Steelrising

Steelrising é um título que cai na premissa dos Soulslike com uma pitada de Metroidvania, que bebe da influência de títulos anteriormente lançados, como Bloodborne ou Sekiro, e que fizeram deste um dos géneros mais apaixonantes entre os jogadores. Infelizmente não é um género que me seduza particularmente, dado à sua dificuldade excessiva que pode levar a desistências prematuras. No entanto, não é o caso de Steelrising, já que é bastante intuitivo com as suas mecânicas, apresenta uma progressão sólida, level design intuitivo e com uma jogabilidade difícil, mas não excessiva, que o colocam numa posição bastante positiva como um entry point do género. É caso para dizer "Olhó' robot É p'ró menino e p'rá menina Olhó".


Spiders, o estúdio responsável pela criação deste título, é conhecido por criar mundos únicos e bastante imersivos, como foi o caso de GreedFall que embora tenha tido alguns problemas a nível gráfico, bem como mecânicas, deixou a sua marca, não com um título, mas com uma saga que se encontra neste momento em desenvolvimento e que está a caminho de todas as plataformas. Neste caso, o jogador poderá contar com uma história fictícia cyberpunk do século 18 e com leituras ou releituras de eventos históricos franceses à lá Assassin's Creed style, tudo isto enquanto mantém o jogador em sentido com a tradição de combate difícil de um Souls e o aperfeiçoamento do lore do mundo com as descrições de itens e todos os pedaços de informações espalhadas por toda a parte. 



O jogador desempenha o papel de Aegis, uma robô inteligente projetada para ser uma bailarina, mas que neste caso terá de combater outras máquinas através de uma França desolada. A meio de uma guerra civil provocada por conflitos políticos e religiosos, Aegis é enviada pela Rainha, Marie Antoinette, para procurar figuras importantes que possam corrigir o rumo dos acontecimentos e liderar a resistência contra a revolta robótica. A nível de missões secundárias, é possível auxiliar diversos aliados do movimento na resolução de problemas pessoais e com isso fortalecer os seus laços.

Os traços de dançarina estão presente no próprio estilo contemporâneo de combate de Aegies, onde os movimentos torneados e fluidos entre os ataques normais, fortes e especiais que deixam os inimigos desfeitos em partes, desempenham um papel importante nos combos que se pretendem aplicar. Este é de facto um dos pontos fortes e que me impulsionaram para as cerca de 16/17 horas de jogo até ao término da sua história. Não me aventurei em todos os recantos, mas sinto que pisquei o olho à maior parte das ruas, nem mergulhei em todas as histórias secundárias, mas sem dúvida que me diverti a percorrer bairros destruídos e repletos de metal em cada recanto. 


Cada arma é única e diferenciada entre um combate rápido ou mais robusto, indicado às preferências de cada jogador. Na verdade, este título está bem balanceado no sentido que nunca se sente uma enorme diferença, entre dano infligido e recebido, sobre a personagem e os inimigos. Existe uma sensação de progressão constante e a exploração é de todo, uma mais valia pelos itens que se podem encontrar.

É possível aumentar os stats de Aegis numa árvore de habilidades dividida entre 6 seções, repartidas entre dano e aspetos de defesa, como durabilidade e resistência contra dano elemental (fogo, gelo, etc). Ainda que sem grande profundidade, existe uma tentativa de dar ao jogador as ferramentas possíveis para criar classes de combate ou de approach diferente às dificuldades encontradas na sua aventura. No meu caso, escolhi uma build que consistia em agilidade demarcada por ataques rápidos, recuperação de stamina mais rápida e a premissa de aplicar não só dano, mas infligir dano que permite dar stun ao inimigos após o preenchimento da barra afeta a esse debuff.

Também a nível do combate, a existência de granadas com fontes de dano diferente adocicam a experiência. As granadas de gelo são de longe as granadas mais fortes do jogo. Ainda assim é possível aplicar dano elétrico, dano de explosão normal de uma granada ou ainda dano de fogo. De relembrar que fogo com um inimigos de fogo ou gelo com um inimigo de gelo não é uma boa combinação de ataque. Por último, é ainda possível dar a Aegies uma espécie de upgrade modular repartido entre 4 cores diferentes e que podem ser mudados quando bem se pretender. Estes podem ser vistos como buffs ou boosts. 


O aspeto metroidvania que referi entra em campo com o desenrolar da história principal, já que existem zonas principais bloqueadas ou inacessíveis numa primeira passagem. Após o confronto contra Bosses específicos, os equipamentos necessários para alcançar essas zonas são desbloqueados, estendendo assim a passadeira vermelha à exploração ou se assim se pretender apenas continuar com a história. O level design está muito bem pensado e executado. Existem diversos corta-matos que podem ser abertos, e com isso facilitar a movimentação entre secções, já que é necessário revisitar-se locais com frequência. De notar que ao aceder ao ponto de checkpoint que também é o ponto de compra e venda de equipamentos e itens, faz com que os inimigos voltem à vida.

Existem alguns problemas principalmente na mecânica de salto de Aegis, deixando uma sensação de insatisfação algo notória, após um salto que sai completamente ao lado. As expressões faciais são quase nulas e o facto de ter indivíduos britânicos a darem voz a personagens francesas soa um pouco estranho. Não serão pontos que deixem marca e que impossibilitem tirar proveito de tudo o que este título tem para oferecer, ainda assim, fica a nota menos positiva para estes casos.

Steelrising entrega horas de diversão tanto para os fãs do género, como para  pessoas no mesmo caso que eu, com menos experiência. Existe muito sumo para ser espremido, tanto por conta de novos playthroughs, com novas abordagens em termos de builds, como para casos onde só um playthrough é suficiente.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 5, gentilmente cedido pela Upload Distribution.

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