The Wandering Village (Early Access)

Do recanto mais criativo de Zurique, Suíça, chega-nos o jogo The Wandering Village – um jogo que começou com uma kickstarter campaign, algures em 2019, pela Stray Fawn Studio. Para já, fica a notável nota de que a campanha kickstarter tinha um objectivo de angariar 30.000€, mas acabou por render mais de 155,000€! 

Este, que aparenta ser simples um indie city building simulator, tem na verdade, várias camadas que o tornam, sem dúvida, único. Logo para começar, a aldeia, que terás que ajudar a crescer, está localizada no topo de uma criatura gigante, recém acordada, chamada Onbu. Ela depende dos aldeões desalojados para sobreviver, e eles dependem de si para a sua própria sobrevivência.

Sim, isto porque o mundo está repleto de esporos venenosos, que se espalham com o vento e se alastram. Ao pousarem, envenenam os solos matando tudo e todos. Por sorte, o Onbu, que esteve adormecido milhares de anos, perfeitamente camuflado no solo, pareceu sentir o desespero dos aldeões (ou o perigo dos esporos) e acordou, iniciando a sua eterna marcha.

Como neste momento, o jogo ainda se trata de um early access, com features ainda em desenvolvimento, não iremos atribuir nota.


City Building

A aldeia é onde passarás mais tempo, sendo este o ponto central do jogo. As costas do Onbu são geradas aleatoriamente, sempre que se inicia um novo jogo, com uma distribuição de recursos aleatória. Mas é sempre composta por dois tipos de solo: o “viçoso” e o árido.

No terreno verde e viçoso, há relva e está repleta de árvores e bagas silvestres, onde poderás cultivar alimentos e ervas medicinais. O outro é seco, repleto de rochas e pedras, e será maioritariamente para cultivar cogumelos – que depois servirão para alimentar o Onbu.

Estes são os recursos que tens disponíveis quando inicias a tua viagem: árvores, pedras e bagas. Cabe a ti criar o resto. Tens vários tipos de edifícios disponíveis à partida para construir, como: barracas e a “fazenda”. Mas os restantes terás que desenvolver a partir das tuas pesquisas.

Há 3 categorias para estudar: a Aldeia, Recursos e Onbu. Na categoria “Aldeia” poderás desbloquear novos alimentos para cultivares, para melhor adaptares a tua alimentação os climas que atravessares, edifícios de medicina e descontaminação, entre outros.

Já na categoria "Recursos", uma das primeiras coisas que aprendemos é a construir um “Apanhador de Esterco” – sim, isso mesmo. Faz sentido, uma vez que viajamos nas costas de um ser vivo! E, é certo e sabido, que o esterco dá bom adubo, para poderes dar um boost aos teus cultivos.

Na categoria Onbu, podes aprender a construir meios de comunicação e interação, alimentação e cuidados com o Onbu.

Em termos de city building, é aquilo a que estamos habituados. Há que recolher e transformar recursos para construir. Também tens que rentabilizar o teu espaço, uma vez que as costas do Onbu não são ilimitadas, e precisas de espaço para os campos de cultivo. A tua liberdade de escolha para construir é  quase total, há exceção de alguns edifícios, como por exemplo os que te permitem comunicar com a criatura gigante. Esses têm uma área específica para serem construídos, como perto da cabeça do Onbu e perto do seu traseiro.

Uma nota positiva, é que tudo é uma simbiose. Ou seja, nem todos os recursos disponíveis, são os mais prudentes de recolher. Irás encontrar vários espinhos, dos quais poderás obter pedra – mas, ao arrancá-los, o Onbu irá reagir, e deixará de confiar em ti. E, se continuares a insistir, irá acabar por destruir os teus edifícios.


Simbiose Entre a Aldeia e do Onbu

Vives uma constante luta para manter os teus aldeões e o Onbu saudáveis. A simbiose entre espécies está muito bem conseguida, o Onbu consegue sobreviver sozinho, alimentando-se e descansando quando necessita – mas isto que não significa que não possas ajudar.

Se construíres os edifícios corretos, poderás atirar-lhe comida e, conforme forres ganhando a sua confiança, ele irá obedecer aos teus comandos de “Deitar”, “Andar” e “Correr”. É importante que possas comandá-lo, uma vez que isso pode vir a fazer a diferença quando atravessares furacões (que destroem edifícios e habitações), zonas com ventos venenosos, ou climas que destroem os teus cultivos.


Ele consegue também aguentar uma dose de veneno muito superior aos seus humanos. Mas, como não deixa de ser veneno, acabará por beneficiar da tua ajuda para o curares, pelo que não poderás simplesmente ignorar o seu status e esperar que se aguente sozinho. Ah, e se estás com curiosidade sobre se é possível fazer festas: a resposta é sim! Assim que desbloqueies a interação através das pesquisas.

Em relação à população da aldeia, esta só cresce com a chegada de novos aldeões, que andam perdidos e que tu vais encontrando pela tua longa viagem. Também aqui será útil poderes guiar o Onbu, pois ele poderá não escolher a direção que te leva a mais pessoas.

Aqui o jogo falha. Não deveria ser necessário estar tão dependente de outsiders para aumentar a sua população. Principalmente, ao início, em que a criatura não confia em ti o suficiente para acatar os teus comandos e ainda não tens todos os recursos que te permitam garantir a sobrevivência de todos os aldeões.

Além disso, é muito fácil perderes a tua população, uma vez que só consegues desbloquear os itens necessários através das pesquisas, e só podes pesquisar uma coisa de cada vez. Para agravar, para que tudo flua precisas de várias pessoas para garantir o sustento da aldeia. Daí ser por vezes desesperante não poder criar descendência, e ter que aguardar pela sorte de encontrar pessoas pelo caminho. 


O Universo e os seus Biomas

O mundo está repleto de climas e biomas. E, como tal, irão ter impacto na aldeia ambulante. Climas secos irão gastar mais rapidamente os teus recursos de água. O gelo irá congelar as tuas plantações! Para isso, é importante pesquisar os vários tipos de culturas, para ser possível contornar o impacto do clima nas culturas.

Ao longo do caminho, irás passar por vários pontos de interesse, que (mais uma vez) só poderás visitar com ajuda do edifício correcto. Com o edifício, e pessoas, poderás fazer expedições, que te permitirão angariar mais aldeões e descobrir mais sobre o seu passado.


Resumindo…

The Wandering Village arranca num excelente pé. O jogo ainda não tem tudo o que está prometido na campanha kickstarter, mas os elementos principais já estão todos presentes.

Os gráficos são bastante aliciantes, e as mudanças entre vista do “Mapa”, “Onbu” e “Aldeia”, são bastante smoothes.

Já a combinação entre a construção e sobrevivência de um povo, com a sobrevivência de uma criatura mística, a escassez de recursos, que te obrigam a repensar a ter de tomar decisões sobre para onde focares, leva várias horas de tentativa e erro.

Irás perder várias aldeias, numa luta que parece sempre desigual. No entanto, é possível personalizar o nível de dificuldade, e atenuar as dificuldades.

The Wandering Village está disponível na Steam e sairá para a Xbox em 2023.


Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para PC, gentilmente cedido pela Stray Fawn Studio.

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