvido pela Clockstone, responsável pela série de jogos Bridge Constructor, LEGO Bricktales pega numa premissa semelhante onde será necessário construir algo para resolver um problema, mas com uma abordagem totalmente distinta. Aqui, todos os cenários são dioramas feitos em LEGO, nos quais os jogadores terão de construir peças de forma a resolver os diversos problemas que vão encontrando.

O jogo conta com uma simples história que serve principalmente como pretexto. Aqui, o avô do protagonista é proprietário de um divertido parque de diversões que, infelizmente, se encontra atualmente em ruínas, precisando de cristais de felicidade para ser recuperado. Com a ajuda de um misterioso portal alienígena, porém, o jogador poderá visitar outras regiões de forma a ajudar quem lá se encontra e, com isso, obter os necessários cristais! Ao todo, o jogo conta com 5 regiões a explorar, com ambientes e temáticas bastante distintas entre si. Por exemplo, se a primeira é uma floresta onde um avião se despenhou e queremos salvar o piloto, já a segunda é um deserto onde teremos de ajudar a reconstruir as bancadas do mercado. Em todos eles, uma grande parte das soluções irá apelar e estimular a criatividade, salvo algumas exceções onde as peças servirão para reproduzir algo já existente no cenário.


Neste título, a jogabilidade divide-se entre dois momentos. Toda a aventura propriamente dita é feita através da exploração dos cenários totalmente feitos em LEGO e com variadas dimensões, em dioramas que se encontram ligados entre si. Já a resolução dos puzzles em si acontece num ecrã em separado, onde se poderão construir as peças que, depois, irão fazer parte dos cenários. Mas vamos por partes.

Em cada cenário, há um grande conjunto de tarefas e atividades, que vão desde as missões obrigatórias para que se possa avançar na história, até à vasta quantidade de segredos e objetos colecionáveis. Sendo estes cenários uma espécie de cubos pelos quais vamos movimentado a personagem, na grande maioria dos casos estes estarão fixos em perspetiva isométrica, rodando a câmara apenas quando o caminho a seguir assim o exige. Aproveitando isso, os criadores rechearam muitos destes ambientes com pequenos bónus para quem gosta de explorar e decifrar todos os segredos. Ao longo da aventura, vão também sendo obtidas novas habilidades para a personagem que lhe permitem aceder a novos locais, incentivando a revisitar locais anteriores.

A essência do jogo, porém, está na resolução dos puzzles. Na verdade, toda a parte dos cenários e personagens acaba por servir de contexto para o desafio que o jogo irá apresentar. Para uma ponte caída, será necessário criar uma ligação estável entre dois pontos, capaz de suportar a passagem da personagem. Já para um helicóptero, importa garantir que o assento está bem seguro e o equipamento se mantém equilibrado no ar (Nota: por segurança, todos os testes feitos até à resolução do problema são efetuados com um LEGO robô, sem colocar em risco nenhuma figura LEGO humana).


Em cada puzzle, o jogo apresenta uma área tridimensional na qual se podem ser colocar livremente as peças para construção, mostrando no canto superior direito os eventuais requisitos para que a mesma seja aceite. Ao lado dessa área, encontram-se todas as peças disponíveis para o puzzle, organizadas por tipo de peça e o respetivo número de unidades ainda disponíveis. Para construir, basta selecionar uma peça com o cursor e, depois, arrastá-la para o local pretendido. Infelizmente, o sistema não é perfeito e acaba por ser um pouco confuso, pelo menos no caso de jogar nas consolas com o comando. O "drag and drop" é visualmente fiel à experiência LEGO, mas menos prático do que um simples menu para escolher a peça a colocar onde se encontra o cursor. Além disso, como tudo se passa num ambiente 3D, é necessário ir ajustando a perspetiva da câmara para garantir que se está a apontar para o local pretendido. Ao mudar a perspetiva, o local onde se vai buscar a peça seguinte também pode ter ficado fora do ecrã, obrigando a rodar novamente...

A resolução de um puzzle acaba por ser um processo demorado. Para ajudar, existem alguns atalhos que facilitam um pouco o processo, como poder usar o "cima" e "baixo" do d-pad para fazer subir ou descer uma peça no seu eixo vertical, permitindo encaixá-la acima ou abaixo de outra peça colocada anteriormente, por exemplo. Há ainda uma opção que permite "duplicar" uma peça já colocada, desde que ainda haja stock da mesma no tabuleiro, mas exige pressionar 3 botões em simultâneo no comando, o que acaba por não ser muito acessível até porque, facilmente, se confunde com o controlo para movimentar a peça em vez de a duplicar. Já no PC, com rato e teclado, o sistema consegue ficar um pouco mais acessível.

Na prática, após a habituação aos controlos, é um jogo relaxado e relaxante, sem qualquer pressão de tempo ou emergência. Visualmente, não há nada a apontar, o jogo recria fielmente o aspeto de criações feitas em LEGO, com o toque especial de inserir nos cenários as peças feitas pelos jogadores. Além disso, depois de cada uma dessas construções, o jogador passa a ter acesso ao modo "sandbox" onde poderá alterar tudo ao seu gosto com os diversos materiais que foi obtendo ao longo da aventura, podendo assim personalizar a fundo o conteúdo que foi acrescentando aos cenários.

Sem soluções fixas na maioria dos puzzles, LEGO Bricktales é um jogo que estimula a criatividade, com uma boa margem para a imaginação para se chegar à resolução dos desafios. Peca apenas pelo seu sistema de construção, que deveria ser um pouco mais acessível, especialmente para quem joga nas consolas.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Plan of Attack.

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